11 de novembro de 2014

Inter 2014: tudo sob controle - SQN

Por Luciano Bonfoco Patussi 
12 de novembro de 2014 

No futebol, nada acontece por acaso. Profissionais e dirigentes que apresentam dificuldades em explicar de modo objetivo o motivo pelo qual sua equipe alcançou determinada vitória ou um título memorável, também jamais conseguirão entender a causa de instabilidades, de derrocadas, de quedas.

O Internacional iniciou a temporada 2011, tendo em seu comando a mesma comissão técnica que, no ano anterior, ancorada na diretoria de futebol que a gerenciava, havia feito “vistas grossas” ao fato de o time ser poupado durante toda a disputa do campeonato brasileiro daquela temporada. Tal fato seria parte do “planejamento” visando disputar o Mundial de Clubes.

Todavia, o “planejamento 2011” foi deixado de lado pouco tempo após iniciada a nova temporada. Foi contratada uma nova comissão técnica, que venceu o campeonato estadual, mas que foi demitida, juntamente com o vice de futebol, após três derrotas sequenciais no certame nacional. É notório que a “convicção diretiva” era algo marcante naquele momento vivido pelo Internacional.

Naquele instante, um novo dirigente, mais próximo ao presidente do clube, assumiu o comando de futebol. A partir daquele momento, o Internacional passou a perder, ano após ano, seu rumo futebolístico! Iniciou-se um ciclo em que o time colorado deixou de ser protagonista, passando a ser apenas um medíocre coadjuvante nas grandes disputas nacionais. Disputar a Taça Libertadores da América passou a ser apenas sonho distante. Fato!

De lá para cá, entre trocas de treinadores, dirigentes e outros fatos mais, o torcedor tem assistido de camarote a situações inusitadas, tais como (apenas para citar algumas):

- Entre tantas “benfeitorias”, a diretoria de futebol do Internacional contratou um novo centroavante. Além de ofertar salário de jogador em nível (?!) de seleção brasileira (local onde sempre passou longe), o clube pagou alguns milhões de reais pela rescisão de contrato deste atleta, para a empresa que detinha seus direitos econômicos e o vinculava a um time do futebol carioca. Ah, se houvesse Fair Play Financeiro no futebol brasileiro... Haja nota oficial!

- Um popular clube paulista, detentor de verbas televisivas avantajadas e de patrocinadores milionários, também teve seus benefícios. Esta agremiação, na ânsia por renovar seu elenco, encontrou no Internacional o suporte necessário para repassar um de seus atletas, que estava afastado. Em troca, ainda recebeu dinheiro do clube gaúcho, por essa transação;

- O maior rival do Internacional, tempos atrás, contratou um zagueiro. Por força de alguns contatos, conseguiu negociar o mesmo com o futebol chinês, mesmo com todos já conhecendo o seu "potencial" técnico e tático. O tempo passou. Foi o momento, então, de o provável campeão brasileiro deste ano errar, ao repatriar o defensor do futebol da China. Todavia, teve tempo e parceiros para corrigir seu equívoco. Contratou bons zagueiros do futebol carioca e paranaense, para formar sua defesa. Conseguiu repassar ao Inter sua contratação equivocada – e ainda deve ter recebido uma considerável verba por tal negociação!

- As renovações contratuais de atletas, em troca de “gratidão”, apenas corroboram a tese de que os jogadores do Internacional atualmente são tratados em patamar acima do clube – o que é equivocado. Renovações contratuais milionárias, para um novo vínculo de três ou quatro anos, são totalmente desnecessárias, pois ninguém pagaria por alguns atletas os valores que o Internacional atualmente oferta. Basta analisarmos os resultados dos últimos anos, para concluirmos se essa linha de pensamento está, ou não, equivocada!

O clube necessita se adequar a novas realidades e precisa ser tratado acima de qualquer jogador e de qualquer interesse! Se todos pensarem assim, tenderemos a evoluir! Caso negativo, viveremos com importante parcela do time campeão da Copa Sul Americana de 2008 ainda dentro de campo, seis, sete e oito anos depois! E os resultados futuros? Bom, isso é outra história...

- Sem necessitar novos goleiros, visto que o elenco do Internacional possui bons e promissores jogadores para a posição, o clube foi ao mercado e contratou um atleta no auge dos seus quarenta anos de idade. Não satisfeito, ainda ofertou absurdamente um contrato de dois anos, permitindo ao mesmo curtir a vida em Porto Alegre “agregando valor”.

O Internacional possui bons jogadores, é verdade! Mas são “jogadores que não fazem time” há anos, dentro desse conjunto! Um bom time de futebol é uma equipe coesa, independentemente de nomes! Nomes e ídolos vem em segundo plano! Chegam ao clube, vencem, faturam de acordo com seus contratos, marcam seu nome na história, "vazam" pela porta da frente e "largam a teta" – esses dois últimos adendos se cumprem apenas se tiverem o chamado "Bom Senso FC" – que inclusive dá nome a um grupo de amigos “líderes” do futebol brasileiro, que “luta pelos anseios (?!) da classe e pela garantia dos seus mais variados direitos”!

Paralelo a isso tudo, o Internacional tem uma comissão técnica que foi contratada equivocadamente. O atual treinador jamais deveria ter sido recontratado pelo Internacional, diante do discurso da diretoria no início de 2014, que era o de renovar o plantel e o time. Era grande a chance de essa política não dar resultado. Alertei sobre isso no início da temporada. Ninguém se contrata sozinho. Atleta e treinador não fazem o planejamento de longo prazo do clube. Não redigem seu próprio contrato. E não assinam o referido documento, se auto vinculando ao clube por três ou quatro temporadas, no auge dos seus 28, 31, 34 ou 40 anos de idade!

Seria extremamente importante o torcedor, de modo geral, fazer uma avaliação do cenário macro, apontando a fundo os problemas reais do clube, verificando as causas que fazem o Internacional, atualmente, parecer o time dos anos 90 no cenário do campeonato brasileiro.

Nos últimos anos, sem exceção, a temporada do Internacional tem terminado sempre entre agosto e outubro, quando determinado atleta do time, em entrevista coletiva, cutuca o maior rival, dizendo que “no lado de lá faltam títulos”. Dada essa entrevista, a cada ano, a casa do Inter cai. A barca afunda! Nesse ano, a entrevista “bombástica” aconteceu em meio a eliminações do Inter para o Bahia e o Ceará. No ano anterior, essa colocação ocorreu pouco antes de o Inter passar a ser cogitado como um dos prováveis rebaixados. Se contentar com essa flauta é pouco, muito pouco! Eu tenho memória! Guardo fatos. Os bons, mas também os ruins! Há quem esqueça um, ou ambos! Eu, não!

Alguns insistem em viver do passado, complicando o presente e obstruindo o futuro. Há cidadãos dessa espécie, inclusive dentro de campo. Mas a culpa não é apenas destes. A responsabilidade maior é de quem dirige. De quem tem o poder. Ou finge mandar em algo.

Eu nunca tinha visto o Internacional levar goleada em Gre-Nal. Era uma criança pequena na última vez que o Inter foi goleado em clássico. Não acompanhava futebol. Não lembro. De 1991 para cá lembro de tudo, e o mais próximo que o Internacional esteve de levar goleada do Grêmio, foi no início dos anos 2000, no Olímpico. O jogo estava 3 a 0, mas Luiz Cláudio e Fábio Pinto ajudaram a salvar o Inter de levar uma chacoalhada que tinha tudo para ser uma goleada histórica, devido à diferença técnica existente entre os times. O placar de 4 a 2 saiu barato!

Pois bem: o time do Inter de 2014, apesar de tetracampeão gaúcho – algo que particularmente considero muito importante – tem batido metas negativas em tempo recorde. Marcas históricas. Eliminações sequenciais. 5 a 0. 4 a 1. Está difícil suportar. Prefiro cobrar agora, enquanto ainda há o que fazer, do que esperar. Infelizmente, parece parte da cultura do futebol gaúcho: para evoluir, ou o time precisa ser rebaixado no campeonato brasileiro  momento em que os sanguessugas abandonam o clube, ou então necessita assistir a uma grande sequência de títulos do rival. Caso isso não ocorra, para muitos, está tudo sob o devido controle. E o tempo vai passando! A casa, caindo! A barca, afundando!

Vivenciei 5 a 2 no Olímpico, 4 a 1 no Beira Rio e o mesmo placar até no Centenário, em Caxias do Sul. Agora, preciso apenas acostumar ao outro lado da moeda. É triste. É a realidade. Eu não fico quieto e conformado com tal situação, não apenas dentro de nossa rivalidade local – onde ser goleado é algo péssimo – mas também com a situação no cenário nacional, onde o Inter é mero coadjuvante há tempos. Quem não quiser, não precisa enxergar. Basta se contentar com os títulos estaduais. Isso é comodismo!

Seguimos assim: dois torcedores protestando contra o time no aeroporto; continuamos aplaudindo chiliques dentro de campo, confundindo isso com raça, sangue, suor e lágrimas; e prosseguimos aceitando friamente "nota oficial" de jogador medíocre, para o qual sócio e torcedor pagam salário milionário! Está tudo bem! Tudo sob controle – SQN!

O fato ocorrido no domingo passado é apenas a ponta do iceberg. O problema todo é o acúmulo de equívocos cometidos durante meses e anos de uma gestão de futebol de acomodações, sem convicções, fadada ao fracasso futebolístico dentro de campo! Tal qual estamos vendo! Excetuando-se o tetracampeonato gaúcho – que é bom e me deixa contente – o que sobrou de bem realizado pelo Internacional, dentro de campo, nesses últimos quatro anos?

E, para os gestores e comandantes de futebol do Internacional, que nunca sabem explicar os motivos pelo qual vencem e nem mesmo entendem o porquê são derrotados, o pensamento exposto no primeiro parágrafo desse texto é bem simples. Pergunto: qual a diferença do Inter e do Grêmio, desde a final do campeonato gaúcho desse ano - vencida pelo Inter por 4 a 1, para os times que entraram em campo no último domingo?

Alguns diriam, "ah, isso é o futebol, não tem explicação". Todavia, a final do campeonato gaúcho apresentou um time gremista que marcava de longe. Sem apertar a saída de jogo. Lento na sua execução. Agir dessa maneira, sem ter muita qualidade técnica individual, contra um time que atua junto há tempos e onde alguns jogadores possuem boa técnica, é suicídio. 4 a 1 pro Inter!

O time do Grêmio, no último domingo, marcou em cima. Não deu espaço. Não permitiu deslocamentos e tabelamentos em proximidade, devido a sua força de marcação. Com isso, também não correu riscos de ser surpreendido, devido à falta de velocidade do time colorado. O Grêmio apostou em organização defensiva com velocidade nas saídas de jogo, contra um time de jogadores relativamente técnicos, porém lento e sem mobilidade, com deficiência na marcação devido à formação de seu meio campo. 4 a 1 pro Grêmio!

Então, qual a diferença do Gre-Nal decisivo do campeonato estadual, para o jogo do último domingo? O Grêmio. Sua postura mudou. E o Inter? Foi o mesmo! Vem sendo o mesmo há quase meia década!

10 de junho de 2014

Luto: Fernandão eterno!

Por Luciano Bonfoco Patussi
10 de junho de 2014

Fernandão foi futebolista de grande liderança, boa técnica e inteligência tática acima da média. Foi um jogador que atuava como centroavante, mas também como segundo atacante, vindo de trás, e era altamente capacitado para armar jogadas no meio de campo. Na final do Mundial de Clubes de 2006, jogou defensivamente, em favor do time, para dar ao Inter a chance de derrotar um adversário tecnicamente superior. Demonstrou qualidade e empenho. Terminou campeão, contra o poderoso Barcelona!

Precocemente, o capitão daquelas conquistas partiu. Rumou para outra dimensão! Foi para aquele lugar onde, entre 1980 e 2005, várias gerações de apaixonados torcedores colorados sonhavam que era possível chegar: ao infinito! Onde juntos chegamos, em 2006!

A imagem daquela taça sendo direcionada por Fernandão, ao infinito, jamais será esquecida! Foi o coroamento de um grande trabalho realizado pelo clube naquela época! Mais do que isso, foi a realização de um sonho de milhares de torcedores!

Agradecimento eterno ao Fernandão, capitão do Internacional nas conquistas da Copa Libertadores da América e do Mundial de Clubes de 2006. Muita força para sua família: pais, esposa e filhos! A dor da perda para entes queridos e próximos é irreparável e, por mais que possamos tentar, não há palavras que possam sufocar esse sentimento!

Muita força para todos!

Relembro agora o texto que escrevi em outra despedida. Aquela, bem menos dolorosa! Um resumo da passagem de Fernandão, representando o Internacional dentro de campo, o que fez sempre da melhor maneira possível:


Saudações! Luto!

14 de abril de 2014

É tetra! Inter 4 x 1 Grêmio

Por Luciano Bonfoco Patussi
14 de abril de 2014

Estupenda e avassaladora. Avaliando o clássico de ontem, assim podemos dizer que foi a atuação colorada sobre seu maior rival. Um título que inunda, de alegria e orgulho, o coração do torcedor alvirrubro. O Internacional é tetracampeão gaúcho, alcançando a marca de 43 títulos estaduais, com vantagem de 7 taças em relação ao seu maior adversário. Particularmente falando, sou o típico torcedor que não renega as origens. Sigo sempre valorizando o título estadual alcançado pela equipe que torço, e jamais farei como alguns incoerentes que desprezam o título local ao serem derrotados, mas que extravasam em pura alegria ao saírem vitoriosos.

Ponto positivo: talvez daqui há algumas décadas, se tenha a real noção do êxito obtido pelo clube do Beira Rio. Há treze anos o Internacional ganha, no mínimo, um título oficial por ano. Seja estadual, continental ou mundial. Posso estar equivocado, mas não há clube do futebol brasileiro que tenha obtido essa sequência de títulos em sua história. Tempos atrás, épocas difíceis, década de 1990, o Inter ganhava uma taça a cada dois ou três anos. Os tempos mudaram e isso causa imensa alegria no seu torcedor!

Entretanto, a partir de agora, é preciso buscar constante evolução para voltar ao patamar de competitividade em nível nacional e, posteriormente, internacional! Fato notório, isso anda esquecido nas últimas temporadas! Todos os torcedores desejam ver agora, na prática, como será feita a condução da gestão de futebol do clube, já a partir do próximo final de semana, quando o Internacional irá encarar o Vitória, na estreia do campeonato brasileiro.

Parabéns à toda a nação de milhões de torcedores colorados. Aos atletas. Integrantes da comissão técnica e da diretoria do Internacional. 13 de abril de 2014. Estádio Centenário, em Caxias do Sul: Internacional 4 x 1 Grêmio.

Internacional, tetracampeão gaúcho: 2011, 2012, 2013 e 2014!

7 de abril de 2014

A primeira pintura: Inter 2x1 Peñarol

Por Luciano Bonfoco Patussi
07 de abril de 2014

A inauguração do estádio Beira Rio, ocorrida em 1969, foi evento de impressionante magnitude e extrema força popular. O gol do jovem centroavante Claudiomiro, contra o esquadrão português do Benfica, foi o primeiro marcado na história do novo estádio.

Aquele momento foi um marco na existência do Internacional. Mas jamais teria ocorrido se o clube não tivesse uma rica e recheada história. O clube completava 60 anos de existência. E tinha agora um estádio com enorme capacidade de público.

Pois foi justamente no aniversário de 105 anos do Internacional que outra festa inesquecível marcou a reabertura do Beira Rio. Agora remodelado. Moderno. Belo e imponente. Foi um evento que merece aplausos de pé, tanto para seu talentoso idealizador, quanto para a direção do clube. Acertaram em cheio no planejamento e na execução. "Deram no meio" do coração do torcedor!

O jogo de reabertura oficial foi disputado contra o tradicional Peñarol. Em uma jogada individual, logo no início da partida, D'Alessandro foi puxado pelo defensor do time uruguaio. Falta marcada. Nas cadeiras, silêncio e expectativa.

D'Alessandro partiu para a cobrança. Assim como Valdomiro fez em 1975, colocando a bola na cabeça de Figueroa. Ou então da forma com que o mesmo Valdomiro acertou o travessão em 1976, fazendo a redonda ultrapassar a linha do gol, confirmando a alcunha de o Inter ser o Melhor Time do Mundo naquela época. 

A falta foi cobrada. A bola saiu dos pés de D'Alessandro. Passou sobre a barreira uruguaia. Uma curva perfeita. Após deslizar na trave esquerda do arqueiro adversário, a esférica repousou na rede. Parecia estar com saudade daquela rede! Uma bucha. Um gol que Falcão, um dos maiores gênios da história do futebol mundial, assinaria embaixo! Se ouviu uma explosão. Muitas outras virão!

Assim como novos craques surgirão. Talentos brotarão e deixarão sua marca na história do clube e no coração de todos os principais protagonistas: os torcedores do Clube do Povo do Rio Grande do Sul!

6 de abril de 2014

O retorno de um gigante


Por Luciano Bonfoco Patussi
06 de abril de 2014

Torcedor (a) colorado (a),

Para saberes a real dimensão do evento ocorrido na noite de 5 de abril de 2014, em Porto Alegre, procures analisar todo o contexto, mas de modo com que a paixão clubística fique por alguns segundos em outra dimensão, por mais difícil que seja agir desse modo. Se posicione de maneira diferente. Inteligente. Você está em casa, em frente ao televisor, assistindo evento semelhante, produzido por um clube adversário, de qualquer outra região do território nacional. 

É difícil, mas vamos lá! Feche os olhos. Relembre as imagens que você viveu nesse dia. Imagine elas numa tonalidade de cores variada, com ídolos de outros clubes, na inauguração ou reabertura de um estádio adversário, emocionando seguidores de uma agremiação pela qual você não torce. Mitos desses times, em campo, encontram diferentes gerações. O espetáculo musical é variado, valorizando passagens históricas. Momentos de alegria, e outros nem tanto, são expostos em atos que lembram épocas distintas. Nada é escondido ou renegado! Situações complicadas são tratadas com inteligência e, até mesmo, bom humor. Bem como deve ser o futebol. Você aplaudiria o espetáculo em questão. Independentemente de quem fossem os protagonistas. Teria sido algo histórico, qualquer que fosse o time em questão.

Então, finalmente, abra os olhos. Deixe o vermelho iluminar sua retina e inundar sua memória, voltando à realidade, pois a festa de verdade foi toda sua! Lágrimas correrão na proporção de uma nascente, tal qual um rio, pois ressurgiu a tua casa, o velho e novo Beira Rio!

Torcedor colorado. Torcedora colorada. Podes te orgulhar. Os diretores do espetáculo fizeram uma promessa. Há meses, faziam alusões sobre situações que ocorreriam no festival que estava por vir. Em minha opinião, eles superaram as expectativas! Foi histórico. Emocionante. Emblemático. Algo que jamais será esquecido. Nota 10. Incomparável! É o retorno de um gigante de concreto erguido sobre as águas!

Obviamente, preciso registrar minha parabenização à todos os envolvidos: diretores do festival, participantes do evento e diretoria do Internacional. E, é claro, parabéns à todos vocês, Os Protagonistas!

Obrigado à todos pela dimensão proporcionada através de um espetáculo recheado de pura emoção!

04 de abril de 2014 - Aniversário de 105 anos de protagonismo do torcedor colorado.

05 de abril de 2014 - Festival de reabertura de um gigante erguido sobre as águas.

06 de abril de 2014 - Aniversário de 45 anos do estádio Beira Rio. Internacional e Penãrol em campo!

30 de março de 2014

Final na Arena: Grêmio 1 x 2 Inter

Por Luciano Bonfoco Patussi
30 de março de 2014

Para o torcedor do Internacional, foi de tirar o fôlego! O Gre-Nal deste domingo foi o 400° clássico da história. O time tricolor era favorito, conforme opinião de boa parcela da mídia esportiva local. A equipe alvirrubra ainda possui muitas questões e ideologias de futebol a serem revisadas, em minha opinião, e creio que essa é, também, a visão de outros torcedores. Os primeiros quinze minutos de jogo foram eletrizantes. Jogo aberto, diferente de um típico Gre-Nal. O Internacional saiu perdendo. Virou a partida no segundo tempo. Foi o vencedor dentro da Arena adversária.

Fato é que o campeonato gaúcho não está decidido. Longe disso! Faltam ser jogados noventa minutos de mais um grande e difícil jogo que vem pela frente. Porém, a vantagem inicial existe, devido ao placar obtido no jogo de hoje. É preciso saber trabalhar com esse fator. A grande final será disputada no domingo, dia 13 de abril. O campo de jogo ainda segue indefinido. Será outro jogo, uma nova história. Ao Internacional, bastará vitória, empate ou placar de 1 a 0 para o adversário.

Inegável e notório é, no entanto, a alegria colorada neste domingo. Em 400 clássicos na história, a vitória de hoje foi a de número 150 do Internacional. O empate prevaleceu em 125 oportunidades, mesmo número de vitórias do Grêmio.

Fiz algumas anotações no decorrer da partida de hoje e, através delas, elaborei avaliação sobre a atuação de todos os jogadores, de ambos os times. Abaixo, descrevo as conclusões que tive sobre a participação dos jogadores do Internacional no clássico:

Dida: levou um gol, onde Barcos cabeceou sozinho no meio da área. Praticou difícil defesa em chute de Riveros. Foi seguro nos demais lances em que foi exigido. Nota 7.

Gilberto: procurou apoiar com intensidade, principalmente na primeira etapa. Razoável defensivamente. Nota 7.

Paulão: obteve imposição física e demonstrou bom posicionamento na grande maioria dos lances. De modo geral, teve boa atuação. Nota 8.

Juan: atuação razoável. Deixou o campo no intervalo, para a entrada de Ernando. Nota 7.

Fabrício: primeiro tempo com dificuldades defensivas, devido a postura tática do time como um todo. Melhorou no segundo tempo com o reposicionamento da equipe. Fez cruzamento para a marcação do segundo gol colorado. Nota 7.

Willians: novamente, eficiente na marcação, cumprindo bem o seu papel defensivo. Também procurou aparecer na frente apoiando a linha ofensiva, quando foi possível. Nota 8.

Aránguiz: atuação de suporte defensivo no primeiro tempo. Posicionado de forma mais adiantada na segunda etapa, foi fundamental no apoio de todo setor ofensivo. Fez cruzamento perfeito para o primeiro gol da equipe. Teve muita movimentação e intensidade. Nota 9.

D'Alessandro: cadenciador, dentro da sua característica de muita técnica individual, foi visado pela marcação adversária, como de costume. Ao segurar um lance, perdeu a posse de bola, em lance que originou o gol em contra ataque do time rival. Atuação importante pela experiência acrescida, enervando os adversários. Mas apenas razoável, dentro de um contexto geral. Nota 7.

Alex: na segunda etapa, revezou com Aránguiz no apoio ofensivo. Também teve atuação individual favorecida pela mudança de postura da equipe no segundo tempo. No primeiro gol colorado, deu passe primoroso para Aránguiz efetivar o cruzamento derradeiro. Nota 8.

Jorge Henrique: esforçado, mas com atuação abaixo do esperado, tecnicamente e taticamente falando. No primeiro tempo, a frente de quatro jogadores ofensivos do Internacional, da qual fazia parte, não compôs defensivamente, fato que fez o Inter defender apenas com seis jogadores em determinados momentos. Saiu do time no intervalo. Nota 4.

Rafael Moura: foi com dois gols seus, marcados de cabeça após receber dois preciosos cruzamentos dentro da pequena área, que o Internacional fez história na Arena, alcançando sua primeira vitória no estádio rival. Nota 9.

Ernando: substituiu Juan no intervalo da partida. Teve atuação segura na zaga. Nota 7.

Alan Patrick: entrou no lugar de Jorge Henrique, também no intervalo. Ajudou a equipe com maior movimentação e suporte defensivo. Acertou passes. Junto com Aránguiz, apoiou o time de modo incansável nas transições de chegada ao ataque. Nota 9.

Ygor: adentrou o gramado aos 35 minutos do segundo tempo, substituindo Alex. Foi seguro e ajudou o sistema defensivo. Esteve pouco tempo em campo para ter a atuação avaliada com uma nota.

Abel Braga: devido a sua participação na leitura desse jogo e na mudança de posicionamento do time, é preciso reconhecer e dar nota, principalmente pelo que foi alterado no segundo tempo da partida. Nota 9.

De um modo geral, vimos um jogo aberto desde o início. Até os 17 minutos, Grohe fez duas excelentes defesas. Dida fez uma, sendo que dois minutos antes, o Grêmio marcou seu gol. O jogo esfriou em chances claras. O Grêmio, após obter vantagem no placar, passou a esperar as ações coloradas. O Inter procurava ficar com a bola mas sedia alguns contra ataques para o Grêmio. Após o intervalo, o panorama do jogo foi outro.

Aliado a entrada de Alan Patrick e ao reposicionamento de Alex e Aránguiz, fatores que melhoraram o rendimento de todo o time colorado no segundo tempo, o Grêmio teve a saída de Dudu, aos vinte e cinco minutos. Com isso, perdeu ainda mais o potencial de velocidade na chegada à frente. Com toque de bola, então, o Internacional passou a dominar as ações no decorrer do jogo. Empatou aos oito minutos. Virou aos vinte e sete. Teve outras chances de chegar à frente e marcar. As chances de gol do time tricolor escassearam. O Inter segurou o jogo. Tocou a bola. Sofreu faltas e parou o jogo. Venceu um difícil confronto com muita autoridade.

27 de março de 2014

Internacional 3 x 0 Caxias: colorado avança à decisão estadual

Por Luciano Bonfoco Patussi
27 de março de 2014

O Internacional obteve a classificação para a final do campeonato gaúcho de 2014. Na semifinal da noite de ontem, disputada no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, o time alvirrubro venceu o Caxias por 3 a 0, tendo uma atuação de nível aceitável, dentro da realidade imposta pelo atual certame regional.

Durante a partida, anotei dez conclusões do Internacional contra o gol adversário, fator que chamou a atenção positivamente. Em breve avaliação individual do elenco que atuou ontem, enumero as avaliações de modo resumido - exclusivamente sobre a referida partida semifinal:

Dida: não exigido no primeiro tempo. Seguro na segunda etapa. Nota 7.

Gilberto: apoiou o ataque. Deu assistência para o primeiro gol. Nota 7,5.

Paulão: atuação dentro de minha expectativa. Nota 6.

Juan: experiência e qualidade técnica na orientação da zaga. Nota 7,5.

Fabrício: idem ao Paulão. Nota 6.

Willians: forte marcador no meio de campo. Nota 8.

Aránguiz: bem na movimentação e na cobertura. Razoável no apoio ao ataque. Nota 8.

D'Alessandro: muito bem no primeiro tempo, dando assistência para o segundo gol e iniciando a jogada do primeiro. Cadenciador na segunda etapa. Nota 8.

Alex: marcou um golaço. Procurou movimentação no meio de campo. Nota 6,5.

Jorge Henrique: assistência para o terceiro gol. Nota 6.

Wellington Paulista: marcou dois gols. Procurou se movimentar e dar opções ao ataque. Nota 8.

Ygor, Ernando e Alan Ruschel: atuaram cerca de quinze minutos. Injusto seria atribuir uma nota, devido ao tempo de amostragem insuficiente.

No domingo, dia 30 de março, o Internacional voltará à Arena, para disputar a primeira partida da final do campeonato gaúcho de 2014, contra o Grêmio. O jogo terá início às 16 horas.

26 de março de 2014

Inter: estruturas temporárias, reabertura do estádio e a filosofia de futebol

Por Luciano Bonfoco Patussi
26 de março de 2014

ESTRUTURAS TEMPORÁRIAS DA COPA DO MUNDO

Tinha plena convicção de que, politicamente, ocorreria a aprovação da isenção fiscal para as empresas que venham a patrocinar a aquisição das estruturas temporárias para a Copa do Mundo da FIFA. E digo mais: nessa questão, a direção do Internacional agiu da mesma forma que eu faria, se fosse o presidente do clube. O problema todo ocorreu lá no distante 2007, quando a presidência da república assumiu a responsabilidade pela realização do campeonato mundial. Oito cidades eram suficientes, mas para haver maior "investimento" no país, o Brasil implorou que fossem escolhidas doze sedes. A FIFA aceitou. As cidades passaram a lutar por sua vaga entre as escolhidas. Porto Alegre foi uma das vencedoras dessa disputa. E sequer precisou construir um estádio novo, como a maioria das outras capitais estaduais. Ou seja, se tiver que haver Copa em Porto Alegre, o custo de estruturas temporárias não poderia ser paga pelo Internacional. E nem mesmo pelo Grêmio, caso os jogos ocorressem no estádio rival. A prefeitura e o governo do estado, que desejavam receber jogos do torneio, não precisarão arcar com os custos da construção de um novo estádio municipal ou estadual. Então, que assumam suas responsabilidades, assim como as demais sedes, sem "grenalização"!

REABERTURA OFICIAL - O NOVO BEIRA RIO

Tenho enorme expectativa sobre a festa que o Internacional realizará na reabertura de seu estádio, no próximo dia 5 de abril. O Peñarol foi convidado para o jogo festivo que ocorrerá no dia seguinte, em 6 de abril. A curiosidade é que os Carboneros, alcunha do Peñarol no Uruguai, já marcaram presença no festival de inauguração do estádio, em 1969, quando o Internacional venceu o confronto por 4 a 0. Já no Torneio 25 anos do Beira Rio, ocorrido em 1994, o clube uruguaio também esteve presente. O Internacional lhe derrotou na semifinal por 2 a 0, e foi campeão do torneio após golear por 4 a 0 a seleção nigeriana, que eliminou o Grêmio na outra semifinal.

FALCÃO

Falcão é o maior craque já surgido no Internacional. Ídolo colorado, da Roma, da seleção brasileira e até mesmo do São Paulo, onde encerrou a carreira de futebolista profissional. Jogador de elegância e técnica apuradíssimas. Atleta que comandou a "seleção colorada" dos anos da década de 1970. Causa estranheza quando, nos anúncios publicitários da festa de reabertura do Beira Rio, verifico a falta da imagem de Falcão, o maior protagonista do estádio dentro de campo. Será ele o convidado especial? Haverá uma grande surpresa reservada para o maior ícone de todos os tempos do Beira Rio? A falta de Falcão nos anúncios da festa é uma tentativa de despistar uma provável homenagem especial, ou ele será simplesmente alçado ao mesmo patamar de outros jogadores comuns da era Beira Rio? Essa é uma pergunta que me faço diariamente! Espero que uma grande e agradável surpresa seja divulgada no dia da festa!

ESTÁDIO DA ROMA

Em tempo, Falcão foi convidado e esteve presente já no evento de anúncio da construção do estádio que a Roma erguerá na capital italiana. Mito do futebol!

ARENA DO PEÑAROL

O Peñarol lançou a pedra fundamental para a construção de um estádio próprio, em Montevidéu. Será uma moderna arena, com capacidade para aproximadamente 40.000 torcedores. Não tenho informações sobre a previsão de inauguração, nem mesmo como está o patamar de andamento do empreendimento. Diante do histórico da presença do Peñarol em festividades no Beira Rio, será o Internacional convidado, para entrar em campo no primeiro jogo do estádio mais moderno que promete surgir no futebol uruguaio?

TEÓRICA INOVAÇÃO NA FILOSOFIA DE FUTEBOL

Diante da atual conjuntura apresentada há alguns anos na gestão de futebol do Internacional, minha opinião segue imutável. O clube precisa imediatamente aproveitar os seus jogadores novatos. Será dentro do gramado que os atletas da base desenvolverão seu futebol e ganharão destaque, não apenas sendo negociados com outros clubes, para festejos do departamento financeiro, mas também com o intuito de colaborar em campo, agregando ao time vigor, talento técnico, capacidade de improviso, velocidade objetiva, entre outros pontos. São eles, os jovens do Celeiro de Ases, mesclados com pontuais jogadores de maior experiência, que possibilitarão ao time colorado voltar a figurar em um patamar de grandes competições, com chance real de obtenção de título em todos os torneios que disputar.

Na semana passada, Mauro Galvão concedeu entrevista para um programa televisivo, onde comentou o motivo de ter optado por jogar nas categorias de base do Internacional na década de 1970. Em outras palavras, o memorável zagueiro citou que não continuou na base do Grêmio, pois era filosofia tricolor naquela época apostar em jogadores "cascudos", ou seja, naqueles que vinham de fora do clube, já na faixa dos trinta anos de idade. A opção foi acertada, pois da base do Internacional, o talentoso Mauro Galvão logo ascendeu ao time profissional, onde foi campeão brasileiro invicto em 1979, com apenas 17 anos de idade. Isso em um time onde, segundo o próprio entrevistado, tinha entre seus principais jogadores, atletas oriundos da base, tais como Falcão, Batista, Jair, entre outros talentos.

Porém, reafirmo minha convicção. Os jovens talentos não podem ser simplesmente lançados em um time sem estrutura, em meio a grandes competições. A aposta nos jogadores da base precisa ser feita em um início de temporada e com muito critério. Em 2013, o Internacional capengava em campo, com atletas que possuem anos de seu currículo jogando no Beira Rio. Era o máximo que aquele time poderia apresentar, ainda mais com o Beira Rio interditado para jogos, devido às obras. Após algumas derrotas, a diretoria extinguiu a competente comissão técnica, encabeçada por Dunga e Paulo Paixão. Erro! O time, que era limitado, ainda figurava na famosa primeira página da tabela de classificação do certame. Foi então Clemer Silva quem resolveu apostar nos jovens, em um time bastante desestruturado e sem recursos, e que só degringolava no campeonato brasileiro. Novo equívoco! Culpa de Clemer Silva? Dos jovens? Não! Culpa do planejamento, que vem da diretoria. Que escolhe nomes sem convicção. E os demite sem critério tão logo o andamento não vai de acordo com a mágica imaginação de quem faz futebol no clube. Em 2013, o Internacional fez tudo ao contrário do que manda a cartilha de uma boa gestão de futebol. Só poderia resultar em "quase" rebaixamento dentro de campo!

Em 2014, tudo seria diferente. Teoricamente. O clube apostaria nos talentos formados na base, de forma criteriosa e dando confiança para os jovens de potencial diferenciado - Otávio, Murilo, Andrigo, Leandro, Bertotto, Valdívia, Bruno Gomes, Augusto, entre outros. Porém, o Internacional contratou Abel Braga, um treinador vencedor, mas que tem perfil profissional contrário à filosofia desejada. A direção determinou um perfil, e contratou um técnico que trabalha com outra metodologia. Erro de avaliação! Ficam os registros. O Internacional tem talentosos jogadores no seu elenco. Precisa aproveitá-los na equipe principal, para qualificar o futebol apresentado e maximizar o seu potencial nas competições de maior nível técnico que vem pela frente! Se não trabalhar desta maneira, a tendência é o torcedor colorado vivenciar um novo 2013. Mas agora sem o potencial de Rodrigo Moledo, Fred e Damião, e com os substitutos que entram em campo com a "confiança" do treinador.

CAMPEONATO GAÚCHO - SEMIFINAL

À partir das dez horas da noite de hoje, o Internacional adentrará o gramado do Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, para enfrentar o Caxias, em partida única válida pela semifinal do campeonato gaúcho de 2014. O Clube do Povo lutará para chegar a decisão do certame estadual, em busca da obtenção do difícil tetracampeonato gaúcho. Estou entre os que, apesar de reconhecer a necessidade de mudanças urgentes no calendário, valoriza muito a conquista de um campeonato estadual! Títulos alegram, fazem bem ao ego do torcedor e, enquanto colorado, o que mais posso é torcer pelo tetracampeonato estadual vermelho em 2014. Para alegria de milhões, e tristeza de tantos outros!

14 de março de 2014

S. C. Internacional: aproveitamento insuficiente dos talentos da base

Por Luciano Bonfoco Patussi
14 de março de 2014

O Internacional é um clube que tem na sua essência o fato de ser formador de atletas. "Celeiro de Ases" inclusive dá nome ao hino oficial da instituição, enfatizando a característica enraizada nas tradições do clube. Nas últimas temporadas, inúmeros jogadores formados e revelados no Internacional foram fundamentais para o time.

Luiz Adriano, Rafael Sóbis, Alexandre Pato, Nilmar, Taison, Fred, Oscar, Giuliano, Leandro Damião, Sandro e Rodrigo Moledo. Esses nomes da história recente do clube apenas comprovam o potencial institucional na revelação de jogadores que possuem grande talento. Todos foram formados, ou revelados, pelo Internacional. Favoreceram o elenco em importantes conquistas nas últimas temporadas, além de beneficiarem as finanças do clube ao serem negociados com outros mercados.

Após a grave crise técnica ocorrida novamente ano passado, entre tantos fatores causadores, relevante foi o fato de o Internacional ter findado o campeonato brasileiro na medíocre "segunda página" da tabela de colocação do certame - como disse um diretor de futebol na época. Mudanças foram prometidas pela diretoria. Haveria maior fomento ao adequado aproveitamento das categorias de base. Teoricamente.

Para comandar essa nova mentalidade, a diretoria do Internacional contratou Abel Braga. Que chegou ao clube apresentando para a mídia um discurso divergente em relação ao proposto pelos gestores. Além dos jogadores que possuem contratos pomposos em vigor com o Internacional e que já estão na "segunda página" de suas carreiras futebolísticas, o "novo" comandante referiu publicamente que seria interessante voltar a trabalhar com Edinho e Rafael Sóbis.

Ambos são bons jogadores, em minha opinião. Mas já passaram pelo clube. O discurso adotado era de mudança. A política "mais do mesmo" faria parte do passado. Era momento de inovação. Entretanto, o comandante escolhido pela diretoria, embora competente e vencedor, não tem este perfil, em minha humilde opinião. E isso já está se refletindo no gramado. Não nos resultados, ainda. Mas na configuração do time e também na dinâmica e na potencialidade apresentada em campo.

Contra o Remo, em goleada aparentemente incontestável na estreia da Copa do Brasil, nenhum jogador da categoria de base atuou desde o início da partida. Fato que vem ocorrendo desde o início da temporada. Os talentosos e promissores jogadores atuam apenas alguns minutos entrando no decorrer dos jogos, ou então fardam desde o início, mas em meio a reservas que jogam sem o mesmo ritmo dos "aclamados" titulares.

Ao final de 2013, o Internacional foi campeão brasileiro da categoria sub 20. Acompanhando o torneio, observei pelo menos cinco jogadores com potencial para aderir imediatamente ao grupo principal colorado e crescer gradativamente. Com potencial sendo desenvolvido, estes jogadores acrescentariam qualidade ao time e cresceriam enquanto profissionais.

Mas, "e se" a entrada destes jovens na equipe não correspondesse a expectativa, de maneira imediata? Não haveria problema, pois os resultados não seriam tão diferentes do que o produzido pelo clube nos últimos três anos. E a solução seria bem menos custosa, mais motivadora e mais promissora.

Otávio é outro exemplo: ano passado, foi um entre dois destaques individuais em meio a crise, mas hoje passa a impressão de estar esquecido por Abel Braga, que retornou ao clube com alguns de seus titulares previamente eleitos, respaldando uns publicamente, em detrimento de outros até mais talentosos. Atletas como, por exemplo, Andrigo, Leandro, Murilo, Bruno Mendes e Aylon, entre outros, que teoricamente passariam a ter melhores oportunidades, seguem na sombra de velhos ídolos, de titulares contestáveis e de seus reservas com limitada categoria técnica.

Os mais promissores jogadores do Internacional, citados no parágrafo anterior, se encaixariam perfeitamente nas posições que o clube mais necessita atualmente. Seriam suficientes para tentar uma mudança na mentalidade de futebol praticada pelo clube, buscando tornar a equipe novamente competitiva em alto nível de exigência. A matéria prima está em casa, sendo possível com ela sanar as posições mais carentes. Falta a devida e correta utilização.

Sou contra radicalizações. Mudanças precisam ser gradativas. Mas há momentos de exceção. A diretoria do Internacional anunciou esta mudança já para o início da temporada de 2014. Escolheu o comandante para a empreitada. Equivocadamente, em minha visão, considerando a nova filosofia defendida.

O que vemos, até então? Um time sobrando tecnicamente nos primeiros meses do ano, disputando o campeonato estadual de forma inigualável. Apresentando o mesmo futebol e a mesma dinâmica de jogo ocorrida em 2011, 2012 e 2013.

Fiquei um período sem emitir opiniões relativas ao Internacional, desde o ano passado. Não gosto de passar a imagem de "corneteiro", aquele que critica tudo, sempre. Aliás, meu histórico comprova que sou adepto a questões relativas ao "Clube do Povo". Assim sigo.

De maneira mais contundente, volto agora a opinar, logo após uma vitória aparentemente avassaladora. É a melhor forma de registrar as observações feitas ao longo do tempo e as ideias de planejamento adotado por gestores de futebol do clube nos últimos anos.


13 de março de 2014

Estreia colorada na Copa do Brasil: Remo 1 x 6 Internacional

Por Luciano Bonfoco Patussi
13 de março de 2014

Há alguns aspectos relevantes a serem observados na estreia do Internacional na Copa do Brasil de 2014. A goleada por 6 a 1 contra o Remo, ocorrida em Belém na noite desta quarta feira, classificou o time colorado diretamente para a próxima etapa da competição. Isso foi o mais importante.

Porém, é imperioso destacar que o gramado do estádio Mangueirão não apresentava condições mínimas para possibilitar a prática esportiva em alto nível. Todavia, a precisa observação das últimas três temporadas não permite ao clube, nem mesmo aos ídolos de boa parcela de seu torcedor, utilizar este fator como desculpa para apresentação de futebol insuficiente e falta de planejamento. É preciso provar muito, ainda! Acho importante destacar isso após uma vitória incontestável, para não ser taxado de oportunista no caso de divulgar minha ideia apenas após uma derrota.

O jogo de ontem foi desparelho. O Clube do Remo, em minha avaliação, tomando como base sua história e popularidade dentro do futebol, é um clube representativo do futebol nacional. Isso causou boa expectativa para o jogo de ontem à noite. Entretanto, o time de futebol que representou os paraenses em campo não fez jus à tradição do clube. O Internacional foi soberano nas ações.

Registro convicção que tenho, para jogos futuros e com maior exigência: o meio campo de um time altamente competitivo não pode ter escalado junto jogadores como D’Alessandro (ausente ontem), Alex e Alan Patrick na linha de frente. Dois deles, ou até os três citados, tornam o time lento na execução. Equipes com características modernas atacam com técnica, mas também com velocidade e objetividade.

Sobre a atuação de ontem, segue minha avaliação:

Dida – Pouco exigido. Esteve seguro. Nota 6.

Gilberto – Apoiou bastante e procurou composições pela direita. Belo desarme e assistência no segundo gol do time. Destaque, juntamente com Willians e com os gols de Rafael Moura. Nota 8.

Paulão – Sofreu no primeiro tempo com a velocidade de Thiago Potiguar. Falhou no gol do Remo. Não teve a devida cobertura do meio campo para o apoio de Gilberto. Nota 5.

Ernando – Razoavelmente bem no posicionamento e na bola aérea. Nota 7.

Fabrício – Falhou tecnicamente nos cruzamentos pela esquerda. Abriu o placar com bonito gol. Nota 6.

Aránguiz – Sofreu o pênalti, convertido de maneira precisa, marcando o quarto gol do time. Muita movimentação, vindo de trás, tentando imprimir velocidade e objetividade ao setor de criação. Nota 7.

Willians – Na média, esteve bem na marcação, inclusive apoiando Aránguiz na tarefa de empurrar o meio campo à frente. O melhor desempenho no jogo, pela regularidade. Nota 8.

Alan Patrick – Jogando pela direita, procurou criar espaços se movimentando, mas sem muita efetividade. Uma bela cobrança de escanteio resultou no gol de Fabrício. Nota 6.

Alex – Procurou participação. Tentou se movimentar, marcar e aparecer para tabelar. Marcou um golaço de falta, o quinto da equipe. Mesmo com potencial, tecnicamente foi abaixo da média. Nota 4.

Jorge Henrique – Grande arrancada pela esquerda, no início do segundo tempo, jogada que resultou no terceiro gol colorado. No mais, apenas tentou imprimir velocidade. Nota 5.

Rafael Moura – Sem marcação fixa sobre ele, teve três conclusões claras. Conseguiu dois gols. Um deles, golaço com categoria, fechou o placar. Nota 7.

João Afonso – Entrou no meio campo, tentou apoiar na criação, mas não teve muito tempo para desempenhar papel de destaque. Nota 6.

Sasha – Pouco tempo e participação em campo para dar uma nota. Baixa, poderia ser injusta e causar avaliações indevidas. Sem nota.

Wellington Paulista – Idem ao Sasha. Sem nota.


OBSERVAÇÃO FINAL – Willians pela esquerda e Aránguiz pela direita levavam o time à frente, inclusive trocando de setor por algumas vezes, buscando infiltração na marcação rival. Como volantes e também criadores, acabaram prejudicados pela ineficácia da linha posicionada mais a frente no meio campo. Inclusive, em seus avanços constantes, deixaram alguns espaços na defesa. Paulão foi prejudicado, pois em duas oportunidades, ficou sozinho com o adversário, sem a devida cobertura. De um modo geral, a partida serviu para essa avaliação, em minha singela opinião. Além de confirmar a vaga em jogo único.


13 de fevereiro de 2014

Solidariedade ao ídolo Tinga

Por Luciano Bonfoco Patussi
13 de fevereiro de 2014

Caros leitores,

Seria uma tremenda insensibilidade não lamentar o episódio vivido pelo meio campista Paulo César Tinga, vítima de racismo escancarado ao entrar em campo pelo seu atual clube, o Cruzeiro de Belo Horizonte, em jogo válido pela Copa Libertadores da América, contra o Real Garcilaso, no Peru.

Desclassificar o referido time da competição seria a punição mínima que a Confederação Sul Americana deveria, pelo menos, avaliar. Embora eu tenha a convicção de que, em pouco tempo, a própria natureza do futebol venha a tratar deste tema, talvez ainda na fase de grupos do torneio.

Não cabe aqui relatar novamente detalhes do ocorrido. As imagens, entrevistas e vídeos, disponíveis na Internet e nas redes televisivas na data de hoje, falam por si só.

O intuito do relato que descrevo através de humildes frases é, única e exclusivamente, prestar apoio e solidariedade a um jogador que, em minha visão, é um dos maiores ídolos da história do Sport Club Internacional.

Tinga foi o presente de natal que os torcedores colorados receberam ao final de 2004.

Sua contratação foi o que impulsionou, no coração dos alvirrubros, a vontade de voltar a vencer, mas desta vez com a convicção de que vitórias seriam possíveis. Há muito tempo, o Internacional não tinha no elenco um jogador do porte de Paulo César Tinga.

Em 2005, o atleta esteve presente no lance que representou a maior injustiça do futebol naquela temporada. O pênalti não marcado, em conjunto com a equivocada expulsão da qual Tinga foi vítima em uma decisiva partida contra o Corinthians, é imagem que invade até hoje as redes sociais e a mente dos torcedores de futebol em boa parte do Brasil, embora alguns esqueçam!

Tempos depois, na final de Copa Libertadores de 2006, o atleta voltou a ser expulso de campo. Injusto ou não, o fato é que ele ergueu a camisa num ato de explosão, e esta ação fez com que fosse vitimado com a exclusão da partida. Esta punição veio segundos após a glória máxima, obtida com a marcação do gol que deu o título da América ao Internacional pela primeira vez. Gol de Tinga! Tinga estava, definitivamente, com seu nome escrito na história colorada!

O mais enigmático é que ambas as expulsões referidas acima ocorreram em lances onde não houve violência nem desrespeito para com colegas de profissão. Uma foi totalmente injusta, um equívoco de arbitragem; outra, foi uma questão de interpretação, mas que apenas deu maior carga de dramaticidade a um título que o Internacional perseguia há anos. Expulsões e injustiças que jamais derrubaram Paulo César Tinga!

Antes disso tudo, Tinga foi formado como jogador no Grêmio, time onde também mostrou muita qualidade técnica, carisma e caráter, sendo campeão do Brasil em 2001.

Saiu do Internacional para ser idolatrado e respeitado no tradicional e popular Borússia Dortmund, da Alemanha.

Em 2010, tinha duas propostas para voltar ao futebol brasileiro. Optou pelo Internacional, mesmo com salário menor do que o ofertado pelo clube que concorria pelo seu futebol.

Naquele ano, deu apoio ao meio campo colorado, que cambaleava na principal competição continental, sendo importante nome do elenco na retomada do time, que obteve melhor rendimento a partir da chegada dos reforços e da nova comissão técnica, alcançando a conquista do bicampeonato da Copa Libertadores da América.

Dos fatos ocorridos no Mundial de Clubes de 2010, há uma lembrança clara em minha mente: mesmo não sendo o dono da "tão disputada" braçadeira de capitão da equipe, e com a "barca já afundada" naquele dia, Tinga foi o primeiro jogador a "mostrar a cara" para o torcedor, pedindo desculpas pelo desempenho da equipe como um todo.

Mais fácil seria ficar quieto, se preservando da crítica. Mas, se agisse desta forma, não seria o Tinga que todos conhecem! Nestes momentos é que conhecemos os gigantes de um elenco! No instante em que as glórias se traduzem em taças, é fácil "chamar a responsabilidade" e carregar a braçadeira. 

Entretanto, assumir este comprometimento, no momento em que turbulências ocorrem, é algo bem mais complicado. Tinga não tinha a tarja no braço naquele dia fatídico, mas agiu como um verdadeiro capitão!

Assim é que se formam ídolos de verdade e, sinceramente, fico na expectativa de que as pessoas não esqueçam esses fatos, e que essas recordações sirvam para definir de maneira mais emblemática e clara o futuro que o Internacional quer trilhar a partir de 2014. Sou um tanto realista e prefiro esperar para ver.

Alguns fatores fizeram com que Paulo César Tinga não mais jogasse no Internacional. Recentemente, ele foi fazer história no Cruzeiro, onde participou de um grande elenco, se tornando campeão brasileiro.

Hoje, Tinga é um atleta que, mesmo quando joga 30 ou 45 minutos em uma partida, faz a diferença! Pode entrar somente no segundo tempo, ou ser substituído no andamento do jogo. Mas o torcedor pode sempre ter certeza: serão os 30 ou 45 minutos mais intensos de um jogador do seu time, dentro de campo!

Qualidade técnica, garra, caráter profissional, respeito com o clube que representa, liderança positiva. Tudo isso não se compra. Ou se tem, ou não se tem. Tinga tem todas essas características e por isso está na história dos times onde jogou e, principalmente, do Internacional!

Diante de todo o histórico mencionado anteriormente, comparando isso com o episódio triste, ridículo e patético proporcionado por boa parcela do torcedor do Real peruano, só resta a Paulo César Tinga ter uma definitiva certeza: ele é um gigante do futebol!