26 de março de 2014

Inter: estruturas temporárias, reabertura do estádio e a filosofia de futebol

Por Luciano Bonfoco Patussi
26 de março de 2014

ESTRUTURAS TEMPORÁRIAS DA COPA DO MUNDO

Tinha plena convicção de que, politicamente, ocorreria a aprovação da isenção fiscal para as empresas que venham a patrocinar a aquisição das estruturas temporárias para a Copa do Mundo da FIFA. E digo mais: nessa questão, a direção do Internacional agiu da mesma forma que eu faria, se fosse o presidente do clube. O problema todo ocorreu lá no distante 2007, quando a presidência da república assumiu a responsabilidade pela realização do campeonato mundial. Oito cidades eram suficientes, mas para haver maior "investimento" no país, o Brasil implorou que fossem escolhidas doze sedes. A FIFA aceitou. As cidades passaram a lutar por sua vaga entre as escolhidas. Porto Alegre foi uma das vencedoras dessa disputa. E sequer precisou construir um estádio novo, como a maioria das outras capitais estaduais. Ou seja, se tiver que haver Copa em Porto Alegre, o custo de estruturas temporárias não poderia ser paga pelo Internacional. E nem mesmo pelo Grêmio, caso os jogos ocorressem no estádio rival. A prefeitura e o governo do estado, que desejavam receber jogos do torneio, não precisarão arcar com os custos da construção de um novo estádio municipal ou estadual. Então, que assumam suas responsabilidades, assim como as demais sedes, sem "grenalização"!

REABERTURA OFICIAL - O NOVO BEIRA RIO

Tenho enorme expectativa sobre a festa que o Internacional realizará na reabertura de seu estádio, no próximo dia 5 de abril. O Peñarol foi convidado para o jogo festivo que ocorrerá no dia seguinte, em 6 de abril. A curiosidade é que os Carboneros, alcunha do Peñarol no Uruguai, já marcaram presença no festival de inauguração do estádio, em 1969, quando o Internacional venceu o confronto por 4 a 0. Já no Torneio 25 anos do Beira Rio, ocorrido em 1994, o clube uruguaio também esteve presente. O Internacional lhe derrotou na semifinal por 2 a 0, e foi campeão do torneio após golear por 4 a 0 a seleção nigeriana, que eliminou o Grêmio na outra semifinal.

FALCÃO

Falcão é o maior craque já surgido no Internacional. Ídolo colorado, da Roma, da seleção brasileira e até mesmo do São Paulo, onde encerrou a carreira de futebolista profissional. Jogador de elegância e técnica apuradíssimas. Atleta que comandou a "seleção colorada" dos anos da década de 1970. Causa estranheza quando, nos anúncios publicitários da festa de reabertura do Beira Rio, verifico a falta da imagem de Falcão, o maior protagonista do estádio dentro de campo. Será ele o convidado especial? Haverá uma grande surpresa reservada para o maior ícone de todos os tempos do Beira Rio? A falta de Falcão nos anúncios da festa é uma tentativa de despistar uma provável homenagem especial, ou ele será simplesmente alçado ao mesmo patamar de outros jogadores comuns da era Beira Rio? Essa é uma pergunta que me faço diariamente! Espero que uma grande e agradável surpresa seja divulgada no dia da festa!

ESTÁDIO DA ROMA

Em tempo, Falcão foi convidado e esteve presente já no evento de anúncio da construção do estádio que a Roma erguerá na capital italiana. Mito do futebol!

ARENA DO PEÑAROL

O Peñarol lançou a pedra fundamental para a construção de um estádio próprio, em Montevidéu. Será uma moderna arena, com capacidade para aproximadamente 40.000 torcedores. Não tenho informações sobre a previsão de inauguração, nem mesmo como está o patamar de andamento do empreendimento. Diante do histórico da presença do Peñarol em festividades no Beira Rio, será o Internacional convidado, para entrar em campo no primeiro jogo do estádio mais moderno que promete surgir no futebol uruguaio?

TEÓRICA INOVAÇÃO NA FILOSOFIA DE FUTEBOL

Diante da atual conjuntura apresentada há alguns anos na gestão de futebol do Internacional, minha opinião segue imutável. O clube precisa imediatamente aproveitar os seus jogadores novatos. Será dentro do gramado que os atletas da base desenvolverão seu futebol e ganharão destaque, não apenas sendo negociados com outros clubes, para festejos do departamento financeiro, mas também com o intuito de colaborar em campo, agregando ao time vigor, talento técnico, capacidade de improviso, velocidade objetiva, entre outros pontos. São eles, os jovens do Celeiro de Ases, mesclados com pontuais jogadores de maior experiência, que possibilitarão ao time colorado voltar a figurar em um patamar de grandes competições, com chance real de obtenção de título em todos os torneios que disputar.

Na semana passada, Mauro Galvão concedeu entrevista para um programa televisivo, onde comentou o motivo de ter optado por jogar nas categorias de base do Internacional na década de 1970. Em outras palavras, o memorável zagueiro citou que não continuou na base do Grêmio, pois era filosofia tricolor naquela época apostar em jogadores "cascudos", ou seja, naqueles que vinham de fora do clube, já na faixa dos trinta anos de idade. A opção foi acertada, pois da base do Internacional, o talentoso Mauro Galvão logo ascendeu ao time profissional, onde foi campeão brasileiro invicto em 1979, com apenas 17 anos de idade. Isso em um time onde, segundo o próprio entrevistado, tinha entre seus principais jogadores, atletas oriundos da base, tais como Falcão, Batista, Jair, entre outros talentos.

Porém, reafirmo minha convicção. Os jovens talentos não podem ser simplesmente lançados em um time sem estrutura, em meio a grandes competições. A aposta nos jogadores da base precisa ser feita em um início de temporada e com muito critério. Em 2013, o Internacional capengava em campo, com atletas que possuem anos de seu currículo jogando no Beira Rio. Era o máximo que aquele time poderia apresentar, ainda mais com o Beira Rio interditado para jogos, devido às obras. Após algumas derrotas, a diretoria extinguiu a competente comissão técnica, encabeçada por Dunga e Paulo Paixão. Erro! O time, que era limitado, ainda figurava na famosa primeira página da tabela de classificação do certame. Foi então Clemer Silva quem resolveu apostar nos jovens, em um time bastante desestruturado e sem recursos, e que só degringolava no campeonato brasileiro. Novo equívoco! Culpa de Clemer Silva? Dos jovens? Não! Culpa do planejamento, que vem da diretoria. Que escolhe nomes sem convicção. E os demite sem critério tão logo o andamento não vai de acordo com a mágica imaginação de quem faz futebol no clube. Em 2013, o Internacional fez tudo ao contrário do que manda a cartilha de uma boa gestão de futebol. Só poderia resultar em "quase" rebaixamento dentro de campo!

Em 2014, tudo seria diferente. Teoricamente. O clube apostaria nos talentos formados na base, de forma criteriosa e dando confiança para os jovens de potencial diferenciado - Otávio, Murilo, Andrigo, Leandro, Bertotto, Valdívia, Bruno Gomes, Augusto, entre outros. Porém, o Internacional contratou Abel Braga, um treinador vencedor, mas que tem perfil profissional contrário à filosofia desejada. A direção determinou um perfil, e contratou um técnico que trabalha com outra metodologia. Erro de avaliação! Ficam os registros. O Internacional tem talentosos jogadores no seu elenco. Precisa aproveitá-los na equipe principal, para qualificar o futebol apresentado e maximizar o seu potencial nas competições de maior nível técnico que vem pela frente! Se não trabalhar desta maneira, a tendência é o torcedor colorado vivenciar um novo 2013. Mas agora sem o potencial de Rodrigo Moledo, Fred e Damião, e com os substitutos que entram em campo com a "confiança" do treinador.

CAMPEONATO GAÚCHO - SEMIFINAL

À partir das dez horas da noite de hoje, o Internacional adentrará o gramado do Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, para enfrentar o Caxias, em partida única válida pela semifinal do campeonato gaúcho de 2014. O Clube do Povo lutará para chegar a decisão do certame estadual, em busca da obtenção do difícil tetracampeonato gaúcho. Estou entre os que, apesar de reconhecer a necessidade de mudanças urgentes no calendário, valoriza muito a conquista de um campeonato estadual! Títulos alegram, fazem bem ao ego do torcedor e, enquanto colorado, o que mais posso é torcer pelo tetracampeonato estadual vermelho em 2014. Para alegria de milhões, e tristeza de tantos outros!

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