26 de agosto de 2008

FORÇA INTER – Comendo a grama do Olímpico

Há cerca de vinte anos estavam em campo, frente a frente, Internacional e Grêmio. O clássico era decisivo. Quem vencesse aquela batalha decidiria o campeonato brasileiro daquele ano e, de antemão, já estaria classificado para a próxima edição da Copa Libertadores da América.

O Grêmio vinha de um início de década com vitórias e títulos inéditos. E o time tricolor do final dos anos 80 também era muito forte e tinha individualidades muito qualificadas. Já o Internacional formava, aos poucos, uma nova geração de talentosos jogadores que formaram uma equipe muito boa que, se passava longe da equipe de dez anos antes, ao mesmo tempo enchia o torcedor de esperança de reviver os velhos tempos. Faltaram títulos naqueles anos. Particularmente, não lembro daquela partida decisiva. A única coisa que tenho a certeza absoluta é que, naquela data, o Beira-Rio estava lindo, vermelho e vibrante, como de costume.

Aquele Beira-Rio, com todos os adjetivos que cabiam a ele e aos aproximadamente 80.000 seguidores que lá acreditavam na vitória a cada minuto, assistiu ao time da camisa vermelha derrotar, de virada e com um jogador a menos durante todo o segundo tempo, o seu maior rival. Aquele que diz ser o símbolo da raça maior do futebol mundial, naquela data, sucumbia. Aquele mesmo, o único clube mundial dotado do espírito “copeiro”, era destroçado diante da massa e do time vermelho. Vermelho, colorado! Raça, fibra, um homem a menos e milhares de corações a mais jogando junto!

Aquele time do Grêmio, derrotado no “Gre-Nal” do século, era muito forte. Tão ou mais forte que o Internacional. Em campo, eles lutaram. Mas também esnobaram. Os vermelhos lutaram mais. Suaram mais. Respeitaram mais. E de lá, os vermelhos saíram vitoriosos. Respeitados. Eternizados.

De lá para cá, em “mata-matas” nacionais e internacionais, foi exatamente isso que voltou a ocorrer, anos depois, na Copa do Brasil, na Pré-Libertadores e na Copa Sul-Americana: O Inter na frente, vencedor! O Inter comendo mais grama e cuspindo mais sangue do que o Grêmio. Esse é o verdadeiro Inter! É só isso que o torcedor quer!

Quinta-feira, 28 de Agosto de 2008, Copa Sul-Americana, Olímpico, Gre-Nal. Força, Inter! Força!

16 de agosto de 2008

TEXTO - Sonho. Realidade. Dois anos de felicidade!

Escrevo este texto quando estamos aos trinta e cinco minutos do segundo tempo de Brasil e Camarões, partida válida pelo torneio olímpico de futebol de 2008. A partida está empatada em zero e tem ares de dramaticidade. Quem marcar o primeiro leva a vaga. Neste 16 de agosto, acordei às sete da manhã para assistir a esta partida.

Apesar da dramaticidade do jogo da seleção olímpica brasileira, esta data faz uma nação inteira de torcedores gaúchos, vestidos de vermelho, vibrar em lembranças. E que lembranças! Há exatos dois anos, Paulo César Tinga marcava o segundo gol colorado, na decisão da Copa Libertadores, contra o São Paulo, no Beira-Rio. Na comemoração, o meio-campista foi expulso de campo. Começava naquele lance um filme de uma vida inteira de devoção ao time do peito. Um filme que se passou em vinte intermináveis minutos na cabeça de cada torcedor rubro.

São Paulo parte para o ataque. Falta. Bola na área. Afasta a zaga. Contra-ataque vermelho. Guerreiros com um homem a menos tentam segurar a pressão. E volta o São Paulo. Bola na área. Clemer. Clemer. Salva Clemer. O Inter parte para o ataque. A zaga são-paulina afasta e controla o jogo. Entra Ediglê na zaga. Nossa mãe do céu. Agora é com Michel. Volta o São Paulo. Clemer. Bola na área. De novo Clemer. O contestado torna-se, aos poucos, vitorioso. Salvou contra Nacional. LDU. Libertad. Vai salvando contra o São Paulo. O tricolor paulista parte novamente para o ataque. Chute cruzado. Gol. Silêncio. Desespero. Lágrimas. Tensão. O São Paulo parte pra cima. Bola na área. Tricolor vai marcar, atenção, sobe de cabeça. E agora? Clemer! De novo!

Há dois anos, o apito final que mais emocionou uma geração de colorados até o momento, era soado. O Inter era coroado. Campeão da Copa Libertadores de 2006.

Enquanto isso, o jogo entre Brasil e Camarões está encerrando. Empate. Um deles fará história na prorrogação. Ou então nas penalidades máximas. E quem sabe Rafael Sóbis faça história hoje. Assim como fez naquele 16 de agosto, vestido de vermelho. Mas isso é uma incógnita. O certo é que, há dois, o Internacional, movido pela competência, amor e emoção, fazia história. Para ninguém mais esquecer. Fazem dois anos que Fernandão ergueu a Copa Libertadores. E parece que foi ontem.

Parabéns à todos os colorados pelo aniversário da conquista da Copa Libertadores da América de 2006. Já estou em lágrimas. Novamente. Aqui encerro esta pequena e singela homenagem. Força Inter.

12 de agosto de 2008

OPINIÃO: Formatando a "cara de time" do Inter

Estamos às vésperas de mais um clássico Gre-Nal. O clássico de maior rivalidade do futebol brasileiro da próxima quarta-feira, 13 de agosto, será válido pela Copa Sul-Americana 2008. Enquanto torcedor colorado e analista – opinião pessoal – entendo que esta partida deve ser o “divisor de águas” do atual momento do time rubro. Ou o time apresenta, agora, a “cara do time”, ou ficaremos o restante do ano no “mais ou menos”. No “oito ou oitenta”. Para que esta realidade mude, a partir do clássico, é imprescindível a tomada de algumas atitudes pelo nosso treinador.

Tite já teve tempo suficiente para conhecer o grupo de jogadores do Inter pessoalmente. Até mesmo porque ele já vinha acompanhando o trabalho realizado no Beira-Rio, antes mesmo de ser contratado – segundo ele. Portanto, já tinha uma noção dos jogadores que aqui iria encontrar, e suas respectivas qualidades a serem exploradas (bem como os pontos fracos de cada um, a serem trabalhados). O que quero expor com o que foi dito anteriormente?

Quero dizer que Tite já devia saber há meses que Wellington Monteiro não é lateral-direito. O “lateral Wellington” foi uma das tantas invenções do vitorioso Abel Braga, mas que, neste caso, não deu certo. Na prática, a idéia não funciona. Está provado. Devia saber também que Edinho, Guiñazu, o próprio Wellington, mais Rosinei e Magrão, são volantes. Cada um com sua característica, mas são volantes. Ou seja, que joguem apenas dois, os melhores! Em resumo, deve jogar Guiñazu e apenas mais um dos citados acima. Não é possível querer juntar todas essas peças em uma mesma equipe.

Além disso, outro importante ponto é Nilmar. O craque da Beira-Rio não pode jogar enfiado entre três postes de 1,90 metro de altura, recebendo passes feitos com imprecisão por meia dúzia de volantes. Fora isso, Tite deve ter algum conhecimento – pois é treinador de futebol – que a meia-de ligação é uma função importante em um time de futebol. É uma meia-cancha de qualidade que faz o time jogar, que dita o ritmo do jogo: acelerado, moderado ou lento e sem qualquer objetividade. Antes, tínhamos somente Alex (firmado na posição). Taison ainda é novato. Sequer sabemos se o jovem é meia-de-ligação ou atacante. Mas agora, além de Alex, temos D’Alessandro e o próprio Daniel Carvalho, que podem fazer com maestria a função de criação de jogadas, mesmo que Daniel seja praticamente um ponteiro-esquerdo.

Temos que ter a definição dos onze titulares. Temos problemas para escalar, como lesões, suspensões. Porém, é preciso definir um time. Com Wellington não sendo lateral e com Bustos não tendo se firmado, a lateral-direita é um problema crônico atualmente. Jonas já mostrou a que não veio. Ângelo foi afastado sem muita explicação. Então, que a camisa 2 seja largada para o Ricardo Lopes. Que treine e jogue. É muito aquém do que o Inter deve almejar como titular. Mas bem treinado, pode, pelo menos, não comprometer.

Talvez, devido à grande quantidade e qualidade de zagueiros, hoje Tite possa considerar a possibilidade de fazer o Inter atuar em um esquema 3-5-2. Talvez. Mas isso é só uma opinião particular de quem aqui escreve. Clemer ou Renan não me preocupam no gol, seja qual for o titular. Minha preferência é Renan, que dizem estar negociado com o futebol europeu. Neste caso, Clemer e suas faixas segurarão, juntos, a camisa 1, sem problemas. Na zaga, também não teria preocupação alguma, visto que temos Índio, Bolívar, Sorondo e Álvaro para disputar três vagas – sobrando Álvaro na suplência em um primeiro instante, até ter tempo para provar a que veio e mostrar ser superior aos demais titulares. Como ala, Gustavo Nery assumiria a função pelo lado esquerdo. Pelo lado direito, a ala é uma incógnita – a função ficaria com Ricardo Lopes em um primeiro momento, podendo-se testar Rosinei ou até Magrão, para ver qual jogador daria uma melhor resposta atuando por aquele lado. No meio de campo, Guiñazu ficaria à frente da defesa, com Alex e D’Alessandro cumprindo a tarefa de armar jogadas – tendo também funções defensivas. Daria também para optar por um meio-campo um pouco mais resguardado, com Alex pela ala-esquerda e Edinho, Monteiro ou Magrão atuando na meia, junto com Guiñazu e D’Alessandro. E no ataque, acho indiscutível que teremos dois jogadores de nível extraordinário atuando e revezando os ataques pelos lados do campo e também chegando na área para marcar gols – Nilmar e Daniel Carvalho. Luis Carlos, Walter ou Guto ficariam lutando e aguardando oportunidades que sempre surgirão, seja para mudar um resultado durante uma partida ou por causa de lesões e suspensões dos titulares. Para o clássico, praticamente todos estarão à disposição, exceto Renan, Sorondo e Alex. Grupo o Inter tem para formar um time titular dos melhores do Brasil. Há algumas deficiências em determinadas posições. Mas dá, e muito bem, para se formatar uma boa equipe.

Logicamente, no papel isso tudo é muito fácil de ser analisado. Não sou eu, nem qualquer um de nós, que vamos treinar a equipe e fazê-la jogar da melhor forma possível. Esta tarefa está com Tite. Ele é quem deve tentar armar a equipe e dar à nós oportunidade de ver em campo um time com “cara de time”, que seja capaz de entrar em campo e apresentar um futebol de grande qualidade, buscando e alcançando as vitórias. E Tite vai conseguir. Essa é nossa torcida. Nesta quarta-feira, só queremos que o time entre em campo e honre a camisa vermelha e as quase duas dúzias de vitórias a mais em Gre-Nal. Vantagem de vitória em clássicos que, diga-se de passagem, o Inter tem há mais de seis décadas sobre o rival da Azenha. O Inter deve respeitar o Grêmio, mesmo que o tricolor jogue o clássico com time titular, misto, reserva ou “banguzinho” – como gostam de afirmar alguns de seus dirigentes, mas que na “hora H” atua com uns oito ou nove titulares. Só assim vamos vencer: com respeito, humildade e vontade de ganhar a qualquer custo. O Gre-Nal sempre é difícil, independentemente do momento de cada equipe.

Precisamos respeitar, torcer e apoiar o time – criticar construtivamente, quando for o caso. Mas devemos fazer isso com vontade e sempre, tudo em busca da afirmação, da “cara de time”, da classificação e da arrancada no brasileirão em busca da vaga na Copa Libertadores no ano do centenário.

10 de agosto de 2008

REFLEXÃO - Oito ou oitenta e a "cara" de time

Sempre será difícil para um colorado admitir o bom momento vivido pelo rival da Azenha. Um tricolor admitir o sucesso colorado, também é algo quase impossível. Dentro do futebol, o Gre-Nal é para muitas pessoas o clássico de maior rivalidade do futebol brasileiro. E isso, para nós colorados, significa dizer que o Grêmio é líder do primeiro turno do campeonato brasileiro por pura incompetência dos demais. Só que o futebol não deve ser, nunca, “oito ou oitenta”. Deve-se buscar o equilíbrio nas análises, para buscar o equilíbrio em campo também.

O Grêmio não é nenhuma seleção. Mas faz uma campanha magnífica neste primeiro turno do certame nacional. Isso é algo inegável. É só pegar a tabela e olhar. Analisar. Os “outros” estão fracos, entregando jogo ou sendo vítimas de anti-jogo gremista. Este tipo de argumento é o que utilizamos. E “eles” também utilizariam “e utilizam” esses argumentos, sempre, para desmerecer nossos feitos. Mas independentemente de adversários enfrentados, o rival faz uma bela campanha. Não é uma seleção como já citei, mas tem conjunto. Conjunto este dado por Celso Roth, após muito trabalho. Após muita desconfiança. E isso não é demérito.

Enquanto os times entrarem em campo não respeitando o Grêmio, vão continuar perdendo deles. Porque se eles não tem grande talento individual, tem conjunto e um time que tem jogado com vontade. E todos os times do Grêmio que foram campeões, foram formados sem quase ninguém acreditar nas vitórias. Nem mesmo parte de sua torcida. E quando todos se dão conta, lá estão eles, na decisão. Mas o Inter é assim também. Antes que perguntem: Não, não sou gremista e também acho que o Grêmio não mantém esse ritmo até o final do campeonato, a ponto de ser campeão. Isso é minha torcida, mas também uma convicção – mas posso estar errado, só o tempo dirá. Mas “eles” já deram um grande passo para estar, pelo menos, na Copa Libertadores de 2009. Isso também é inegável.

O que queremos para o Inter? Cara de time. Hoje nós temos um bom grupo, que ainda conta com algumas deficiências que devem ser resolvidas. Mas ainda não temos um time. Isso é fato. Hoje o Inter é o Inter que jogou contra o São Paulo e contra o Coritiba? Ou é o Inter que enfrentou Santos e Ipatinga? O Inter é o Inter que enfrentou o Cruzeiro? Ou é o que enfrentou o Fluminense? A irregularidade é grande. Hoje temos grandes jogadores que, espero, venham a formar um grande time que nos encha de esperança dentro do gramado ainda em 2008. Para isso, temos que buscar a regularidade. Não devemos ser “oito ou oitenta”.

E o grande momento do Grêmio? Sinceramente, isso pode incomodar, eles podem nos zombar. Mas é o momento deles. Vamos deixar eles vibrando com a atualidade vivida. Vamos vivenciar o dia-a-dia do Inter e buscar aperfeiçoar nossa equipe para criar uma identidade de time de futebol. E após isso, nós vamos vencer. E então será o momento deles nos falarem que o Atlético e o Figueirense são fracos. Que ganhamos no apito. Assim como eles já justificaram – e vão continuar justificando – nossas vitórias no passado e no presente.

E hoje mesmo, esperamos encerrar o primeiro turno com três pontos. A reestréia do talentoso Daniel Carvalho e do General Bolívar são motivos para nos encher de esperança em reeditarmos nossos melhores momentos dentro de campo. E para isso, esperamos ver um lateral-direito se firmar como titular, Nery deverá assumir a camisa 6 e jogar o que jogava há três anos e teremos de escalar dois meio-campistas ofensivos. Três ou quatro volantes não produzem nada, isso é fato. Nosso treinador precisará ver isso logo. Precisamos enxergar nossos problemas para melhorar. E vamos melhorar.

Temos um bom grupo que, com poucos ajustes, força e confiança, vai formar um grande time. Vamos para a Libertadores em 2009 com a força da torcida e, tomara, tenhamos chance de chegar nas últimas rodadas do campeonato brasileiro de 2008 brigando pelo título – embora hoje seja difícil, para muitos, imaginar que isso seja possível. A corrida pela vaga na Copa Libertadores e pelo difícil título do certame nacional deve começar hoje. Inter e Figueirense. Todos ao Gigante. Força Inter