18 de junho de 2009

VOCÊ DESPERTARÁ POR INSTINTO

Por Luciano Bonfoco Patussi
18 de junho de 2009

Tem dias que você sente a sensação de que a cama suplica a sua inseparável companhia. Nestes dias, o melhor a fazer seria acordar pela manhã, ir rapidamente ao banheiro, lavar o rosto, caminhar até a cozinha, tomar um bom café e degustar alguns biscoitos. Nestes dias, após breves minutos de desjejum, o melhor a fazer é voltar para o "berço". Puxar o cobertor, tapar-se. Esconder-se. Esquentar o corpo. E lentamente, adormecer. Adormecer e somente acordar no dia seguinte. Mas você insiste. Não volta para seu leito. O sol está raiando e você veste uma camisa - preferencialmente vermelha - com mangas curtas e vai ao ponto de ônibus. Faz calor. Está abafado. Você chega atrasado ao trabalho. Isso porque o ônibus que lhe transportaria passara minutos antes no ponto e você o perdeu. Por detalhe. Por milésimos de segundo. Segundos decisivos. Quando você acha que isso era o pior acontecimento, o sol é escondido por uma densa nuvem e a chuva cai. Isso bem no instante em que você está indo a caminho do ponto de taxi. Caminhando. Sem um guarda-chuva. No meio do nada. Água caindo feito lágrimas. Volta a sensação de que o melhor a se fazer neste dia teria sido não levantar da cama. Era melhor aguardar o dia seguinte. Você pensa que o pior passou e, na empresa, recebe a "grande notícia" do dia: você está demitido! As marés contrárias fazem parte dos grandes momentos da vida de todos nós. Assim crescemos pessoalmente e profissionalmente.

Por outro lado, você já deve ter tido uma sensação parecida como a de acordar no horário exato, sem a "bela porcaria" do despertador tocar no horário programado. A pilha falhou, mas você acordou, na hora correta e no mais preciso momento. Você despertou por instinto. Rápido banho e você está no ponto de ônibus. Em um minuto chega o coletivo. Neste dia você paga a passagem. Pouco mais de dois reais são investidos no transporte. O valor é reembolsado com juros e correção monetária no momento que você senta na poltrona e acha, por acaso, uma nota de cinquenta reais. Intacta. Sem aparente dono. Solta, na poltrona que você ocupa sozinho. É você, sozinho, o seu instinto de acordar no momento certo, cinquenta reais de brinde e o ônibus no horário mais exato possível. Ao chegar ao seu recinto de trabalho, é chamado ao departamento de Recursos Humanos. Cara amarrada. Tensão. Você está demitido? Não. Você é promovido para o cargo de confiança com o qual sempre sonhou desde a sua contratação, compra um automóvel, dá entrada em uma nova casa, se associa ao Internacional no mesmo dia e passa a ter uma vida mais confortável. Em um dia as coisas mudam. Da água para o vinho. Basta um dia. Uma nova maré. Toda a realidade que em um dia é, aparentemente, um evidente fato definitivo, pode mudar de um dia para o outro. Nada como um dia após o outro.

Nada como um dia após o outro. Eu já ouvi essa frase diversas vezes. Apaixonado por futebol que sou, o esporte bretão não seria o mesmo sem a existência do meu Internacional. Nosso Internacional. Inter do povo, do Rio Grande e do Brasil. Inter de 1909. Inter de sempre. Colorado das glórias. Orgulho do Brasil. E por incrível que pareça, todas as grandes conquistas do Internacional, dentro do Beira-Rio, foram alcançadas de forma épica, emocionante e, por vezes, dramática ao extremo. Entre tantas conquistas, lembro de 1976, onde não era preciso marcar dois gols contra o Corinthians na final do campeonato brasileiro. Um apenas bastava. Mas dois gols foram feitos. O Inter estava no dia dele. Da mesma forma que esteve em 1997, onde após ser derrotado pelo Santos na Vila Belmiro, derrotou o time da baixada santista em Porto Alegre pelo mesmo placar. Na decisão por penalidades máximas, três defesas do goleiro colorado e mais uma grande jornada - que se não terminou em título, ao menos foi uma noite inesquecível. Mais recentemente, após derrota pelo mesmo placar em Curitiba para o Paraná, o tricolor veio ao Beira-Rio levar cinco gols do Inter e acabou voltando à capital paranaense com a sensação de que, naquele dia, não deveria ter saído da cama.

É preciso ter a consciência de que vamos ao Beira-Rio no primeiro dia do mês de julho de 2009, com um placar bastante adverso. É preciso ter a maturidade de saber que o Corinthians deu um grande passo para alcançar uma grande conquista. Por outro lado, todos sabem que desde o momento em que o sol raiar no primeiro minuto do próximo mês, esta data terá tudo para ser um grande dia para toda a apaixonada nação colorada. Temos um grande time e grandes jogadores. Será aquele dia em que tudo dará certo. Será difícil, mas é importante acreditar. O Inter, e qualquer time do futebol mundial, só vence quando alguém acredita. Seja o grupo, a torcida, a direção. Alguém acredita. Se todos acreditarem, então, ninguém será capaz de separar time e torcida. É fundamental saber que o resultado favorável ao time paulista é muito bom, mas também é importante saber e se preparar: virão aí grandes emoções! Esta será a primeira noite das próximas duas semanas que sequer conseguirei "pregar os olhos à noite". Lembro das madrugadas de 2006, onde sonhávamos com algo inédito. O que farei? Imaginarei as circunstâncias da próxima batalha. Seja escrevendo. Seja pensando. Seja lembrando e acreditando.

E se não der? E se o Corinthians levantar a Copa do Brasil dentro do Beira-Rio? Vamos valorizar o momento, o próprio adversário e vamos fazer uma festa tão linda quanto a que estamos acostumados a ver na nossa casa há quarenta anos. E será merecido. Se assim for, parabéns para o bom time do Corinthians do Mano Menezes e de Ronaldo Nazário e Cia Ltda. Colorado não vive de vitórias, certo? Colorado vive de Inter, vive de ser colorado! Só o que queremos é que todos os jogadores do Inter joguem a decisão desta Copa da mesma forma como jogaram todas as últimas finais disputadas pelo time vermelho: com o coração na ponta da chuteira, superando qualquer adversidade, dando carrinho na sombra do adversário e arrancando a grama do sagrado tapete verde da beira do rio, até o último segundo do jogo. E só pedimos este campeonato. Não podemos perder! Mas se perder, que todos saibam: nas arquibancadas, daríamos a vida por um campeonato, por uma taça a mais...

E se der? Bom, se der, meus amigos... se o Inter vencer a Copa do Brasil de 2009... bem, aí cada um que imagine o cenário que será vivenciado dentro de quatorze dias. Eu já estou imaginando e sonhando. Poderá ser uma vitória estupenda e uma noite inesquecível, como tantas outras. Mas será único e indescritível o momento, podem ter certeza! Se você quiser participar disso, de uma forma ou de outra, acredite. Creia que, desde hoje, no primeiro raiar do sol do mês de julho, você despertará por instinto e, epicamente, o Internacional será - todos esperamos e torcemos por isso - o grande, majestoso e merecido campeão da Copa do Brasil de 2009!

17 de junho de 2009

São lampejos de memória, é verdade!

Por Luciano Bonfoco Patussi
17 de Junho de 2009
www.supremaciacolorada.com

Na memória, lembranças tão vagas parecem vir à tona em imagens antigas sombreadas em preto e preto. Uma penalidade máxima. Era final de jogo. A televisão abriu à todos as imagens dos últimos cinco minutos daquela partida. E foi para todo o Brasil! Explosão. Gritos enlouquecedores! De repente, o alvi-negro começa a sumir da velha aparição gravada em minha mente. E o vermelho toma conta por completo. Da memória e de minha vida. Aquele garoto de dez anos de idade comemorava seu primeiro título nacional em vida. Isso porque já nascera tri-campeão brasileiro.

Célio Silva marcou o gol mais importante de sua vida naquela longínqua tarde. Junto à Fernandez, Marquinhos, Caíco, Maurício, Gérson e tantos outros, entrou para a história do Internacional. Naqueles tempos, A família de Taison, por exemplo, há pouco havia recebido o garoto em sua existência e sequer imaginava que ele jogaria bola um dia. E menos ainda que estaria em finais de campeonato! Já atletas como Falcão, em outro glorioso exemplo de épocas passadas, tiveram a chance de rever o vermelho tomar conta do Brasil.

Os anos correram. O amanhã surgiu. Radioso de luz, após quase duas décadas de alegrias e tristezas, o Internacional, aliado à sua gloriosa e imensa torcida, alcançou o topo do Aconcágua. Não satisfeito, seguiu fazendo história e conquistou o Planeta Terra. E reconquistou a América do Sul. E tomou conta do território pampeano outra vez. Outras diversas e incontáveis vezes. Mas falta reativar na mente de todos a sensação de conquistar o país.

Ah, o país! O Brasil. O meu e nosso querido Brasil! Aquele mesmo, que foi tomado das mãos da torcida colorada vergonhosamente anos atrás. A manipulação de resultados daquele tempo tão distante e ao mesmo tempo tão presente, faz até hoje faz o coração colorado derramar lágrimas de tristeza. Aquele acontecimento foi tão estrondoso e escandaloso que, pode-se dizer, foi mais fácil levar o campeonato brasileiro de 2005 do Internacional do que tomar um doce da mão de uma criança indefesa.

Ah, a criança indefesa! Uma inocente e nova alma colorada! E volto mais no tempo. E lembro novamente de 1992! E vejo os cabeceios de Célio Silva. Revivo os cruzamentos de Daniel. As defesas milagrosas de Fernandez parecem ocorrer neste exato momento, como se pênaltis fossem cobrados de todos os cantos do Brasil e espalmados pelo paraguaio a cada segundo. Os desarmes e o posicionamento preciso de Élson davam gosto de vê-lo jogar. As cobranças de falta certeiras de Marquinhos foram origens de importantes e decisivos gols. Os cruzamentos e a velocidade de Maurício aliados ao oportunismo do artilheiro Gérson fizeram reviver duplas como a passada Valdomiro e Dario, ou então a que surgiria dos pés de Sóbis e Fernandão anos depois!

São lampejos de memória, é verdade! E já passaram-se 17 anos! É hora de escrever o nome na história novamente. Os craques do presente tem toda a responsabilidade e toda a capacidade de escrever uma bonita e vencedora história mais uma vez, vestindo vermelho como se fosse sua segunda pele e cobrindo todo o Brasil com a cor do nosso coração!

1 de junho de 2009

O ALTO DA GLÓRIA E A CAMISA VERMELHA

Por Luciano Bonfoco Patussi
01 de junho de 2009

Hoje a competição dos "renegados" e de "todas as federações estaduais" completa vinte e uma edições. É verdade, a Copa do Brasil já tem mais de duas décadas de existência! E ainda existe quem a desmereça! Tratada por muitos como "competição entre campeões dos estados fortes e fracos", "segunda competição do país" ou "torneio do time de mais sorte", a verdade é que a Copa do Brasil só é vencida por quem a ela se dedica e dá o devido valor. Quem é competente o suficiente para vencer, ganha a Copa do Brasil. É normal quem não conseguir vencer, vir a tripudiar. Debochar. Quantos de nós já não tentamos "condicionar" a importância desta competição - e de tantas outras - de acordo com a classificação obtida pelo time do nosso coração?

O fato é que esta é a vigésima primeira edição da Copa do Brasil e o Internacional chega pela terceira vez até a fase semifinal. Em diversos anos o "Colorado das Glórias" foi incapaz de alcançar esta fase da disputa, exceto em 1999 e, anos antes, em 1992. Em 1999 chegamos à semifinal, mas o placar "quádruplo" que foi alcançado pelo Juventude naquela noite, no Beira-Rio lotado, faz até hoje o torcedor colorado ter pesadelos. Sabíamos perfeitamente que a vingança daquele "chocolate" um dia chegaria - como de fato chegou, com juros e correção monetária. Mas isso não vem ao caso neste momento.

Voltando sete anos antes daquela "tragédia", chegamos ao ano de 1992. Naquela temporada, o Palmeiras iniciava uma parceria com a multinacional e milionária "Parmalat". Mas na Copa do Brasil daquele ano, o "Clube do Povo" pôs "água no leite" do time do Palestra Itália, vencendo "lá e aqui", chegando até a decisão do torneio. Naquele ano, o Inter foi campeão da Copa do Brasil. Fernandez, Célio Silva, Élson, Marquinhos, Caíco, Gérson e todos os demais jogadores deram ao Inter a Copa do Brasil de 1992. Todos eles cravaram seu nome na história do Internacional e da competição!

Foram-se dezessete anos. Eliminações. Estádios lotados, vermelhos e muitas vezes em "clima de velório". E lá se foram "Londrina's", "Ceará's", "Parana'ses", "Flamengo's", "América's", "Juventude's", "Remo's", "Fortaleza's", "Vitória's" e "Sport'eses". A vida, entretanto, é um eterno aprendizado no qual muitas vezes precisamos "apanhar feio" para aprender.

Estamos em 2009. O Internacional vai à Curitiba nesta quarta-feira. Adversário desta semifinal, o bom time do Coritiba busca no seu histórico e no título de campeão brasileiro de 1985 a inspiração para voltar a ser campeão nacional. Assim como o Inter foi naquele longínquo e inesquecível 1992, após muitos anos de "jejum". E tenho a certeza absoluta de que o Inter vai a Curitiba com a gana da vitória e da classificação. O time vermelho vai novamente respeitar o seu torcedor e lutar até o último minuto pela classificação. Tenho a certeza absoluta que, no meio de um lindo e lotado estádio colorido em verde e branco, atrás de uma das goleiras, estarão milhares de colorados, cantando no "Alto da Glória", com a "camisa vermelha" para "começar a festa". Preparem-se corações apaixonados por Inter, Coritiba, verde, vermelho e branco!

Quarta-feira, 03 de junho de 2009. Estádio Couto Pereira, em Curitiba:

Coritiba x Internacional!

O duelo centenário da próxima quarta-feira é somente o início da luta para possibilitar a conquista de mais uma glória na história do Coritiba - e do Inter, é lógico!