17 de janeiro de 2013

O Internacional no rumo de 2013



Por Luciano Bonfoco Patussi
17 de janeiro de 2013

O Internacional está na serra gaúcha, onde faz sua pré temporada, visando as competições do ano de 2013. Neste ano, terá pela frente muitas dificuldades, tanto devido à renovação de parte da equipe profissional, quanto também e, principalmente, em virtude da construção de um bem maior para todo o seu torcedor: o Novo Beira Rio, reforma que fará com que o time atue fora de seu estádio por um período considerável. O torcedor e o associado precisarão compreender esse momento e apoiar o clube, de maneira ainda mais incisiva, diante dos obstáculos que surgirão!

COMPETIÇÕES

Nesta temporada, o Internacional disputará o campeonato gaúcho e o campeonato brasileiro. Atuará também na Copa do Brasil, competição em que, se for eliminado em uma das primeiras etapas, acabará sendo “deslocado” para jogar a Copa Sul Americana no segundo semestre. Se avançar na Copa do Brasil, não jogará a competição continental. Isto é apenas mais um ponto contraditório a ser debatido em relação ao calendário do futebol brasileiro. Mas isso é outro assunto.

APOIO E COBRANÇA COERENTE

Defendo que o torcedor deve, além de ser um fervoroso apoiador do seu time, atuar como fiscal em relação às ações tomadas pelo clube do seu coração, apoiando com força e discordando democraticamente e coerentemente de determinadas ações, quando necessário.

DEPARTAMENTO DE FUTEBOL E COMISSÃO TÉCNICA

Reconheço que fiquei satisfeito com a definição da gerência de futebol e do comando técnico do Internacional para 2013.

Newton Drummond tem experiência e qualificação para conduzir gerencialmente as mudanças que o clube efetuará a partir deste momento – ações que, vale lembrar, já deveriam ter sido tomadas ao final de 2010!

Paulo Paixão é seguramente um dos três profissionais mais gabaritados e reconhecidos da preparação física do futebol brasileiro. Chega ao Internacional para solucionar uma questão que foi fortemente discutida em 2012, em relação ao preparo atlético da equipe colorada.

Dunga fez um trabalho de alto nível no comando técnico da seleção brasileira. Se tivesse que, particularmente, avaliar todas as circunstâncias do trabalho de Dunga em frente ao selecionado nacional, fazendo uma avaliação de 0 a 10, daria tranquilamente nota 8 ou 9.

TRABALHO RESPALDADO E DE LONGO PRAZO

Em minha visão, o Internacional passa a ter condições de formar um time competitivo já em 2013, isso se esta comissão técnica tiver o respaldo necessário para tal realização. Mas o trabalho deve ir mais além. A direção deve avaliar desde o primeiro dia de treinamentos na serra gaúcha, todas as atividades desenvolvidas, comprometimento dos atletas, resultados de competições e produtividade.

Isso desencadeará em uma possibilidade muito boa já em 2013 e maior ainda em 2014, isso se for dada a devida sequência de trabalho, com a realização da correção de desvios que possam ocorrer no decorrer das atividades. Assim é que se faz futebol!

Colocada a primeira impressão sobre a comissão técnica, é momento de falar sobre as questões que envolvem os jogadores – contratações, dispensas e negociações em geral.  

Abaixo, destaco minha particular opinião sobre alguns aspectos da equipe colorada na atualidade.

DISCORDO

Negociação de Renan e manutenção de Lauro no elenco:

Renan é um goleiro de bom nível técnico e foi formado na escola do Internacional. O Goiás, seu novo clube, não precisará se preocupar em formar um novo goleiro nos próximos anos. Se tudo ocorrer dentro da normalidade que espero, dentro de seis meses, até no máximo um ano, Renan assumirá a titularidade do time goiano.

Lauro, apesar de ter vivenciado um momento importante no clube tempos atrás, poderia ter sido envolvido em alguma negociação. O equívoco maior ocorreu na época da renovação de seu contrato, momento em que a direção optou por renovar o vínculo, se não estou enganado, até o final de 2014. Uma avaliação totalmente equivocada, em minha visão. Talvez este tipo de ação tenha motivado Renan a buscar novos ares.

Saída de Guiñazú:

Afirmo desde 2008 que Guiñazú é um ídolo colorado e teria tudo para se firmar na galeria dos grandes atletas do Internacional, isso se mantivesse o seu nível de atuações nos anos subsequentes. Manteve e fez mais. Conquistou títulos. Jogou a cada dia melhor.

Porém, chegou o momento em que Guiñazú quis sair do Internacional. Deixou o clube pela porta da frente, tendo atuações sempre média 8 ou 9. Quando atuava mal, era nota 7. Discordo de sua saída, mas se fosse dirigente, não complicaria sua rescisão.

Ofertaria novo contrato em respeito ao que o atleta já fez pelo clube e até para não perder o jogador sem efetuar qualquer reação. Mas reconheceria que não seria isso que mudaria sua cabeça e seu pedido de rescisão. O desejo de sair chegou. Guiñazú é um ídolo colorado e muito já fez pelo clube! Saiu, repito, pela porta da frente!

Manutenção de Índio e “não contratação” de Lúcio:

Sou profundo admirador de tudo o que Índio já fez – e ainda faz – pelo Internacional. Mas o início da temporada talvez fosse o momento de o clube buscar qualificação e renovação de ares no setor. Talvez com a contratação de Lúcio e a liberação de Índio.

O Internacional liberaria um ídolo, que sairia do clube pela porta da frente – assim como Guiñazú, e traria outro, veterano e com histórico de seleção brasileira.

Apesar de ter quase 35 anos de idade, Lúcio representaria uma renovação no setor. Porém, não sei se por falta de interesse do Internacional no atleta ou demora em alguma negociação - o que não sei se existiu, o fato é que Lúcio assinou contrato com o São Paulo. Vai jogar no Morumbi. O São Paulo não precisou pagar sua rescisão.

Especulação sobre Gabriel:

A mídia está divulgando e o Internacional não confirma oficialmente, mas é provável que Gabriel, 31 anos de idade, assine contrato com o clube. Pode ser que dê certo. É óbvio. Mas em uma avaliação de gestão de riscos, é bem mais provável que o destaque da lateral direita do Fluminense no campeonato brasileiro de 2005 – fato ocorrido há oito anos – acabe não correspondendo à expectativa nele depositada. Se for confirmada sua contratação, torceremos pela reedição de suas atuações dos tempos de Fluminense. Sabendo que a chance de não dar certo, avaliando o histórico dos últimos anos, é maior.

CONCORDO

Liberação de Nei:

Nei é um atleta voluntarioso, dedicado e qualificado. Mas tudo chega a um limite. A passagem de Nei pelo Internacional teve seu ciclo encerrado. A decisão será boa para o Internacional, para o próprio Nei e, tenho certeza, para o clube que acertar com o lateral direito campeão da Libertadores de 2010. O momento é de renovar. Cláudio Winck precisa ter oportunidades.

Rescisão de Bolívar:

Tenho minha opinião e avalio questões diversas, além de única e exclusivamente importantes e memoráveis títulos conquistados. Por isso e sem entrar em detalhes, assino embaixo a decisão diretiva de rescindir o contrato do capitão colorado na conquista do bicampeonato da Libertadores. Assino embaixo e com data retroativa, já em 2010!

Venda de Dagoberto:

Assim como fui favorável à contratação do atacante, reconheço que a sua negociação com o Cruzeiro veio em excelente momento. Os cofres do clube receberão aporte financeiro em um ano que será mais difícil do que o normal, devido principalmente ao fato de o time atuar fora de casa durante um período longo. Além disso, atacantes como Cassiano e Gilberto, por exemplo, terão maiores oportunidades de buscar afirmação no time.

Retorno de Gilberto:

Muitos discordam, mas acho que Gilberto é um atacante com muito potencial. Sua volta ao elenco do Internacional poderá trazer benefícios para o time, em minha opinião.

Willians:

O volante Willians tem o estilo de marcador “carrapato”, totalmente tático e cumpridor de funções defensivas. Pelo que demonstrou no Flamengo em alguns campeonatos brasileiros que disputou, Willians tem totais condições para buscar seu espaço no Internacional e colaborar diretamente para o sucesso do time.

Manutenção de Damião:

Dias atrás, conversando com Saul Pacheco e João Pansera Neto, outros fervorosos colorados de minha rede de amizades, chegamos a uma conclusão óbvia e, ao mesmo tempo, de complexa compreensão. Leandro Damião é, simplesmente, o maior camisa 9 revelado pelo Internacional nas últimas décadas. Não digo formado pelo Internacional, mas revelado! Embora todo o aporte que o clube ofereceu, desde sua chegada, tenha colaborado na formação e evolução profissional de Damião, em todos os quesitos!

Basta vermos os números obtidos, o rendimento do atleta com a camisa colorada e as atitudes do jogador, que é presença marcante nas convocações da seleção brasileira e que demonstra não querer sair do Internacional tão cedo, a não ser que seja para um clube do primeiro escalão do futebol europeu!

Isso o torcedor tem que valorizar, e a diretoria também – o que está sendo feito! É preciso fazer esforço para manter no elenco o maior camisa 9 revelado pelo Internacional nos últimos tempos!

ESPERAR PARA VER

Caio e Vítor Júnior:

Revelado pelo Botafogo, onde era aclamado como talismã por boa parcela do torcedor, Caio acabou indo atuar no Figueirense. É jovem. Vamos aguardar o decorrer do tempo para uma maior avaliação.

O mesmo vale para Vítor Júnior, revelado pelas categorias de base do Internacional. O meia atacante rodou por vários clubes, até retornar às suas origens, para defender o time colorado em 2013.

Por ser um atleta com 26 anos de idade, e considerando seu histórico dentro dos grandes clubes onde jogou, a chance de esta contratação ser proveitosa gira em torno de 30%, em minha particular primeira avaliação. Porém, além de profissional, Vítor Júnior é colorado de nascimento. Talvez o ambiente do clube e o fato de trabalhar com Dunga o auxilie no aumento deste percentual de probabilidade de acerto e o atleta possa ser importante dentro do elenco.

ATLETAS DIVERSOS

Os experientes Forlán e Juan terão tudo para se firmar no time colorado, após a realização de uma boa pré temporada. A não ser por algum comprometimento físico, estes dois atletas não me preocupam. Conheço o potencial técnico de ambos. Ter técnica diferenciada faz a diferença em jogadores mais experientes!

É preciso o clube valorizar talentos como os zagueiros Moledo, Jackson e Romário, na busca pela renovação gradativa do sistema defensivo.

Creio que jogadores como Josimar e Elton poderiam ser envolvidos em alguma negociação, pois além de Igor e do recém contratado Willians, existem jogadores na base para suprir essas posições, tais como Augusto, Marlon Bica, Rodrigo Dourado e outros que buscam seu espaço. Isso sem falar em Bolatti, cuja situação ainda é indefinida.

Sou admirador do futebol de D’Alessandro. Entretanto, entendia que se houvesse proposta boa para o clube, seria chegado o momento de uma renovação nesta posição também. Como isso não aconteceu, basta torcermos para que o camisa 10 colorado tenha uma ótima temporada e seja decisivo para o plantel, comandado agora por Dunga e com o preparo de Paulo Paixão.

Fica a mesma torcida pela recuperação do bom futebol que o lateral esquerdo Kleber pode apresentar. De contrato renovado, sabemos da qualidade que Kleber possui. Além dele, o clube conta com Fabrício e com o jovem Zé Mário, buscando espaço na posição.

Dátolo é um jogador que ainda precisa provar mais dentro do Internacional. Tem qualidades reconhecidas, mas foi muito prejudicado pelas lesões. Deve permanecer no elenco em minha opinião, pelo menos por mais uma temporada.

Fred é outro talento que o Internacional precisa valorizar. Quando eu achava que seria impossível o surgimento tão rápido de algum atleta para suprir a saída de Oscar, eis que Fred passou a assumir a responsabilidade no meio de campo colorado. Jovem, veloz, talentoso tecnicamente e promissor. O Internacional precisa ter máxima atenção com este atleta.

Fico imaginando um meio de campo formado com um trio composto por Giuliano, Oscar e Fred. O quarto nome nem faria tanta diferença. O azar seria dos adversários! Fred tem que ser valorizado, trabalhado e mantido no elenco colorado o máximo tempo que for possível.

FINALIZANDO

De modo geral, finalizo aqui esta análise e avaliação sobre os principais pontos relativos ao time do Internacional para o decorrer do ano de 2013. As ações e resultados, poderemos conferir já a partir das próximas semanas, quando o time colorado entrar em campo, fardado de vermelho e branco, em busca da competitividade necessária para tornar a equipe postulante ao título nos campeonatos em que atuar.

7 de janeiro de 2013

Ídolo Guiñazú: a saída pela porta da frente


Por Luciano Bonfoco Patussi

07 de janeiro de 2013

Guiñazú chegou ao Internacional em 2007. A ideia da diretoria e da grande maioria do torcedor colorado, na época, era ter um substituto, no campo e na alma, para a saída de Paulo César Tinga, ocorrida um ano antes. Em setembro de 2008, escrevi o texto que pode ser visualizado através do link abaixo:


Se você leu o texto publicado no link acima, o restante da história você já conhece. Guiñazú teve aproximadamente cinco anos e meio defendendo as cores vermelha e branca do Internacional. Quase trezentas partidas. Poucos gols. Doação de juvenil no auge dos “30 e tantos” anos de idade.

Além disso, Guinãzú auxiliou na implantação do time que Tite, hoje treinador campeão mundial no Corinthians, sempre defendeu em seus clubes: times com toque e POSSE de bola qualificada. Sua passagem no Internacional poderia ser chamada de Era Guiñazú. O Internacional ganhou muito com isso. “El Cholo” sempre foi um monstro defendendo seu time. Jogava lesionado e completava noventa minutos com fôlego para mais noventa. Aparecia para receber passes e tabelar. Dava opção de jogada para seus companheiros e jamais se omitia. Jamais! Combatia adversários como ninguém!

Por opção particular, pediu para sair do clube em janeiro de 2013. O lado humano também deve falar alto nesse momento. Há anos atrás, Guiñazú teve proposta para sair – quem lembra do São Paulo? O Inter não aceitou. O atleta ficou e não fez “beicinho”, como popularmente se diz para quem fica insatisfeito com determinada situação. Não fez nada além da sua obrigação, podem pensar! É verdade. Mas muitos fariam “beicinho” e ainda seriam idolatrados.

Em cinco anos e meio, Guiñazú ergueu um montante de nove troféus. Foi melhor volante do campeonato brasileiro. Venceu a Taça Libertadores e a Copa Sul Americana. Perdeu as contas de títulos estaduais obtidos neste período. Fez mais do que isso: como um ídolo gigante, saiu pela porta da frente. Recebeu proposta para jogar Libertadores em um clube onde receberá salário bem menor. E aceitou. Pediu para sair. Entendeu ser chegado o momento de sair – o que discordo, mas respeito. Se fosse presidente do Inter nesse momento, também não me omitiria ao pedido de Guiñazú. Por tudo o que o atleta fez “a mais do que se esperava”, eu ficaria envergonhado de não lhe atender nesse humilde pedido.

Guiñazú sai do Internacional próximo aos 35 anos de idade e vai jogar no Libertad, do Paraguai. Fôlego de adolescente, futebol de gente grande, assiduamente convocado para a seleção argentina e eleito para a Seleção das Américas do jornal El Pais, do Uruguai. Leitores, este cara é fora de série!

Fica aqui o meu particular registro e a gratidão ao atleta Pablo Horacio Guiñazú, pelos serviços prestados ao Internacional durante mais de cinco anos. Em minha particular opinião, Guiñazú é um verdadeiro ÍDOLO COLORADO! Em minha visão, muito próximo ou igual ao que representou a passagem de Iarley pelo Inter, entre outros grandes jogadores. Acredito que a camisa 5, após a era Falcão, jamais caiu tão bem em nenhum outro atleta do Internacional depois da saída do Rei de Roma em 1980 – sem qualquer tipo de comparação técnica!

Mais sobre o ídolo colorado Pablo Horacio Guiñazú pode ser conhecido abaixo:

http://www.guinazu5.com/portal/