12 de agosto de 2008

OPINIÃO: Formatando a "cara de time" do Inter

Estamos às vésperas de mais um clássico Gre-Nal. O clássico de maior rivalidade do futebol brasileiro da próxima quarta-feira, 13 de agosto, será válido pela Copa Sul-Americana 2008. Enquanto torcedor colorado e analista – opinião pessoal – entendo que esta partida deve ser o “divisor de águas” do atual momento do time rubro. Ou o time apresenta, agora, a “cara do time”, ou ficaremos o restante do ano no “mais ou menos”. No “oito ou oitenta”. Para que esta realidade mude, a partir do clássico, é imprescindível a tomada de algumas atitudes pelo nosso treinador.

Tite já teve tempo suficiente para conhecer o grupo de jogadores do Inter pessoalmente. Até mesmo porque ele já vinha acompanhando o trabalho realizado no Beira-Rio, antes mesmo de ser contratado – segundo ele. Portanto, já tinha uma noção dos jogadores que aqui iria encontrar, e suas respectivas qualidades a serem exploradas (bem como os pontos fracos de cada um, a serem trabalhados). O que quero expor com o que foi dito anteriormente?

Quero dizer que Tite já devia saber há meses que Wellington Monteiro não é lateral-direito. O “lateral Wellington” foi uma das tantas invenções do vitorioso Abel Braga, mas que, neste caso, não deu certo. Na prática, a idéia não funciona. Está provado. Devia saber também que Edinho, Guiñazu, o próprio Wellington, mais Rosinei e Magrão, são volantes. Cada um com sua característica, mas são volantes. Ou seja, que joguem apenas dois, os melhores! Em resumo, deve jogar Guiñazu e apenas mais um dos citados acima. Não é possível querer juntar todas essas peças em uma mesma equipe.

Além disso, outro importante ponto é Nilmar. O craque da Beira-Rio não pode jogar enfiado entre três postes de 1,90 metro de altura, recebendo passes feitos com imprecisão por meia dúzia de volantes. Fora isso, Tite deve ter algum conhecimento – pois é treinador de futebol – que a meia-de ligação é uma função importante em um time de futebol. É uma meia-cancha de qualidade que faz o time jogar, que dita o ritmo do jogo: acelerado, moderado ou lento e sem qualquer objetividade. Antes, tínhamos somente Alex (firmado na posição). Taison ainda é novato. Sequer sabemos se o jovem é meia-de-ligação ou atacante. Mas agora, além de Alex, temos D’Alessandro e o próprio Daniel Carvalho, que podem fazer com maestria a função de criação de jogadas, mesmo que Daniel seja praticamente um ponteiro-esquerdo.

Temos que ter a definição dos onze titulares. Temos problemas para escalar, como lesões, suspensões. Porém, é preciso definir um time. Com Wellington não sendo lateral e com Bustos não tendo se firmado, a lateral-direita é um problema crônico atualmente. Jonas já mostrou a que não veio. Ângelo foi afastado sem muita explicação. Então, que a camisa 2 seja largada para o Ricardo Lopes. Que treine e jogue. É muito aquém do que o Inter deve almejar como titular. Mas bem treinado, pode, pelo menos, não comprometer.

Talvez, devido à grande quantidade e qualidade de zagueiros, hoje Tite possa considerar a possibilidade de fazer o Inter atuar em um esquema 3-5-2. Talvez. Mas isso é só uma opinião particular de quem aqui escreve. Clemer ou Renan não me preocupam no gol, seja qual for o titular. Minha preferência é Renan, que dizem estar negociado com o futebol europeu. Neste caso, Clemer e suas faixas segurarão, juntos, a camisa 1, sem problemas. Na zaga, também não teria preocupação alguma, visto que temos Índio, Bolívar, Sorondo e Álvaro para disputar três vagas – sobrando Álvaro na suplência em um primeiro instante, até ter tempo para provar a que veio e mostrar ser superior aos demais titulares. Como ala, Gustavo Nery assumiria a função pelo lado esquerdo. Pelo lado direito, a ala é uma incógnita – a função ficaria com Ricardo Lopes em um primeiro momento, podendo-se testar Rosinei ou até Magrão, para ver qual jogador daria uma melhor resposta atuando por aquele lado. No meio de campo, Guiñazu ficaria à frente da defesa, com Alex e D’Alessandro cumprindo a tarefa de armar jogadas – tendo também funções defensivas. Daria também para optar por um meio-campo um pouco mais resguardado, com Alex pela ala-esquerda e Edinho, Monteiro ou Magrão atuando na meia, junto com Guiñazu e D’Alessandro. E no ataque, acho indiscutível que teremos dois jogadores de nível extraordinário atuando e revezando os ataques pelos lados do campo e também chegando na área para marcar gols – Nilmar e Daniel Carvalho. Luis Carlos, Walter ou Guto ficariam lutando e aguardando oportunidades que sempre surgirão, seja para mudar um resultado durante uma partida ou por causa de lesões e suspensões dos titulares. Para o clássico, praticamente todos estarão à disposição, exceto Renan, Sorondo e Alex. Grupo o Inter tem para formar um time titular dos melhores do Brasil. Há algumas deficiências em determinadas posições. Mas dá, e muito bem, para se formatar uma boa equipe.

Logicamente, no papel isso tudo é muito fácil de ser analisado. Não sou eu, nem qualquer um de nós, que vamos treinar a equipe e fazê-la jogar da melhor forma possível. Esta tarefa está com Tite. Ele é quem deve tentar armar a equipe e dar à nós oportunidade de ver em campo um time com “cara de time”, que seja capaz de entrar em campo e apresentar um futebol de grande qualidade, buscando e alcançando as vitórias. E Tite vai conseguir. Essa é nossa torcida. Nesta quarta-feira, só queremos que o time entre em campo e honre a camisa vermelha e as quase duas dúzias de vitórias a mais em Gre-Nal. Vantagem de vitória em clássicos que, diga-se de passagem, o Inter tem há mais de seis décadas sobre o rival da Azenha. O Inter deve respeitar o Grêmio, mesmo que o tricolor jogue o clássico com time titular, misto, reserva ou “banguzinho” – como gostam de afirmar alguns de seus dirigentes, mas que na “hora H” atua com uns oito ou nove titulares. Só assim vamos vencer: com respeito, humildade e vontade de ganhar a qualquer custo. O Gre-Nal sempre é difícil, independentemente do momento de cada equipe.

Precisamos respeitar, torcer e apoiar o time – criticar construtivamente, quando for o caso. Mas devemos fazer isso com vontade e sempre, tudo em busca da afirmação, da “cara de time”, da classificação e da arrancada no brasileirão em busca da vaga na Copa Libertadores no ano do centenário.

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