Por Luciano Bonfoco Patussi
23 de dezembro de 2010
TREINADOR: o Internacional fechou acordo com o técnico Celso Roth, mantido no clube com contrato assinado até o final do ano de 2011. Particularmente, eu defendia uma mudança no comando, desde que esta alteração significasse a contratação de Dorival Júnior, Carpeggiani ou Falcão – este último em nível de aposta com identificação, grife e capacidade. Fora estes nomes, não haviam opções viáveis dentro do futebol brasileiro, com reais possibilidades de contratação. Basta analisar e conhecer este mercado para se chegar a esta conclusão. Entretanto, agora é chegado o momento derradeiro para a direção colorada encaminhar 2011: é hora de negociar e anunciar reforços e dispensas para o time.
RENOVAÇÃO FRIA E CALCULADA: particularmente, sou contra a realização de uma verdadeira revolução no elenco do Inter. Não é o momento para realizar uma política de "terra arrasada". Entretanto, defendo a contratação de, pelo menos, cinco atletas em nível de trabalhar pela titularidade – com qualificação comprovada. Estes atletas deverão preencher carências que a equipe possui e que não podem ser escondidas, sob pena de comprometer toda a nova temporada. Esta renovação deverá ocorrer, mas de forma cautelosa, até para que não se repitam os erros cometidos em 2007. Logicamente, é preciso saber que não basta haver o interesse em um jogador para que este venha para Porto Alegre. É preciso criatividade nas negociações, “bala na agulha” e, mais do que isso, arrojo.
JOVENS NO ELENCO: além destes reforços, o Inter precisaria dispensar aproximadamente sete atletas – ou até mais, para liberar espaço para os jovens das categorias de base poderem aparecer como opção válida no elenco. Para isso, ação e criatividade serão necessárias, buscando recolocar em outros times atletas que serão afastados do grupo principal. Abaixo, seguem minhas convicções – sempre lembrando que esta é uma avaliação de quem está fora do ambiente do vestiário do Inter. Além disso, nada como o tempo: no futebol, o tempo prova quando estamos corretos ou equivocados, além de criar surpresas, fazendo-nos mudar até mesmo conceitos firmados anteriormente.
GOLEIROS: defendo a contratação de um goleiro diferenciado, nem que este reforço chegue ao Internacional na metade do ano. O Inter deveria negociar Lauro com outro clube e não renovar o empréstimo de Renan, que termina na metade de 2011. Assim, Agenor e Muriel ganhariam espaço para, finalmente, poderem ter participação real no elenco convocado para os jogos. Gomes, goleiro do Tottenham, completará 30 anos, tem 1,90m de altura, uma qualificação que o levou à seleção brasileira e, além disso, já manifestou o desejo de voltar a jogar no Brasil.
Fábio, arqueiro do Cruzeiro, possui qualidade reconhecida, 30 anos, 1,90m, tem seu contrato terminando e, talvez, uma boa proposta consiga lhe seduzir, fazendo com que o melhor goleiro do campeonato nacional de 2010 troque de casa, jogando em Porto Alegre a partir da metade de 2011. Reconheço a dificuldade nestas negociações, mas precisamos pensar e, mais do que isso, planejar grande.
ZAGUEIROS: a renovação contratual de Índio foi um equívoco da direção, em minha avaliação. O correto seria encerrar o seu contrato ao final de 2010, homenageando o jogador de todas as formas possíveis, liberando o mesmo para negociar com outros clubes. Agora, Índio tem contrato até 2012 e o Inter deveria, em minha ótica, buscar algum clube interessado, para poder liberar o atleta. Sorondo, pelo que se tem notícia, foi liberado para procurar outro clube para jogar. Sempre admirei o futebol do uruguaio, mas a decisão diretiva, neste caso, foi acertada. É necessária uma renovação e uma qualificação do sistema defensivo colorado, com novos nomes que cheguem ao Inter almejando a glória.
Com espaço para mais um estrangeiro no elenco, vejo que esta vaga poderia ser preenchida por um reforço de exceção para o sistema defensivo. Ganharia força, em minha opinião, o nome de Mauricio Victorino, uruguaio de 1,80m, 28 anos e com muita qualidade para comandar o setor defensivo de qualquer equipe brasileira. Atualmente, é zagueiro do Universidad de Chile e da seleção uruguaia, tendo tido presença destacada na Copa do Mundo da África do Sul em 2010. Além deste nome, Rafael Tolói do Goiás poderia ser envolvido em alguma negociação, visto que o jovem zagueiro de 1,85m e 20 anos de idade é muito bom jogador e tem muito a crescer no futebol.
LATERAIS: jogadores como Nei e Kleber devem ser mantidos no elenco. Kleber é diferenciado. Nei é voluntarioso. Uma negociação ocasional poderia ocorrer, visando uma nova contratação, desde que ela seja em nível de titularidade e melhor do que ambos citados acima. Caso contrário, o banco de reservas deverá ser preenchido por Daniel, Lima, Massari, entre outros. Bruno Silva não deve ter empréstimo renovado e deve voltar para seu clube, pois no Inter ele não apresentou os resultados esperados.
MEIO CAMPISTAS: o time colorado apresenta alguma carência no miolo de defesa. Ou seja, além de um novo goleiro e de pelo menos mais um zagueiro, o Inter sente falta de um volante defensivo. O time colorado carece de um atleta com vigor físico, especialista em desarmes, que atue de forma defensiva e que tenha como principal característica a função de defender sua área. O Inter precisa de um volante que tenha qualidades de proteção à defesa.
Wilson Mathias não possui características de primeiro volante. Basta ver os “DVD’s” de suas atuações no futebol mexicano, alheio a suas atuações no Inter, para se concluir isso. Mathias é um volante defensivo, mas não tem a característica de ser o “cão de guarda” da defesa. Para dar maior liberdade de criação a jogadores como Guiñazu, Tinga, Giuliano e D’Alessandro, o Inter precisa de um volante defensivo. Glaydson, que eu vejo como jogador importante no grupo, talvez possa ser envolvido em alguma negociação, tanto para facilitar a vinda de um reforço para as posições carentes do grupo, como para dar espaço no elenco para jovens, tais como Elton, Juliano, entre outros.
Atualmente, em minha ótica, diria que o jovem Derley é o único jogador do elenco com as características de ser um "protetor" da defesa. É jovem, possui envergadura e tem capacidade de desenvolver-se mais como profissional. Tem potencial até para, quem sabe, chegar à titularidade. Mas o Inter não pode contar apenas com Derley nesta função. Neste caso, destacaria o nome de Pierre, do Palmeiras. Com quase 29 anos de idade, o atleta é um símbolo de força no time paulista. Porém, o tempo passou, o jogador está no Palmeiras desde 2007 e, talvez, uma proposta para jogar a Libertadores em 2011 o fizesse mudar de ares.
Sua estatura mediana, porém, poderia causar um certo ar de dúvida na contratação para fazer a primeira função do meio de campo. O mesmo valeria para Willians, do Flamengo, que tem 24 anos e muita força na marcação. É de pelo menos um jogador assim que o Inter precisa: alguém com uma forte característica de marcação, para poder fazer a função de proteger a defesa. Edinho seria outra possibilidade de contratação para esta função, embora reconheça que isso renderia muitas críticas. Mas o fato é que, para a função que Edinho exerce, o elenco colorado só tem Derley.
O setor de criação de jogadas do Inter, acredito, não necessitaria reforço neste momento. A não ser que surja alguma contratação ocasionada por oportunidade única que o mercado possa oferecer. Ou então no caso de negociação de algum importante jogador colorado, como D’Alessandro ou Guiñazu. Guiñazu se enquadra mais como volante, mas a movimentação que ele proporciona a equipe é diferenciada. Sua saída provocaria tristeza na maior parte da torcida e uma desqualificação do elenco.
Nesta hipótese, seria necessário pensar em uma nova alternativa, que poderia ser: Dudu Cearense, que tem 27 anos, 1,87m e joga no Olympiakos, da Grécia; ou então Rafael Carioca, jovem e bom jogador, que tem apenas 21 anos, aproximadamente 1,80m e pertence ao Spartak Moscou.
Já em uma hipótese de saída de D’Alessandro – o que hoje é improvável, mas pode acontecer – o Inter estaria em uma situação complicada. Qual jogador poderia vir neste momento para compensar a perda técnica ocasionada por uma saída de D'Alessandro, caso isso ocorra? Este questionamento eu deixo em aberto, pois um jogador tecnicamente diferenciado seria de contratação muito difícil neste momento. D’Alessandro é um dos principais “camisas 10” em atividade no futebol brasileiro. O Inter precisa mantê-lo no elenco.
ATACANTES: eu utilizaria o atleta Alecsandro, que possui valor no mercado externo do futebol e não tem mais clima junto à maior parte da torcida, como forma de arrecadar recursos, visando a contratação de um novo e diferenciado atacante. Vejam bem, eu não venderia o Alecsandro apenas por ele não ter mais clima dentro do Beira-Rio. Eu acho Alecsandro um atacante bastante razoável e longe de ser completamente sofrível. Mas não é mais do que um atacante razoável. E o Inter está em um patamar onde necessita não apenas de um razoável marcador de gols. O Inter precisa e clama por um centroavante diferenciado.
Neste caso, nem cogitarei o nome de Luis Fabiano para debate. Este seria um atacante de exceção, que chegaria, vestiria a “camisa 9”, sairia jogando e colocaria ponto final a qualquer debate. Das possibilidades nacionais de reforços, admiro o futebol de jogadores como Diego Tardelli, do Atlético Mineiro. Além de reconhecido goleador, Tardelli tem velocidade e não fica facilmente preso na marcação. Isso o torna diferente e qualificado. Kleber do Palmeiras é outro grande atacante que atua no futebol brasileiro, apesar de polêmico. Rafael Moura, pela sequência que teve em 2010, seria um nome agradável para reforçar a equipe. Estas são apenas algumas opções de reforços que eu, na minha humilde opinião, aprovaria.
A direção acertou, ainda, em não renovar contrato com Ilan e em liberar Edu para negociar. Edu talvez sirva como moeda de troca em uma negociação por algum novo reforço para o plantel colorado. No futebol se acerta e se equivoca. Porém, se deve buscar, sempre, errar o menor número de vezes possível. Como fazer isso? Estabelecendo critérios para realizar as contratações. Trabalhar com contratação de atletas sem jamais errar é impossível. Mas minimizar erros é importante dentro do planejamento e do orçamento.
Com base nisso, espero ter contribuído para que se inicie um belo debate, discutindo em torno de possíveis novos reforços que o Internacional deverá buscar, visando iniciar o ano de 2011 tendo em mente a mesma ideia e filosofia que o Inter tem desde 2002: a busca pela excelência contribuindo para a competitividade que possibilitou a conquista de títulos anuais em sequência. Os equívocos cometidos, mais precisamente em 2007 e alguns que possam ter acontecido em 2010, devem ser avaliados e servir como aprendizado.
Críticas, sugestões e opiniões contrárias as minhas sempre serão muito bem recebidas e avaliadas. Um bom debate à todos. Saudações esportivas e coloradas!
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