26 de fevereiro de 2009

DEBATE - Internacional x Novo Hamburgo

Por Luciano Bonfoco Patussi
26 de fevereiro de 2009
www.supremaciacolorada.com

O Internacional entrará em campo hoje com diferenças na equipe que vinha atuando há algum tempo. Sem Alex, vendido ao futebol russo, D’Alessandro passará a ser o único jogador com características fortes de armador do meio-campo colorado. Deverá ser assessorado nesta tarefa por jogadores vindos de trás – Kleber, Guiñazú e Magrão – e também por Taison, que está orientado por Tite para buscar o jogo – mas também jogar ao lado de Nilmar. Assim, o Internacional enfrentará o Novo Hamburgo, no Beira-Rio, em busca de uma vaga na decisão do primeiro turno do campeonato gaúcho de 2009 – Taça Fernando Carvalho.

Acredito que o time começa a tomar forma com essa escalação. Eu acreditava, anteriormente, que a equipe deveria jogar com dois meio-campistas mais avançados e com dois atacantes. Mas a derrota em Rondonópolis, para o fraco União, causou dúvidas. Uma delas diz respeito aos três volantes. Passei a analisar e acreditar que a equipe colorada ficará mais equilibrada, ainda mais jogando com três volantes do estilo de Sandro, Magrão e Guiñazú – independentemente do posicionamento, os três sabem jogar. Eles não são o tipo de jogador que apenas está escalado porque “rosna” e “come grama” na frente da defesa. Eles sabem jogar e isso poderá facilitar o novo esquema de jogo adotado. Mas ainda assim, vejo ainda duas situações que deveriam mudar para o time ficar mais compacto e mais equilibrado em todos os setores.

PRIMEIRO: Quando são escalados três volantes e apenas um armador no meio-campo – mesmo que os cabeças-de-área saibam jogar com qualidade – é muito importante o time ter o apoio qualificado dos laterais – pelos dois lados do campo. Bolívar pela lateral direita, assim como era Marcão pelo lado esquerdo, compõe muito bem o sistema defensivo em uma linha com quatro zagueiros, que foi utilizada por Tite com sucesso na Copa Sul-Americana de 2008. Isso porque a formatação tática dos times estrangeiros também ajudou no sucesso da linha de quatro defensores do Inter. Mas no futebol do Brasil é diferente. Quando a equipe passa a ter apenas um armador de ofício, é fundamental o time ter a passada com qualidade dos dois laterais no apoio ao ataque. E todos sabem, Bolívar na lateral direita pode ser sinônimo de defesa forte no lado direito e, ao mesmo tempo, de “hectares de campo vazio” pelo setor direito de ataque.

Talvez fosse o momento de a direção do Internacional investir na contratação de um lateral direito formado. Um jogador que chegue e vista a camisa dois titular do Inter. Um jogador bom na defesa e bom no apoio. Assim, as apostas Arílton e Danilo teriam mais tempo para evoluir e para não “se queimar” com o torcedor. Quando no início do ano, em debates na Internet, eu citava Wagner Diniz e Ruy como sendo jogadores com contrato encerrando ao final do ano – e que poderiam ser contratados gratuitamente, muitos diziam que eles não serviam para o Internacional. Um deles parou no São Paulo. O outro, parou no rival Grêmio, sendo uma das principais figuras do time comandado por Celso Roth. Por isso insisto: O Internacional precisa trazer um lateral direito com qualificações ofensivas. Disso dependerá parte do sucesso coletivo do novo esquema de jogo de Tite.

SEGUNDO: A escalação de um centro-avante é primordial. No time dos anos 70, brilharam Claudiomiro, Flávio e Dario. No final dos anos 80, Nilson era o goleador colorado. Nos anos 90, tivemos em Gérson e Christian figuras notáveis. Na atual década, Fernandão – mesmo as vezes cumprindo funções defensivas no meio-campo – foi um camisa nove de causar inveja e fazer história. Assim sendo, acredito que a escalação de um centro-avante – Alecsandro ou o próprio Walter – dê à equipe colorada o toque de qualidade definitivo para a finalização das jogadas. Sobraria um bom jogador. Talvez Taison. Talvez um dos volantes. Mas na nova concepção de jogo do Inter, Taison acabaria sobrando para a entrada de um centro-avante. Nilmar e D’Alessandro ficariam – em um primeiro momento – escalados. E Taison seria o reserva que qualquer treinador poderia querer em sua equipe. Um meia-atacante para entrar no time no decorrer de todos os jogos – e mudar resultados. Um jogador que evolui dia-a-dia em todos os possíveis quesitos para um jogador de posição avançada.

21 de fevereiro de 2009

O NOVO CAMISA 10 DO INTER

Por Luciano Bonfoco Patussi
21 de fevereiro de 2009
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No futebol, a camisa 10 de uma equipe tem uma tradição histórica e de glória. Geralmente, cabe ao cérebro da meia-cancha de um time vestir a camisa 10, sendo a referência de qualidade técnica de todo grande esquadrão. Bom passe, boa conclusão, qualidade técnica, composição tática. Assim é o camisa 10 de uma boa equipe. Assim deve ser. Assim era Alex. Alex chegou ao Internacional em 2004, sendo uma aposta mortal e certeira de Fernando Carvalho. Aos poucos e com muita dificuldade devido a seguidas lesões sofridas, Alex foi assumindo seu lugar na equipe do Inter e na história do clube. Lesões. Superação. Títulos. Golaços. Seleção. Mais títulos. Mais títulos ainda. Quase cinco temporadas e oito faixas no peito. Mais golaços. Qualidade técnica. Sabedoria com as palavras. Alex sabe ler os acontecimentos de uma partida e contar isso tudo em uma entrevista. A mesma inteligência que demonstra com as palavras, Alex demonstrou nos gramados, a serviço do Inter. Terá sucesso no Spartak Moscou, o clube mais popular da Rússia. Assim como é o Inter no Rio Grande. Origem popular! Ambos vermelho e branco. Por isso Alex não foi para um maior centro do futebol europeu. Talvez esteja escrito nas estrelas que Alex precisa ajudar a torcida de um clube com origem popular – como o Inter – a voltar aos seus tempos de vitória. E assim fará, com golaços. Com grandes atuações. Com liderança. Com títulos. Ao Alex, fica meu particular desejo de sucesso em seu novo clube e um sincero muito obrigado pelo futebol por ele apresentado e que encheu os olhos de todos os torcedores colorados e brasileiros amantes do bom futebol!

Devemos agradecer. Sim, eu acredito que devemos saudar a passagem de Alex pelo Inter. Um verdadeiro camisa 10. Enquanto torcedor, vi a camisa 10 colorada sendo vestida por Marquinhos em 1992. Foi um de meus primeiros ídolos no Inter. Grande Marquinhos, campeão do Brasil. Marquinhos tinha muita qualidade. De lá para cá, muitos atletas vestiram a camisa 10 vermelha. Entre eles, Clayton. Marcelo “Padeiro”. Tim. Nenhum deles eram bons para a posição. Longe disso. Ídolos? Nem pensar. Diferenciados? Nada. Todos estavam próximos de serem execrados pelo torcedor, devido ao seu futebol mediano, que estava aquém de nossa expectativa. Por isso, Marquinhos foi importante. Por isso, comemoramos muito quando Alex passou a atuar, com maestria, com a camisa 10 do Inter, e honrar o que ela representa na história. Foram quase cinco anos. Passou rápido. É momento de passar a gloriosa numeração para algum outro ídolo. Sem mágoa nem ressentimento.

Se D’Alessandro quiser, a camisa 10 é dele! Ele deve ficar com a 10, com a 15, com a numeração que ele quiser. Entretanto, ele é o jogador mais qualificado, disparadamente, para ser o novo ícone do meio campo colorado. Vestido com a 10. D’Alessandro deve aceitar a camisa 10. Ele precisa fazer isso! O craque argentino, que na infância era fã do uruguaio Rubén Paz – que também brilhou no Inter, nos anos 80 – tem tudo para ser o novo camisa 10 do Inter e fazer história no Beira-Rio. Com belos passes, dribles desconcertantes, golaços, catimba, atuações memoráveis. Assim, D’Alessandro será o novo camisa 10 do Sport Club Internacional. Em pouco tempo vestido com o manto sagrado, já é possível ver o tipo de jogador que D’Alessandro é. Ele não é o cara mais “metido” do mundo, como todos por aqui falavam. Ele é marrento, sim. Mas ele é simples. Ele é simplesmente D’Alessandro. Seja contra o São José, contra o Grêmio, contra o São Paulo ou contra o Boca Juniors. Ele é ele mesmo. Sempre. Aliás, nem sempre. Em jogos, digamos, menos interessantes, ele não aparece muito. A qualidade não é tão destacada. É uma falha, realmente. Mas quando o Inter mais precisa, ele joga demais. Dá passes precisos. Marca golaços. Assim foi nas fases decisivas da Copa Sul Americana de 2008. Assim foi nos jogos contra o Grêmio, maior rival colorado. Esse é D’Alessandro. Este é o jogador que deve – e merece – vestir a camisa 10 do Inter a partir deste momento. Assim deve ser. D’Alessandro deverá ser o camisa 10 do Inter no ano em que o clube completará 100 anos de uma bela e gloriosa história.

Saudações coloradas à todos! Força Inter!

Sport Club Internacional! 100 anos! 100 mil sócios!

20 de fevereiro de 2009

DEBATE - Alex, Ulbra e o padrão tático do Inter

Por Luciano Bonfoco Patussi
20 de fevereiro de 2009

ALEX – Parte da imprensa anuncia o fato de Alex estar quase vendido ao futebol russo. Falta apenas o “já famoso fax” de autorização ser enviado pelos europeus. Fatos como este – anúncio de quase venda de algum importante jogador colorado – já ocorreram umas oitenta e sete vezes de 2006 para cá. É o preço que se paga por ser organizado, ter qualidade e conquistar títulos. Mas, se de fato, Alex – desta vez – sair para jogar no exterior, fica registrado o agradecimento da torcida colorada pelos seus quase cinco anos de Inter, por seus golaços e pelas oito taças no armário. É, Alex fez história! Sucesso à Alex, embora esteja supostamente partindo para um centro menos desenvolvido do futebol europeu. Isso “se” estiver partindo, de fato!

DERROTA EM RONDONÓPOLIS/MT – Eu sou uma das pessoas que mais defendo – ou defendia – o Internacional jogando com dois meio-campistas de maior qualidade ofensiva, unidos a dois atacantes – um de movimentação e um outro mais de área. Para isso, Bolívar seria o lateral, fechando mais a defesa. Com a derrota em Rondonópolis, para o União, na estréia da Copa do Brasil 2009, aliada à provável venda de Alex, fica uma dúvida no ar: não seria melhor o Inter ser escalado com dois laterais de maior qualidade ofensiva – Kleber pela esquerda e o jovem Arílton pela direita, tentando mostrar a que veio, com o jovem volante Sandro centralizado sendo o pilar defensivo do time, tendo Magrão e Guiñazú se revezando ofensivamente e defensivamente, sendo D’Alessandro o responsável pela criatividade do meio-campo do time, com Nilmar posicionado mais pelas pontas e um centro-avante (Alecsandro ou Walter) centralizado dentro da área? Muitos vão dizer: e o Taison, que está “gastando a bola”? Realmente, o “guri” está jogando demais. Diria que é a melhor figura do time neste momento. Bom, aí neste caso sairia do time Sandro e Bolívar deveria ser o lateral do time, enterrando de vez todas as possibilidades de qualidade ofensiva no apoio pelo setor direito. Ao meu ver, está no momento de compactar o time dessa forma, com Taison – mesmo em grande fase – sendo opção como o 12º jogador titular de uma equipe que possui boas opções no elenco. Além disso, dois laterais de bom apoio, com três volantes com qualidade ofensiva e de passe no meio campo, mais um meio-campista de armação, um ponteiro e um centro-avante dariam ao time uma compactação defensiva maior, com melhores opções de saída organizada para o ataque – tanto pela direita, como pelo meio ou pela esquerda. Isso tudo se considerarmos como verdadeira a notícia da septuagésima nona venda de Alex para o futebol do exterior em apenas cinco anos.

ULBRA – Ficou definido o adversário do Internacional nas quartas-de-final da Taça Fernando Carvalho, equivalente ao primeiro turno do campeonato gaúcho. A Ulbra, de Canoas – que decidiu o estadual de 2004 contra o mesmo Inter, será o adversário colorado em jogo único nesta fase. O Internacional está a três jogos (todos no Gigante da Beira-Rio) de garantir presença na final do campeonato gaúcho – tendo chances de, se conquistar o segundo turno, vencer o campeonato estadual por antecipação. Mas para isso, muito respeito com os adversários e organização tática serão fundamentais. Alô, Sr. Adenor! Tite, tens ao seu dispor uma equipe de trabalho de causar inveja a qualquer treinador sul-americano e mundial!

Por enquanto, era isso. Fica a opinião exposta para debate! Um ótimo carnaval à todos!

Saudações coloradas!

Inter – 100 anos. 100 mil sócios! Associe-se você também!

15 de fevereiro de 2009

EM BUSCA DA COPA ESQUECIDA NO TEMPO


Por Luciano Bonfoco Patussi
15 de fevereiro de 2009
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Após uma grande campanha, onde foram eliminados pelo “Colorado da Beira-Rio” adversários da estirpe de Corinthians, Grêmio e Palmeiras, o Internacional ergueu a Copa do Brasil, em uma emocionante decisão. A partida final, contra o Fluminense, foi dramática, a ponto de o time carioca, até hoje, reclamar do gol de pênalti duvidoso, marcado em uma cobrança raivosa do zagueirão Célio Silva, próximo ao final do jogo. Célio Silva fez história naquela boa equipe, que possuía também outros bons valores como Fernandez, Pinga, Daniel Franco, Élson, Ricardo, Marquinhos, Caíco, Maurício, Gérson, entre outros.

O cenário descrito acima representa o que aconteceu no segundo semestre de 1992, culminando em dezembro com a conquista da Copa do Brasil daquele ano, pelo Internacional - foto do time campeão em destaque. Após treze anos da última conquista (campeonato brasileiro de 1979), o Inter tornava a dar uma nova volta olímpica nacional. Foi uma importante vitória!

Poucos meses depois daquele feito, estávamos no início de um novo ano. Após eliminar o Ji-Paraná, de Rondônia, com goleadas de 6x0 e 9x1, o Internacional, que buscava o bi-campeonato da Copa do Brasil, deparava-se contra o Londrina, do Paraná. Após empate em 1x1 no norte paranaense, o Inter precisava apenas de um empate em 0x0 para passar à próxima fase do torneio.

O problema é que naquela noite, o Beira-Rio estava tenso, devido ao 0x0 que persistia até próximo do final da disputa. Erros ocorriam, o time não se acertava. Eis que, em um rápido contra-ataque, próximo aos quarenta minutos do segundo tempo, o Londrina abriu o placar. Um silêncio do tamanho do planeta tomou conta do estádio. Era preciso marcar um gol para levar a decisão para os pênaltis. Mas se o time se jogasse em cima do adversário, corria o risco de levar o segundo gol e terá eliminação sacramentada. Nenhuma novidade positiva para o torcedor colorado aconteceu até o final daquele jogo. Após o apito final, o Londrina vibrou com a vitória e o Inter acabou eliminado da Copa do Brasil de 1993. Era o início de uma triste sina.

De 1994 em diante, eliminaram o Inter da Copa do Brasil equipes como Ceará, Fortaleza, Paraná, América Mineiro, Juventude, Vitória, Paulista de Jundiaí e Sport Recife. Se não estou enganado, até o Clube do Remo, de Belém do Pará, passou pelo Inter em um desses anos passados. Os times do Inter não eram confiáveis. E além disso, não havia muito planejamento. Os resultados não poderiam ser diferentes. Mas enfim, é chegada à hora de dar a volta por cima para repetir uma importante conquista, que foi alcançada pelo Colorado uma só vez, há 17 anos. Um título de Copa do Brasil garante o clube na disputa da Copa Libertadores da América do próximo ano, dando a tranqüilidade necessária para a equipe disputar o campeonato brasileiro – e tentar conquistar mais um importante título no decorrer do ano!

Em pouco tempo, o Internacional estará no Mato Grosso. Um Estado acolhedor, que possui muitos gaúchos e descendentes por lá vivendo. Da mesma forma, muitos colorados! Será o início da Copa do Brasil de 2009. Os torcedores de Rondonópolis e arredores devem comparecer e prestigiar o time colorado e também o time da casa. No ano do centenário, não seria nada ruim – muito pelo contrário – uma conquista nacional sendo alcançada já na primeira metade da temporada. Assim sendo, a vaga na próxima Libertadores seria obtida de forma antecipada, bem como mais uma taça seria guardada no armário, mais uma faixa seria colocada no peito e o vermelho tomaria as ruas e as manchetes, novamente!

Mas nós torcedores temos uma responsabilidade: precisamos “fechar” junto com este time, a cada fase, a cada “mata-mata”. Não será fácil. Apesar da ausência dos times que irão disputar a Copa Libertadores, devemos lembrar que a Copa do Brasil sempre, ano após ano, apresenta surpresas. Além das surpresas, grandes clubes como Corinthians, Santos, Flamengo, Fluminense, Botafogo e Atlético Mineiro devem vir com sede de vitória. Será uma grande disputa. O apoio deve ser total, como sempre. Da mesma forma que foi contra o Palmeiras e o Fluminense 17 anos atrás. Da mesma forma que foi contra LDU, Libertad, São Paulo, Boca Juniors, Chivas e Estudiantes, mais recentemente.

Em campo, o time deve sentir que precisamos dessa copa. Queremos essa conquista. Precisamos saber e fazer o time entender que esse título pode trilhar um decorrer de 2009 mais tranqüilo, onde poderemos buscar ainda mais conquistas, visando abrilhantar mais ainda o ano do centenário colorado. Precisamos respeitar todos os adversários, sem temê-los. Esse time poderá fazer história novamente! Esse é o nosso desejo! Essa é a vontade de toda torcida do Internacional!

Quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009, União de Rondonópolis-MT e Internacional. Pode ser o início de mais uma glória. Vamos acreditar, torcer e lutar!

Muita força, Inter! 100 anos. 100 mil sócios!

A salvação de uma vencedora e colorada geração

Por Luciano Bonfoco Patussi
15 de fevereiro de 2009
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O Gigante da Beira-Rio é tomado por uma imensa multidão. A dificuldade e a derrota imposta no jogo de ida das semifinais do gauchão dão àquela partida um tom tenso e decisivo. O Internacional precisava dar uma resposta ao seu apaixonado seguidor. Os portões do estádio foram abertos, gratuitamente, à massa torcedora. E a “galera” correspondeu. Lotou o estádio, que devia ter aproximadamente sessenta mil torcedores naquela tarde de segunda-feira. O Inter precisava vencer e voltar a decidir – e ganhar – um título. O ano era 1997. O “Colorado” esmagou o Veranópolis, no tempo normal e também na prorrogação. Na decisão, venceu o forte rival Grêmio, que era o atual campeão brasileiro e da Copa do Brasil. Além de voltar a conquistar um título, o Inter evitou o tri-campeonato gaúcho consecutivo do seu tradicional adversário.

Aqueles tempos eram assim. Entre um título gaúcho e outros dois ou três fracassos regionais, víamos cerca de cinco ou seis campanhas medíocres em campeonato brasileiro sendo compensadas com uma campanha de sucesso – quando, com muito esforço, chegávamos no máximo ao terceiro lugar – e achávamos isso ótimo! Copa Libertadores? Era um sonho que, na impossibilidade da disputa, desdenhávamos – como muitos fazem hoje com nossas grandes campanhas. Nós vislumbrávamos e merecíamos uma maior regularidade. Nós torcemos por um time que ocupou o posto de maior campeão do país ao final da década de 1970. Por qual motivo tínhamos que passar por tanto sofrimento? Por tantas derrotas? Aquilo tudo foi uma provação. E por isso, perdemos boa parte de uma geração de torcedores! Na verdade, quem perdeu mais foi quem abandonou o barco. Nós e eles perdemos. Mas tenha certeza, eles perderam mais! Na verdade, quem abandonou o barco não era digno de vestir o vermelho do nosso manto sagrado!

Mas esse sofrimento todo ocorreu porque nós tínhamos que estar preparados para o que estava por vir. Nós precisávamos saber o verdadeiro sentido de ser colorado. E para isso tivemos que sofrer. Por amor. Por paixão. Ser colorado é ter o sangue vermelho pulsando nas veias, independentemente dos resultados obtidos em campo. Ser colorado é torcer pelo “Clube do Povo”, popular desde 1909. Ser colorado é dar vida própria às arquibancadas e às cadeiras do Gigante da Beira-Rio em dia de jogo - seja amistoso ou decisivo. Ser colorado é inexplicável, é um sentimento único, é vibrar e defender o vermelho até debaixo d’água. Até a morte. Até depois dela! Ser colorado é vestir vermelho todos os dias e mostrar para o mundo inteiro o que é ser Internacional!

Mas nós precisávamos passar por mais uma provação de devoção. Antes mesmo do salto de qualidade proporcionado pela nossa diretoria, tivemos, talvez, a maior decepção das nossas vidas enquanto fanáticos torcedores: a derrota, da forma como aconteceu, no campeonato brasileiro de 2005. Aquilo estragou, para muitos, aquela temporada. Aquele acontecimento feriu o sentimento de uma justiça que jamais vimos ocorrer em campo. O mínimo que poderia ter sido feito era o reconhecimento nacional de um título conquistado nos gramados, mesmo com erros próprios na escalação do time, partidas jogadas de forma inadequada, entre outros fatores. A taça era para ser nossa. O Brasil sabe disso. Houve desânimo momentâneo. E com razão. Não sabíamos como apelar. Apelamos para o vermelho e para as arquibancadas. Foi o melhor que podíamos fazer. E foi a melhor decisão a ser tomada!

Aqueles fatos que hoje por muitos foram esquecidos ou simplesmente guardados no fundo de um velho baú atirado em um sótão de uma velha casa abandonada, nos deixaram com um sentimento misto de tristeza, impotência e frustração. Mas nada nos derrotou. O Beira-Rio estava lá, como sempre, nos aguardando. E lá fomos nós. Voltamos em 2006 mais fortes do que nunca e o vimos o time colorado dar o tão sonhado salto de qualidade que era necessário. Era preciso. Acabamos fazendo história. E que história! Naquele 16 de agosto e 17 de dezembro, o Internacional proporcionou para o mundo inteiro um apaixonante espetáculo de luta, garra, qualidade, frieza e competência. Copa Libertadores da América e Copa do Mundo. Juntas! Paixão e emoção. Lágrimas e sentimento de alegria indescritível. Estava explicado o motivo pelo qual passamos por tanto sofrimento. Se nós não tivéssemos vivido cada momento de turbulência ao lado do time colorado e se não estivéssemos sempre vestidos de vermelho, provavelmente não sobreviveríamos a emoção proporcionada pelo 16 de agosto de 2006. Tão pouco pelo 17 de dezembro.

Hoje a mentalidade mudou. Alcançamos cerca de oitenta mil sócios em dia – o que nos torna um dos dez ou quinze clubes com maior número de associados no mundo. Alcançamos títulos memoráveis e inéditos. Consideramos “meia-boca” um ano onde: vencemos o campeonato gaúcho contra o Juventude, marcando oito gols na final e “rasgando” uma touca verde que hoje é invisível e desconhecida – enterrando assim uma pseudo-rivalidade; vencemos a charmosa Copa Dubai, um torneio amistoso, porém, de muita importância, o qual contou com a presença de Stuttgart, Ajax e Internazionale de Milão – com os alemães e italianos sendo derrotados pelo Inter de forma indiscutível; por fim, vencemos a Copa Sul-Americana, contra o tradicional, qualificado e guerreiro Estudiantes de La Plata, que lutava para voltar a dar uma volta olímpica continental após quase quarenta anos de jejum. Sim, este 2008 que passou foi um ano medíocre, na visão de muitos de nós, inclusive na minha. Mas isso é ótimo. Isso é importantíssimo. É muito bom acharmos que foi um ano medíocre!

Esses fatos provam que o pensamento do clube mudou. O torcedor mudou. Hoje, lutamos por títulos. Os atletas contratados para fazer parte do elenco do Internacional chegam à Porto Alegre dando entrevistas, onde dizem ter optado por vir para o Inter para conquistar títulos e agradecendo a estrutura oferecida à eles. Antigamente, um novo jogador que era apresentado ao torcedor, chegava falando em orgulho por vestir uma tradicional e bonita camisa vermelha. E nada mais. Nenhuma menção a alguma competição ou vontade de ser campeão. Aquilo causava tristeza. Tudo mudou. Os tempos mudaram. Nós mudamos. Hoje o Inter é referência mundial.

Neste ano, comemoraremos o centenário colorado. Este 2009 promete muita emoção para o torcedor. Só temos a agradecer o que cada jogador faz em campo. É verdade dizer que eles ganham – e muito bem – para fazer as coisas acontecerem. Mas antigamente, quem por aqui estava também recebia bem e nada fazia. Hoje, só temos que torcer e idolatrar Índio, Álvaro, Kleber, Guiñazú, Magrão, D’Alessandro, Taison, Alex, Nilmar e todos os outros jogadores do Inter. Todos têm qualidade. São eles que quando entrarem em campo – contra o Avenida, o Caxias, o Grêmio, o São Paulo, o Boca Juniors ou qualquer outro time – continuarão sendo responsáveis por salvar uma inteira geração de torcedores, evitando com que passem o mesmo que muitos torcedores sofreram em tempos de dificuldade.

Estes jogadores são os responsáveis por lutar e ganhar cada Gre-Nal, aumentando mais ainda a vantagem histórica de vitórias do Inter no clássico. São estes jogadores os responsáveis por trazer mais títulos para o Internacional. São estes atletas os responsáveis por tornar o Inter cada vez mais forte e vencedor. São eles que, vestindo o manto vermelho com orgulho, vão fazer mais torcedores tornarem-se sócios, para que o Inter mantenha o elevado padrão de qualidade dos últimos anos. Assim nossa torcida, que sempre foi grande – e a maior do Rio Grande do Sul por cerca de oitenta anos – vai ser cada vez maior. Isso porque novas gerações de torcedores nascem todos os dias querendo vencer. E nascendo uma nova geração vencedora, a tendência é que venhamos a recuperar em pouco tempo a única coisa que nos falta voltar a ter o gosto de gritar para o mundo inteiro ouvir: precisamos – e vamos conseguir – voltar a ser a maioria esmagadora de torcedores do Rio Grande do Sul – como fomos por cerca de setenta ou oitenta anos, sem discussão. Hoje há discussão quanto a isso. Antigamente não havia. E assim vai voltar a ser, tomara!

Vamos seguir neste padrão, cobrando nossos jogadores e apoiando-os nas partidas. As pesquisas de número de torcedores que forem realizadas daqui cinco ou dez anos tendem a ser animadoras para nós colorados. Eu já estou vendo os resultados nas ruas. Mas a tendência é melhorar. Aos jogadores que hoje vestem o manto vermelho, além do carinho do torcedor, do dinheiro na conta e da estrutura que lhes é fornecida para trabalhar, fica o recado e o desafio: vocês e a diretoria, juntamente com nós torcedores, somos os responsáveis por fazer o Inter crescer cada vez mais em todos os sentidos. Sintam e vivam este clube como sentem o seu coração pulsar. Vocês jogadores, diretores e nós torcedores, estaremos todos na história!

Este é um ano histórico: 2009. Nele, lutaremos por mais um título gaúcho, por mais uma Copa do Brasil, por mais uma Recopa, por mais uma Copa Sul-Americana, por mais um campeonato brasileiro. O gostinho de quero mais é muito melhor quando sabemos do potencial que temos. É diferente de uma década atrás. Agora é ir para o campo, esquecer o favoritismo, respeitar todos os adversários sem temê-los, ir para cima, vencer, tentar e buscar até o último minuto de cada decisão ser campeão. Foi assim com o Rolo Compressor, com o Rolinho, com o Time da Década, com o Esquadrão Vermelho. Assim será com o time de 2009.

Os jogadores citados anteriormente neste texto tem qualidade suficiente para manter o Inter favorito em tudo e campeão quando possível. Esse time tem como missão principal seguir salvando uma inteira geração de apaixonados torcedores – assim como você e eu! E eles vão conseguir! Continuem se “matando” em campo em todos os Gre-Nais. Em todas as decisões. Vençam! Mais do que campeões, vocês serão lembrados para sempre como heróis de uma inteira nação de cinco ou seis milhões de seguidores - e que será cada vez maior!

11 de fevereiro de 2009

CRÔNICA - Gre-Nal 374 em Erechim

A falta de tempo ocorrida, pessoalmente, desde o último final de semana, fez com que somente hoje, 11 de fevereiro, eu venha a descrever o que pude analisar do Gre-Nal disputado em Erechim, válido pela primeira fase do gauchão 2009. Em um ano que promete muito para os gaúchos, Inter – mais fortalecido e estruturado ano após ano - e Grêmio – cada vez mais reforçado com bons valores individuais – foram ao interior do Rio Grande com suas principais equipes, duelar em busca dos três pontos para dar “maior gordura para queimar” na seqüência do campeonato estadual.

Como a partida começou movimentada, e logo no início do jogo o Internacional abriu o placar com gol de D’Alessandro, era plenamente compreensível que o Grêmio buscasse mais ações ofensivas. Ao contrário, o Inter postou-se mais defensivamente, tentando os contra ataques puxados por Nilmar e Taison. Uma das principais figuras tricolores no meio campo foi Souza. O meia foi quem mais arriscou chutes a gol por parte do Grêmio. Lauro, do Inter, segurou bem as tentativas. Aparentemente, o Grêmio buscou mais vezes o gol – até por estar perdendo – mas, de fato, não as conseguia concluir com chances claras de marcar. O domínio tricolor era mais aparente do que efetivo. O Inter tentava contra ataques, mas parava, ora na defesa do Grêmio, ora em erros no passe final para a conclusão. Assim, o primeiro tempo encerrou com vitória colorada por um gol a zero.

No segundo tempo, o panorama inicial foi parecido com o da primeira etapa. O Grêmio tentava atacar e abafar o Inter. Conseguiu inclusive uma conclusão na trave do goleiro colorado. Com o Grêmio em cima, o Inter abusava de tentar os contra ataques. Já sem Alex em campo e com Andrezinho no meio, o competente meio campista reserva das estrelas coloradas teve uma boa conclusão, para a defesa de Victor. Nilmar ainda perdeu um gol quase de dentro da pequena área, onde Victor interceptou o chute. A entrada de Jonas, que ao meu ver é uma espécie de Andrezinho para o Grêmio – bom reserva imediato – deu ao tricolor uma melhor chegada no ataque e melhor movimentação ofensiva. E após falha individual de Índio, a zaga colorada ficou perdida no lance e Ruy cruzou para Jonas, sozinho em cima da linha do gol, apenas empurrar a bola para a rede, empatar para o esforçado time do Grêmio e correr em direção ao alambrado tricolor. Uma merecida igualdade no placar.

Destaca-se ainda um gol do Grêmio, legítimo, anulado pelo juiz da partida. Entretanto, o lance era do goleiro do Inter, que apenas desistiu de agarrar a bola após o apito do árbitro. Além disso, o Inter também foi prejudicado pelo número excessivo de faltas cometidas pelo time comandado por Celso Roth. Em uma delas, o talentoso Nilmar fez fila na defesa do Grêmio e antes de tentar marcar um golaço foi parado com uma falta digna de expulsão – o zagueiro faltoso do Grêmio era o último homem da linha de defesa e Nilmar, se passasse pelo defensor, entraria na área ficando apenas com o goleiro Victor na sua frente.

Para finalizar, em uma das avançadas rápidas do Inter para o ataque – já com Kleber tendo entrado no lugar do ídolo D’Alessandro – Taison deu passe preciso para Nilmar ganhar vantagem na velocidade contra o seu adversário e, após concluir o lance em um chute certeiro, marcar um golaço e dar números finais ao jogo. O Inter jogou um futebol mediano para a capacidade de seu elenco. E venceu. O Grêmio, que se esforçou demais para voltar a vencer um Gre-Nal, perdeu e, além disso, declarações lamentáveis de sua direção tentam transferir para a arbitragem uma culpa que é dela – diretoria. Mas é compreensível, isso faz parte de uma política ultrapassada de tentar maquiar os problemas do time, enganando o próprio torcedor. Essa prática era muito freqüente, por exemplo, nos times deficitários do Inter montados nos anos 90. O Grêmio, através da sua alta cúpula diretiva, ameaça “abandonar” o campeonato, jogando com a equipe de juniores. Seria uma equipe um pouco mais deficitária do que aquela que perdeu em Veranópolis. É lamentável.

Mas fica o registro da vitória do Inter, que agora possui vinte e uma vitórias a mais que seu rival na história do clássico. Foi um bom jogo e a torcida de Erechim está de parabéns por ter feito parte de um belo espetáculo nas arquibancadas do Colosso da Lagoa.