FUNDAÇÃO E OS TEMPOS DIFÍCEIS
Fundado em 4 de agosto de 1905, este clube já centenário tem origem em dissidentes do outro clube da cidade, o Gimnasia y Esgrima. Estes não aceitavam o fato de o Gimnasia ser um clube que dava preferência a outros esportes e não ao futebol. Fundaram, assim, o Club Estudiantes de La Plata. Entretanto, no novo clube aceitavam-se apenas pessoas que tinham estudo. Esse fato fez com que o Gimnasia (de origem elitista na época) passasse a ter torcida nos bairros mais pobres de La Plata, tornando-se mais popular que o Estudiantes. Em 1913, o Estudiantes venceu o campeonato argentino na época do amadorismo. Em 1929, o Gimnasia foi o campeão argentino. O feito de “Los Professores” estava igualado. Este fato causava tremenda frustração nos adeptos do Estudiantes. Muitos jogos históricos e atletas importantes surgiram no Estudiantes com o passar dos anos. 1930. 1940. 1950. Mas o título do Gimnasia em 1929 seguia engasgado no torcedor.
DÉCADA DE 1960 – ANOS DOURADOS
Foi quando na década de 1960 surgiu um esquadrão que, fardado de vermelho, branco e preto, conquistou a Argentina, a América e o planeta. Em 1967, o Estudiantes era campeão argentino, com um time que viria a fazer história. Com astros como Verón (o pai do atual capitão do time), Bilardo (que viria a ser técnico da seleção argentina), e tantos outros, o time foi além: conquistou a Copa Libertadores da América em 1968, 1969 e 1970, tornando-se o primeiro tri-campeão do torneio. Nestes anos, venceu na decisão timaços da época, como o Palmeiras (1968), o Nacional do Uruguai (1969) e o Peñarol, também do Uruguai (1970). É verdade dizer que, naquela época, o atual campeão da Libertadores começava a disputa do ano seguinte diretamente das semi-finais. Na teoria, ficava mais fácil a conquista. Na prática, entretanto, não haviam facilidades, muito pelo contrário. O fato é que Estudiantes, na época, esmagava um a um os seus adversários.
Naquela década dourada, o ápice ocorreu em 1968, após a primeira conquista do clube na Libertadores. Credenciado a disputar a Copa Intercontinental, o Estudiantes venceu na Argentina o Manchester United – dos craques Bobby Charlton e George Best. O placar foi magro, mas suficiente: um a zero. Na Inglaterra, se não perdesse, o time sairia campeão. No início da partida, Verón calou os ingleses, marcando um a zero para o time de La Plata. Ao final da partida o Manchester United empatou, mas a festa foi dos argentinos. Estudiantes campeão da Copa Intercontinental em 1968.
Encerrou-se no início dos anos da década de 1970 o ciclo mais vitorioso da história do Estudiantes. Foi um futebol marcado pela virilidade e até alguns casos de violência. Muitos eram as críticas contra o treinador da equipe, o lendário Osvaldo Zubeldía. Diziam que o Estudiantes, ao seu comando, praticava algo violento que sequer lembrava o futebol enquanto esporte. Na verdade, o fato concreto é que um pouco disso até poderia ser verdade. Mas outra verdade, e esta é inegável, é que esses críticos muitas vezes desmereciam o Estudiantes, por ele não ser um clube grande de Buenos Aires. Mesmo assim, o Estudiantes venceu copa atrás de copa, deixando seus críticos um tanto inconformados. Se os anos de ouro do final da década de 1960 estavam encerrados, outro grande esquadrão estava por ser formado anos mais tarde.
DÉCADA DE 1980 – A VOLTA AS MANCHETES
Em 1982 e 1983, conquistou na seqüência dois títulos nacionais. Esta equipe esteve perto da decisão da Copa Libertadores em 1983. Nas semi-finais daquele ano, o time ficou na chave com Grêmio e América de Cali. No penúltimo jogo, a equipe perdia para o Grêmio em La Plata por três a um, e teve vários jogadores expulsos. Mas o time foi guerreiro e não se deu por vencido. Buscou o empate contra o time gaúcho e quase venceu o jogo. Após o heróico empate, o Estudiantes foi à Colômbia decidir seu futuro na competição. Entretanto, na Colômbia, a equipe argentina sentiu a falta dos jogadores que estavam suspensos devido às expulsões do jogo contra o Grêmio. Com o empate em Cali, o América, que já estava eliminado, eliminou o Estudiantes, deixando a vaga na decisão para o time brasileiro – com mais sorte que juízo. Ficou adiado o sonho de voltar a conquistar a Libertadores.
DÉCADA DE 1990 ATÉ HOJE – DA DIFICULDADE AO RESSURGIMENTO
Tempos difíceis vieram. Até pela segunda divisão o time de La Plata andou. Em 2006, o time voltou a ficar forte. Venceu o campeonato argentino, ao derrotar o Boca Juniors em pleno estádio de La Bombonera. E fez mais: na Libertadores, o time voltou a fazer grandes partidas. Foi eliminado pelo atual campeão mundial, São Paulo, nos pênaltis. Assim, uma decisão que era vislumbrada pelo Estudiantes, e que ocorreria naquele ano contra o Internacional, ficou adiada. Adiada até 2008, quando Internacional e Estudiantes decidirão a Copa Sul-Americana.
CURIOSIDADES
A torcida do Estudiantes está, em número, atrás somente dos cinco grandes clubes argentinos – Boca Juniors, River Plate, Independiente, Racing Club e San Lorenzo – e do Rosario Central, de Córdoba. Cerca de 1,5% da população argentina torce pelo Estudiantes.
Outra curiosidade é que Verón – que é filho do maestro Verón, do lendário Estudiantes da década de 1960 – surgiu no clube em um momento de dificuldade, sendo um dos maestros do time na volta a primeira divisão, o que ocorreu em 1995. Depois disso, Verón brilhou no futebol europeu e na seleção argentina. Agora, o veterano capitão volta às origens e comanda o Estudiantes em busca de novos horizontes.
Nos últimos anos, o clube tem revelado talentosos goleadores, tais como Martin Palermo, Ernesto Farias, Calderón, Mariano Pavone, Bernardo Romeo e Luciano Galletti.
Luciano Bonfoco Patussi
22 de novembro de 2008
www.supremaciacolorada.com
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