13 de julho de 2009

O CHOQUE DE ATITUDE NÃO ACONTECEU

Por Luciano Bonfoco Patussi
13 de julho de 2009

E o choque de atitude tão esperado não aconteceu! Até já era previsto, comparando com as últimas partidas do time colorado. Mas a derrota para o Atlético Paranaense na Arena da Baixada, ontem, é outra daquelas que não tem explicação lógica, se olharmos as equipes. Mas se analisarmos a fundo os acontecimentos, boa parte dos fatos tem explicação. O time comandado pelo Sr. Adenor Bacchi novamente se perdeu em campo.

Taticamente, o time do Inter foi sucumbindo com o decorrer da partida. Começou razoável. Seguiu cambaleante. Terminou patético. E quando o Atlético passou a desenvolver seu ataque pelas beiradas do campo, os laterais colorados não deram conta da marcação. A equipe, quando precisava atacar, ora afunilava as jogadas pelo meio, sobrecarregando Andrezinho que não conseguia dar seqüência à criação dos lances de forma objetiva, ora tentava avançar pelos lados do campo, sem qualidade, visto que o Inter não possui um lateral-direito de ofício e qualificado para esta função, e pelo lado esquerdo Marcelo Cordeiro, se atacou de forma mediana, defensivamente foi pior ainda.

Uma coisa inadmissível para laterais de uma equipe, ou até mesmo para os meio-campistas ou zagueiros que estejam na cobertura dos alas, é ao marcar um atacante adversário pelos lados do campo, ir recuando, recuando e recuando mais, até estar dentro da área, aí sim sem ter qualquer reação a tomar, a não ser levar o derradeiro drible e a conclusão contra o seu próprio gol. O Inter peca nesse quesito, exatamente por este motivo. Um lateral, no caso de ontem, não sabia marcar. O outro lateral, que na realidade é zagueiro, não conseguia atacar. E isso não é de hoje. Essa falha na marcação acaba sobrecarregando o meio-campo, que por sua vez não cria, e o ataque fica às moscas. Aliás, o Inter vem jogando com três volantes, o que deveria dar liberdade aos laterais para atacar.

Mas quais laterais? Ao meu ver, o Inter tem apenas um lateral qualificado para atacar. É Kleber, que ontem não jogou. Kleber tem qualidade técnica e procura sempre atacar na boa, sem deixar espaços. É outro que tem deixado a desejar, mas tem que ser analisado se isso não é uma causa do sistema de jogo, ou crise técnica dele mesmo. Já vimos esse filme contra o Coritiba e o Corinthians na Copa do Brasil e também contra a Liga Deportiva do Equador, pela Recopa. Alheio a isso tudo, destacaria a má fase técnica de alguns dos principais centros técnicos do time (D’Alessandro e Taison), que são algumas das peças mais decisivas da equipe. Se juntarmos a isso a inexplicável falta de reação anímica dos jogadores dentro de campo, chegaremos a derrota do Inter – um time que conta com mais de cem mil sócios e salários altíssimos em dia – para o esforçado – mas fraco individualmente – time do Atlético Paranaense.

Eu sempre espero um dia após as derrotas para descrever minha posição sobre as ocorrências. Isso no caso do Inter, pois sou torcedor e me “enfureço” durante as partidas com algumas coisas que acontecem. Agora, se algo não mudar na próxima partida, contra o Fluminense, deve haver uma mexida, pois por aí vem o Gre-Nal, e todos sabem: Gre-Nal é sempre Gre-Nal. Este jogo é um clássico que pode arrumar a casa de um – em caso de vitória – e destruir animicamente a outra – com a derrota sendo o resultado. Contra o Fluminense, além dos três pontos – que são fundamentais após uma derrota para o Rubro-Negro paranaense – é preciso o time mostrar postura. Tanto tática quanto anímica. Ou será hora de a Direção de Futebol tomar algumas outras medidas. Ainda há tempo: tanto para o time mostrar reação, quanto para a direção intervir. Mas tem que ser agora, enquanto ainda o sonho do título de campeão brasileiro é uma realidade possível.

Sobre o Tite: acho ele um profissional correto. Não o acuso de “gremista”, como a maioria da torcida faz. Até pelo seu profissionalismo, ele já demonstrou que esse tipo de situação não interfere no seu rendimento. Basta ver os clássicos no qual ele comandou o Inter contra o maior rival. Mas é hora de Tite fazer o time dele, de uma forma ou outra, jogar novamente. É hora de Adenor Bacchi empreender em seu time o espírito do grupo campeão gaúcho com o Inter em 2009 e campeão da Copa Sul-Americana em 2008.

Tite sempre foi um motivador. Quem lembra do Caxias de 2000 e do Grêmio de 2001 sabe bem do que falo. Entretanto, ou o time começa a mostrar reação tática e anímica, ou mudanças serão necessárias. Se o time tiver esquema tático definido e ânimo de vencedor, a qualidade aparecerá naturalmente. Na falta das primeiras opções, a qualidade some. Como tem sumido nos últimos jogos e todos têm visto. Ainda assim, alerto novamente: além de tudo isso, é preciso um lateral direito de ofício nesta equipe, ou sempre ficaremos reféns de Bolívar e Danilo Silva, comprometendo o meio-campo, que não tem apoio para jogar.

Na próxima quarta-feira, o derradeiro teste: o Gigante da Beira-Rio receberá o torcedor colorado, que verá em campo o Inter contra o Fluminense, em busca dos três pontos, da tranqüilidade, do esquema tático definido e da reação guerreira em campo.

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