12 de janeiro de 2009
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No futebol, as cores são um mero detalhe. O que importa é o sentimento de quem as ostenta. Cada um ama seu time da sua forma. Do seu jeito. Cada um tem sua maneira de torcer, de seguir, de acompanhar. Cada clube grande tem sua tradição, seus títulos, seus craques e seus milhões de seguidores. Milhares de novos torcedores nascem a cada momento. Isso tudo graças à grande tradição dos principais clubes do futebol mundial. Muitas são as rivalidades do futebol. Mas uma disputa em especial está, em minha opinião, no topo do ranking dos principais clássicos do futebol do Planeta Terra. Por esse tipo de colocação, posso ser taxado por muitos de bairrista. Então, que assim seja! Sou bairrista!
Quando o manto sagrado vermelho – e seus detalhes em branco – perfilam-se em um tapete verde contra uma tradição representada por três cores – listrada em azul, preto e branco, o Rio Grande do Sul e parte do Brasil param. Literalmente. Nos campos da Região Sul do Brasil, é como se o tempo não existisse. A linha do tempo e o calendário da história da existência humana poderiam, neste instante, ser separados em “antes” e “depois” do Gre-Nal. Não há diferenças. Não há classe social, racial, nem nada, que separe as duas maiores paixões do povo gaúcho. O Internacional e o Grêmio. O Colorado e o Tricolor. O Clube do Povo e o Imortal. O Saci e o Mosqueteiro. Nomes, alcunhas, apelidos. Flauta. Deboches. Vibração. Emoção. Títulos. Mas acima de tudo, respeito. Assim deve ser o futebol. Assim devem ser todas as rivalidades. Cada um aprende com seus próprios erros e também com os acertos. Mas cada um, também, aprende com o outro. Com o adversário. Dia-a-dia isso acontece. Ninguém admite. Mas isso faz parte da rivalidade.
Neste ano de 2009 que chega, particularmente, como um vulto na história de minha existência, a disputa entre Grêmio e Internacional completa 100 anos de vida. Para um apaixonado por futebol, pelo Internacional e pelo Gre-Nal, este ano é histórico. Deve ser histórico também, tenho certeza, para quem segue o azul e o defende até debaixo d’água. Para quem é apaixonado por seu clube, todos o ano são memoráveis, diga-se de passagem. Independentemente do momento vivido. O Internacional, após a reestruturação ocorrida nesta década, segue forte. Cada vez mais, é um modelo a ser seguido. É um sonho para o seu torcedor. Já o Grêmio, clube que teve inúmeros momentos excelentes e títulos históricos – e que atravessou grave crise cerca de três ou quatro anos atrás, se fortalece novamente, ano após ano. Isso ocorre há três anos, passo a passo. Gremistas e colorados só têm a ganhar com isso. A força de um é – e sempre foi – um combustível extra para o outro. Logicamente, cada um tem seu brilho, sua história, seu crescimento. Mas é inegável que a presença de um rival forte é motivação extra para crescimento, profissionalismo, paixão e vitórias do seu adversário.
Se pegarmos como exemplo o futebol brasileiro, vemos que nosso país tem cerca de uns doze grandes clubes, que possuem uma inegável tradição, títulos memoráveis e milhões de torcedores. Mas há também outros tantos clubes que podem ser tratados como médio-grandes (clubes que não tem o mesmo poder econômico e o mesmo número de torcedores das grandes agremiações). Este assunto pode ser muito debatido. Mas o exemplo se encerra por aqui. Sempre que se falar em um grande clube, este tem, pelo menos, um grande rival, da mesma grandeza, na mesma cidade – a exceção é o Santos, mas seus três grandes rivais estão distantes poucos quilômetros, na capital paulista. Ou seja, um é importante para o outro dentro de cada disputa entre rivais. E a maior rivalidade do futebol brasileiro é o Gre-Nal. Grêmio e Inter. Inter e Grêmio. Um contra o outro, juntos, dentro do mesmo campo. Emoções diferentes e distintas mas que, no fundo, deve diferir apenas nos nomes dos craques e nas cores de cada camiseta. Não verdade, não há palavras para definir isso.
Como definir a emoção de um colorado ao relembrar Figueroa e o “gol iluminado” de 1975? E como definir o que viveu o torcedor vermelho ao presenciar a tabela histórica, feita em cabeceios que mais pareciam arremessos manuais, feita entre Paulo Roberto Falcão e Escurinho naquela década dourada? Da mesma forma, como definir, em uma escala de emoção, o que sentiu um colorado ao ver os gols de Rafael Sóbis, Paulo César Tinga e Fernandão na Copa Libertadores de 2006? E Adriano no Mundial Interclubes? E outros tantos momentos e títulos, como definir a emoção?
Para um gremista imaginar o que isso tudo significa para um colorado, basta ele imaginar e rever o que André Catimba fez em 1977 em um Gre-Nal histórico que marcou uma importante conquista tricolor. Basta ele relembrar o que Baltazar fez em um Morumbi lotado, contra o São Paulo, em 1981. Ele precisa apenas reviver e entortar, junto com Renato Portaluppi, zagueiros desnorteados do Hamburgo, como em 1983 – o mesmo ano em que César ajudou o tricolor a desbancar o Peñarol e a pintar a América de azul. Ele precisa reviver as fases difíceis e recordar a nova ascensão do Grêmio comandado pelo mestre Felipão. Isso mesmo, gremista! Isso mesmo, colorado, o recíproco é verdadeiro! Se quiseres ter uma idéia ou uma noção aproximada do motivo pelo qual o seu amigo, pai, filho ou irmão, torce pelas cores opostas, lembre-se de suas conquistas! De seus momentos difíceis! E lembre que cada um defende uma cor. No mais, mudam os nomes, os craques, as épocas. A emoção, deve ser parecida, mas indescritível. Esse é o Gre-Nal!
E em 2009,a rivalidade Gre-Nal completa 100 anos. 100 anos dos 10 a 0, uma goleada da época que a rivalidade ainda engatinhava, mas que está na história e que provavelmente jamais será batida! E veio os 10 a 1. Hegemonia tricolor. Arrancada colorada. Os 7 a 0. O Rolo Compressor colorado. Os 6 a 0 do Inter, que eram para ser 11, conforme relatos da época – coisa que também, provavelmente, jamais voltará a acontecer. Seja verdade ou não. Hepta tricolor. Doze títulos em treze disputas. Inigualável. E veio o octa colorado. Outra marca inigualável. Tudo dentro da rivalidade. A retomada da hegemonia vermelha. O campeonato citadino de Porto Alegre. O campeonato gaúcho. Crescemos juntos. E veio então o campeonato brasileiro. A Copa do Brasil. A Copa Sul-Americana. A Copa Libertadores. A Taça Mundial Interclubes. Títulos importantes. Grandes craques. Grandes conquistas. Torcedores apaixonados. Histórias distintas que sempre caminharam juntas, de mãos dadas – apesar das cores diferenciadas.
O azul, o vermelho, o branco e o preto. Quatro tonalidades. Duas paixões do povo. Duas histórias que se confundem. Este é o Gre-Nal. O clássico que completa 100 anos em 2009. É a maior rivalidade do futebol brasileiro, em minha “bairrista” e emotiva opinião! Parabéns Inter e Grêmio. Parabéns colorados. Parabéns gremistas. Eu, você. Todos nós. Somos protagonistas de uma rivalidade que começou há 100 anos e que começa, em 2009, a escrever novos e belos capítulos que ficarão marcados para sempre na memória do torcedor gremista e colorado e, também, e na história do futebol gaúcho, brasileiro e mundial!
2 comentários:
Massa o teu texto cara! É sempre bom ver, além das flautas, coisas assim, que arrepiam. É bem verdade quando tu diz que, a história de ambos, Inter e Grêmio, se confundem. O que seria de um sem o outro?! É nessa linha de raciocínio que eu e dois amigos fizemos um blog. Quando puder da uma olhada meu.
www.blogrenal.com
Parabéns pelo blog.
abraço.
Parabéns pelo texto. Sou gremista, mas pela primeira vez vejo alguém falando de um gre-na sem ofender um dos times. Parabéns ao nossos times que há 100 anos nos dão muitas emoções.
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