Fico profundamente triste ao ver, atualmente, alguns torcedores do Internacional, nosso clube do coração, discutindo, com um certo tom de “raiva”, sobre qual o maior jogador da história do clube. A comparação de épocas distintas acaba causando, muitas vezes, grandes injustiças com determinados ídolos.
Ao meu ver – opinião pessoal, não existe chance alguma de um clube com a grandeza do Internacional, que em quase cem anos de história teve incontáveis craques vestindo seu manto, ter proclamado um jogador – um nome apenas, como sendo o maior de toda a história.
Pode ser na mesa do bar. Nas arquibancadas. Em fóruns de discussões na Internet. A discussão do momento gira em torno, principalmente, de Falcão e Fernandão. Opinião: Não existe chance alguma de dimensionar a importância de cada um para o clube, a ponto de se determinar que um deles – entre tantos outros – é a maior referência de uma história quase centenária de um clube que é o mais popular do Rio Grande do Sul.
O que pode ser discutido, sem sombra de dúvidas, é quem era o mais genial, técnico, matador, decisivo, craque, vitorioso ou líder da história. Isso é uma discussão que nunca terá fim. E não há como fugir disso. É até legal esse tipo de discussão. E é bom sinal termos isso para debater. Significa que o clube tem um incontável número de ídolos em sua história. Mas jamais qualquer fator pode determinar que “A”, “B” ou até “C” tenha sido o maior nome da história do clube – volto a frisar, é opinião pessoal. Isso tudo, sem contar que tantos outros craques honraram a camisa vermelha, alguns, por mais de uma década. Por vezes, nem são lembrados. Mais de dez anos vestindo vermelho com amor e orgulho. Isso é para poucos. Assim como ser campeão brasileiro ou mundial. Também é para poucos.
Iniciei este texto, colocando o fato de ficar triste com algumas situações. O fato é que todos nós torcedores – e não poderia ser diferente, tínhamos a necessidade de voltar a ver nosso clube ser campeão interestadual. Alguns, inclusive, jamais tinham visto. Quando isso finalmente voltou a acontecer, não fomos campeões do certame nacional – o que não seria novidade em nossa história. Quando conseguimos dar a tão sonhada volta olímpica, ela foi continental. Era uma novidade em nossa história. Novidade que foi seguida de uma triunfante e inesquecível volta olímpica mundial.
Antes de isso acontecer, quase todo colorado citava Paulo Roberto Falcão, o cérebro do melhor e mais famoso time brasileiro dos anos da década de 1970, como o maior nome da história do clube. Com o título da Copa Libertadores da América e da Copa do Mundo de clubes, alguns delegaram ao camisa 5 mais genial da história do futebol brasileiro - Falcão, o posto de, no máximo, segundo maior nome da história do clube, e ainda o acusaram de não possuir o ímpeto de um verdadeiro colorado. E isso que Falcão saiu de Santa Catarina nos anos 60 para jogar no clube do coração.
Outros tantos chegam a dizer que Falcão não representa o torcedor colorado, pois não demonstra seu amor ao clube publicamente. E que por isso, não merece o título de maior nome da história do clube. Particularmente, até acho que não pode ser taxado de maior nome da história. É um dos maiores. Pode ser considerado o maior por alguns, mas nunca será unanimidade. Até porque, se eu falasse em unanimidade, estaria simplesmente rasgando e colocando na lixeira tudo o que neste texto venho expondo. Falcão simplesmente é, como comentarista, o que ele era dentro de campo. Profissional. Genial. Dos melhores. Isso muita gente não entende.
Para finalizar, sobre o fato da discussão do “coloradismo” do mais genial camisa 5 da história do futebol brasileiro, vai uma pequena lembrança:
Uns cinco anos atrás, mais ou menos, o rival azul de Porto Alegre cogitou a criação de um departamento no futebol do clube, que teria o molde semelhante a alguns clubes europeus. Seria criada a figura que chamamos de “Manager de Futebol”. O escolhido e convidado para o cargo teria sido Paulo Roberto Falcão. Isso foi divulgado pela imprensa gaúcha na época do ocorrido. Ninguém – ou quase ninguém – recorda.
Com muito estilo – como só um craque é capaz de fazer, Falcão teria agradecido o convite. Disse ter ficado envaidecido com a lembrança. Só que não poderia dizer “aceito”. Ele não aceitaria este cargo em respeito ao torcedor colorado e também porque não se sentiria à vontade, devido à sua bela história, construída dentro do Internacional. Foi o mais categórico “NÃO” da história do futebol gaúcho. Lembro de ter ouvido isso em uma rádio, em uma época que o Inter, dentro de campo e fora dele, não ia “nada bem das pernas”.
E mesmo assim, alguns preferem denegrir a imagem do, repito, mais genial camisa 5 da história do futebol brasileiro. Enquanto isso, um jogador que fez história jogando de azul – Renato, mas que jamais seria cogitado pelo Internacional para quaisquer cargos – dentro ou fora de campo, faz questão de dizer a todo o momento que torce contra o Inter, porque é tricolor, e que no Beira-Rio nunca atuaria – como se, pelo Internacional, fosse desejado. No lado de lá, ele é unanimidade. “Esse é tricolor!” – gozam os gremistas. E realmente, Renato é tricolor. Ao seu estilo. Foi um grande atacante e fez história no time dele, não há como negar. Mas jamais “engraxaria” uma chuteira de Valdomiro ou Tesourinha, por exemplo – com todo o respeito.
Enquanto isso, no lado vermelho, alguns poucos torcedores jogam para “escanteio” grandes ídolos da história do clube. Ídolos que, nos tempos de “vacas magras”, eram considerados deuses e espelho para um futuro melhor e de títulos. E quando as novas conquistas surgiram, com novos ídolos que entraram, merecidamente, na história do clube, alguns poucos fizeram questão de tentar, de uma forma ou outra, “apagar” parte da história do clube de futebol mais popular do Rio Grande do Sul. Aí é dito por essas pessoas que Falcão “só foi campeão brasileiro” – como se isso fosse pouco, “foi mercenário” ou que “não é colorado”. Mas nada se apaga da história de um clube como o Internacional, o Clube do Povo.
Deixo a pergunta: Imaginem o que alguns torcedores fariam se Paulo Roberto Falcão aceitasse, na época, o cargo de Manager de Futebol do Grêmio? Como ele não aceitou, o fato passou despercebido. Essa notícia pode ter sido algum boato colocado pela imprensa, mas lembro como se fosse hoje a divulgação desse fato. Como torcedor, naquele momento, vi o mundo desabar. Falcão nunca poderia atuar no Grêmio. E nunca vai atuar – não que “eles” não quisessem. Foi ele que não quis.
Paulo Roberto Falcão, por tudo que agregou, não só ao Internacional, mas ao futebol mundial, deveria ter um pouco mais de respeito por parte de alguns torcedores. Ainda bem que são minoria os torcedores que não respeitam – estou sendo chato mas vou repetir – o maior camisa 5 da história do futebol brasileiro da forma como ele merece.
20 de junho de 2008
FALCÃO - Manager de Futebol no Grêmio
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