Por Luciano Bonfoco Patussi
30 de agosto de 2012
Após encerrar o primeiro turno do campeonato brasileiro com derrota no clássico para o Grêmio e ver o time perder três pontos para o Coritiba no início do returno, o torcedor do Internacional se pergunta, em sua imensa maioria: “onde está o problema” do time colorado no decorrer de 2012?
A grande realidade é que não existe apenas um problema específico. São vários os pontos que necessitam de reavaliação do departamento de futebol. Essa ponderação é fundamental para que o Internacional prossiga tenha sucesso nos próximos anos dentro de campo, lembrando que manter a “escrita” de obter pelo menos um título por temporada passa a ser, ano após ano, tarefa mais difícil de ser alcançada. Os adversários estão atentos e crescendo, tanto em relação a eles mesmo, quanto em comparação com o Inter!
LUCIANO DAVI: reconheço em Luciano Davi um profissional com potencial e qualificação para assumir toda a pressão que a vice presidência de futebol do Internacional impõe ao cargo em questão. É preciso tempo para que os qualificados reforços obtidos pela cúpula do futebol colorado resultem em bons frutos para o clube. Paciência é a palavra de ordem! Porém, cobrança ponderada e coerente é obrigação do torcedor!
PREPARAÇÃO FÍSICA: por desconhecer detalhadamente as questões profissionais do trabalho físico do clube, apenas torço, literalmente, para que o Internacional tenha identificado o real problema ocorrido, fato que ocasionou lesões diversas no elenco profissional em 2012. Isso é um problema que, infelizmente, tende a ser sanado apenas em 2013, isso se for devidamente identificado em suas causas principais e secundárias. Esses problemas ajudaram a "detonar" as atuações do Internacional no decorrer do ano de 2012!
TREINADOR: não fui totalmente favorável a demissão de Dorival Júnior. Nem mesmo creio que a “culpa de tudo de ruim que tem ocorrido” seja de Fernandão. Apesar disso, reconheço que a troca no comando técnico, no instante da troca de Dorival por Fernandão, foi válida, principalmente na questão anímica de vestiário. Entretanto, o remédio não será mudar o comando técnico a cada derrota “irritante” do time. Se isso ocorrer, faltarão opções na casamata para assumir o comando técnico da equipe nos próximos jogos!
MURIEL: no início, eu desconfiava. Preferia ver o Internacional investindo em um goleiro experiente. O fato é que, com o passar do tempo, Muriel ganhou a minha confiança na função, embora tenha cometido um ou outro eventual equívoco em determinadas partidas. O jovem talento colorado assumiu a camisa 1 do Internacional sem medo, tomando conta da função, apesar de ter em sua frente um sistema defensivo que, em determinadas ocasiões, inspira descrença.
DEFESA: para mim, seria mais cômodo não emitir opinião sobre um setor da equipe que conta com atletas que o Internacional trata, “internamente”, como diferenciados e históricos dentro do elenco. Entretanto, creio que seja melhor opinar do que se omitir. Tenho plena confiança que a partir do instante em que o Internacional tiver a audácia e a oportunidade de escalar, em plenas condições físicas, os atletas Rodrigo Moledo e Juan, o setor defensivo vai ganhar, tanto no aspecto de posicionamento, quanto na questão de velocidade, recuperação e cobertura.
LATERAIS: o fato de alguns futebolistas brasileiros, laterais na juventude, terem se tornado meio campistas após alguns anos de carreira, não me faz crer que essa realidade seja válida para Kleber. “Cada caso é um caso”. Kleber é lateral esquerdo. Sempre foi e sempre será! Kleber é o típico jogador que, em minha visão, pode chegar apenas meia dúzia de vezes à linha de fundo em cada partida. Se for diferenciado e caprichar nessas poucas oportunidades, será diferenciado tecnicamente e ajudará a equipe.
Em contrapartida, Nei é voluntarioso pelo lado direito. Assim como o lateral colorado demonstra grande disposição e é importante no elenco, é válido também lembrar que ele necessita evoluir em duas questões fundamentais: por ter ímpeto físico e velocidade, “de vez em quando” Nei chega em frente ao gol, quase na linha da pequena área! Dentro da área, é preciso objetividade. Chutes ao gol fazem o time vencer. Passes laterais em frente ao gol são sinais de falta de vontade de vencer; além disso, pelo lado do campo, um lateral de velocidade necessita ir à linha de fundo e cruzar com qualidade na área, para trás, buscando o atacante de frente para o gol adversário.
MEIO CAMPO: por ter laterais como Nei e Kleber, possuindo as características acima citadas, creio que o Internacional poderia ter sua equipe formada, taticamente, com duas linhas de quatro jogadores. A linha defensiva contaria com Nei, Moledo, Juan e Kleber; já o alinhamento de meio campo deveria apresentar muita intensidade e participação, sem exceção. Essa linha de meio campo teria, em plenas condições físicas, da esquerda para a direita: Dátolo (ou Forlán), Guiñazu, Fred e D’Alessandro (ou Forlán). Importante observar a questão do limite máximo de três atletas estrangeiros na equipe. Inicialmente, Forlán seria titular. Seja na linha de meio campo; seja no ataque!
A outra opção seria o meio campo atuar em losango. Ygor poderia ser o protetor da defesa. Guiñazu e Fred fariam as linhas de meio campo, tendo D'Alessandro ou Forlán mais próximos aos atacantes. Esta seria a outra opção de formação de meio campo, próxima do ideal - considerando o atual elenco e tendo todos os atletas em plenas condições. Esta mesma formação, de maneira mais ousada, poderia ter Guiñazu em frente a defesa - fugindo de sua principal característica, tendo Dátolo e Fred alinhados na meia cancha.
PROBLEMAS E CARÊNCIAS VISÍVEIS: atualmente, o meio campo do Internacional tem sofrido com a falta de qualidade. “Adorem, odeiem ou simplesmente aceitem”, o fato é que D’Alessandro faz muita falta ao setor. Sem D’Alessandro, o meio campo do Internacional fica literalmente “emburrado”, como temos visto nas últimas sofríveis atuações do time. Além disso, a saída de Oscar fez o Internacional perder o “arrumador” do time. Esses são fatos claros e visíveis! Em minha visão, as duas ausências citadas são as causas principais dos problemas que o Internacional vem enfrentando em seu setor de criação.
SUBSTITUTOS: D’Alessandro não é insubstituível! Mas é um “camisa 10” tecnicamente diferenciado. Poderia ser trocado por atletas do porte e da característica de Ganso ou Montillo, por exemplo - isso apenas em 2013. Dentro do Internacional, atualmente, não há substituto para D’Alessandro, tecnicamente falando. As atuações do meio campo colorado comprovam este fato. A plena recuperação física do argentino, ou até mesmo a avaliação de sua “troca” com um dos atletas citados neste parágrafo, poderia ser a solução de um dos problemas da equipe. Isso se os atletas citados e os clubes envolvidos tivessem interesse na troca, bem como o Internacional e seu próprio camisa 10.
O mesmo vale para a ausência de Oscar. O jovem garoto, vendido ao Chelsea, não tem substituto. Dentro do elenco do Internacional, há apenas um jogador com a característica de, com tempo e evolução, poder um dia ter a condição de substituí-lo. Esse atleta se chama Fred, e é necessário o torcedor ter paciência com ele. Ninguém pode adivinhar se Fred terá sucesso. Mas, atualmente, Fred é o atleta do Internacional com característica mais próxima de poder substituir Oscar no time. Fora do clube, existe um “talismã” que poderia ser repatriado, com qualificação para realizar esta função: Giuliano!
ATAQUE COLORADO: tenho convicção total na qualidade técnica dos atletas Leandro Damião, Forlán, Dagoberto e Rafael Moura. A partir do instante em que a defesa colorada passar “segurança e confiança” para o restante da equipe, acredito que o meio de campo passará a criar e jogar com inteligência e qualidade – se bem escalado e treinado. Se isto ocorrer, o ataque seria bem abastecido. Desta forma, os atletas ofensivos teriam o reconhecimento esperado, marcando os gols tão desejados pelo torcedor colorado!
GOL FEITO: não me preocupa o “gol feito” perdido por Forlán no início do primeiro tempo de um jogo contra o Coritiba. O que me preocupa e me irrita, intensamente, é o fato de, ao ver um lance de ataque perdido de forma “bisonha”, saber que aquela poderá ser a última chance de gol do Internacional dentro de determinada partida. Isso devido a falta de criatividade do meio campo da equipe! Meio campo que, atualmente, cria apenas duas ou três chances de gol para o time por jogo. Uma chance de gol perdida aos 10 minutos de determinado jogo pode significar, na atual conjuntura, o sepultamento da chance de o Internacional marcar um gol naquela partida. Isso é completamente insuficiente, irritante e inaceitável aos olhos do torcedor. A torcida precisa cobrar, de forma coerente e ética, mas não menos incisiva!
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