Por Luciano Bonfoco Patussi
05 de maio de 2011
Na noite de 04 de maio, o Internacional foi eliminado da Libertadores de 2011 pelo Peñarol. Foi uma classificação justa do time uruguaio. O segundo tempo do Inter foi, além de acomodado nos minutos em que o time “carbonero” virou a partida, um tanto desorganizado na busca pela recuperação do resultado dentro da partida. O time colorado buscou empatar e virar o jogo contra o Peñarol, guardadas as proporções, da mesma forma que o Grêmio foi para cima do Internacional no Gre-Nal do último domingo: muito mais na emoção, mas com pouca organização.
Fui um dos defensores da contratação de Falcão para treinador, profissional que vejo como uma “aposta” no cargo, mas com qualificação suficiente para ter êxito. Falcão, desde jovem, era uma liderança do Internacional, tanto dentro de campo, quanto fora das quatro linhas. Era o tipo de personagem que, quando sabia de excessos cometidos pelos colegas do time, comparecia ao local em que o "excesso" estava sendo praticado e, literalmente, “colocava o dedo na cara” dos responsáveis, exigindo comprometimento. Aquele Falcão que habitualmente vemos, educado e de fino trato, creio que no vestiário tem total capacidade para agir conforme a exigência do momento. Merece crédito. Mas a eliminação para o Peñarol passou por suas substituições, em minha opinião. Não gosto da palavra “culpa”, prefiro “responsabilidade”.
Em minha opinião, Oscar deveria continuar na equipe. Sem ele no segundo tempo, aliando a isso os ingressos de Tinga e do jovem e promissor Ricardo Goulart, o time colorado perdeu ainda mais o pouco potencial de conclusões que tinha. Com isso, Leandro Damião ficou ainda mais isolado no ataque. Creio que a partir dos 15 minutos da etapa final, Falcão deveria ter ousado mais. O jogo se desenhava para um Peñarol defendendo bem, sem deixar muitos espaços. O Inter, por sua vez, teve reduzido – ainda mais – o potencial de conclusão. Cavenaghi deveria ter entrado na equipe, para segurar o Peñarol dentro de sua área. Desta forma, no tradicional “abafa”, talvez o Inter tivesse mais chances de virar o placar. Na teoria, pelo menos.
A partir deste momento, muitos comentários entre torcedores e profissionais da imprensa são inevitáveis. Alguns defendem a manutenção do trabalho realizado, com o elenco colorado seguindo da forma como está atualmente; outros defendem a busca por reforços pontuais; já outros defendem que este é o momento de uma reformulação completa no grupo de jogadores, com a prioridade pelos jovens talentos das categorias de base. A minha ideia é de que o Inter precisa de reforços pontuais, neste momento. Principalmente um lateral direito, um zagueiro central e um atacante de velocidade e incisivo no campo ofensivo.
Manter o elenco sem reforços fará com que o Internacional siga com algumas carências técnicas. Já optar pela reformulação total, neste momento, é muito arriscado. O clube tem a decisão do campeonato gaúcho dentro de alguns dias. Em poucas semanas, tem início o campeonato brasileiro. Optar por jovens como sendo a base de um time requer tempo, tranqüilidade e convicção na qualidade e no potencial dos escolhidos.
Particularmente, não tenho ainda a convicção de que jogadores como Moledo, Juan, Ricardo Goulart, entre outros, já possam ser lançados como a solução dos problemas do time. Se esta opção trouxer bons resultados, o trabalho flui normalmente. Se eventualmente ocorresse algum problema na opção pelos jovens como sendo a base da equipe, o time do Inter, com a exigência que se faz dele, correria sérios riscos no campeonato nacional.
Portanto, neste momento, vejo que os jovens atletas devem galgar seu espaço, mas entrando aos poucos no time colorado. Atletas já consagrados seguem tendo sua importância no elenco, não tenho dúvidas disso. O Inter necessita, além de fazer uma competitiva final de campeonato estadual, realizar um campeonato brasileiro da melhor forma possível.
Conforme já citado anteriormente, creio que o Internacional necessita qualificar pontualmente o elenco, visando se fortalecer para a disputa do campeonato brasileiro em 2011. Tenho algumas dicas para avaliação e debate:
Lateral direito: se o clube não conseguir neste momento contratar um lateral direito para disputar com Nei a vaga no time titular, já deve se preparar para fazer isso ao final da temporada 2011. O lateral Cicinho, que completará 25 anos neste ano, está emprestado ao Palmeiras até o final desta temporada. Pertence ao Santo André. Pode ser uma viável opção. É um jogador que chega ao ataque com qualidade. Já o lateral Vítor, que não teve sequência no Palmeiras e, há poucos dias, foi repassado ao Cruzeiro, é um bom jogador. Entretanto, acredito que sua contratação seria um pouco mais difícil.
Zagueiro central: existe um bom zagueiro, promissor, com envergadura e boa velocidade de recuperação, que joga pelo Goiás. Atualmente, disputará a série B do campeonato brasileiro. Se chama Rafael Tolói, que completará 21 anos nesta temporada. Ele já fez parte das seleções nacionais de base e teria, a princípio, um valor relativamente alto de multa rescisória. Rafael Tolói joga prioritariamente pelo lado direito da área, além de fazer boa cobertura pelos dois lados do campo. Teria tempo para adquirir a titularidade, aos poucos. Futuramente, quem sabe, poderia formar a zaga colorada com Rodrigo e, posteriormente, com Juan, caso este confirme com qualificação o seu potencial.
Atacante de velocidade: Com o centroavante Leandro Damião em grande crescimento e com Cavenaghi aguardando sua oportunidade, vejo que o Inter precisa de mais um atacante, que seria um jogador com capacidade de cair pelos lados do campo, desde que seja veloz e que tenha, ainda, capacidade de marcar gols e efetuar assistências qualificadas. O jogador Dagoberto, do São Paulo, é taxado por muitos como “problemático” no vestiário. Mas é bom tecnicamente. Jogador “problema”, se este for o caso de Dagoberto – e eu não posso afirmar isso, mas que resolve os problemas do time dentro de campo, é administrável. O problema é atleta que não resolve em campo, que trás problemas extra campo para o grupo e que, além disso, gosta de jogar futebol apenas com as palavras. Este tipo não serve.
No caso de Dagoberto, há boatos lançados por parte da mídia, dizendo que seu ciclo estaria encerrado no São Paulo, pois há outros jogadores das categorias de base aparecendo no time com qualidade. O Inter poderia tentar esta aproximação, talvez colocando na negociação algum jogador que o São Paulo tenha interesse. Minha informação é de que o contrato de Dagoberto teria apenas mais um ano de validade. Não sei se estou correto.
Ainda há alguns jogadores que, acredito, o Inter poderia tentar contratar, em um segundo momento, visando sempre a qualificação do elenco: jogadores como Willians, volante do Flamengo, e Fábio, goleiro do Cruzeiro, poderiam ter uma nova fase em suas carreiras, atuando no Internacional. Eu já havia indicado Willians no início da temporada. O Inter superou as expectativas e trouxe Bolatti. Mas qualificar sempre é importante. Sobre Fábio, eu tenho a informação de que seu contrato estaria encerrando com o Cruzeiro. Admiro o futebol de Fábio desde os tempos em que ele atuava no Vasco da Gama. Vejo com bons olhos a boa fase de Renan, que tem potencial reconhecido. Mas Renan não pertence ao Inter, está apenas emprestado ao clube. Portanto, é preciso ficar atento ao mercado.
Com os reforços propostos neste debate, alguns jogadores deveriam ser incluídos em determinadas negociações, até para “liberar espaço” no elenco, oportunizando a eles, ainda, a chance de atuar em outro ambiente, dando sequência aos seus objetivos de carreira: casos de Índio, que teve contrato renovado – um equívoco, em minha visão, além de Wilson Matias. Jogadores que atuam de forma afobada, cometendo faltas desnecessárias e que ainda não acrescentam nada tecnicamente à equipe, precisam ficar um tanto longe de ser opção para o time: sendo uma das opções, cedo ou tarde, acabam jogando. Espero “queimar a língua”, mas há mais de um ano aguardo uma atuação segura de Matias.
Desta forma, espero ter colaborado para o debate de um tema que, enquanto torcedores e apaixonados pelo Internacional, não temos como fugir neste momento. A Libertadores acabou para o Inter, o futuro está próximo, domingo já tem mais uma partida e com contratações pontuais o elenco colorado poderá realizar um campeonato brasileiro competitivo. Com competitividade e qualidade, buscará voltar a disputa da Copa Libertadores no ano que vem, além de lutar pela conquista de um título que lhe foge desde 1979.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário