Imagem do website oficial do Sport Club Internacional
Por Luciano Bonfoco Patussi
17 de novembro de 2010
Há décadas, tudo era diferente. Para o futebol, essa afirmação também é válida. Viajamos 70 anos na história e chegamos à década de 1940. Naqueles tempos, o futebol tinha táticas, atletas, preparação e plasticidade totalmente diferenciada. O jogo em si era mais lento, entretanto, mais ofensivo, pelo menos no que diz respeito às formações táticas, que priorizavam a quantidade e a qualidade de jogadores ofensivos. A plasticidade do jogo, assim, também poderia ser considerada mais bela e empolgante. Até hoje, o futebol jogado naqueles tempos arranca suspiros de apaixonados pelo esporte mais popular do mundo.
No Rio Grande do Sul e no Brasil como um todo, era comum ver atletas jogarem mais de uma década por um único clube. Em solo gaúcho, havia também pitadas na rivalidade, como as origens diferenciadas e a cultura de cada um dos principais clubes, os títulos conquistados por cada agremiação, entre outros pontos. No Rio Grande do Sul, o campeonato gaúcho, jogado desde 1919, era decidido em um torneio entre os campeões de cada região do estado. Uma das curiosidades da época era que nenhuma equipe havia conquistado, até 1939, mais de duas vezes consecutivas o título regional. Isso até o Inter entrar em campo e encantar os gaúchos durante toda a década de 1940!
Para os gaúchos, vencer o campeonato estadual era como ser campeão mundial. Derrotar o maior adversário era a glória máxima imaginável e rendia boas risadas e deboches entre os rivais, pelo menos até o próximo clássico ser disputado. A rivalidade Gre-Nal apimenta até hoje o crescimento do Internacional e do seu maior rival, o Grêmio. Pois de 1940 até 1945, a região metropolitana de Porto Alegre teve como representante, no campeonato gaúcho, o Internacional. De forma ininterrupta. Em nível estadual, o Rolo Compressor, apelido dado ao Inter devido às vitórias avassaladoras que a equipe colorada impunha contra os seus adversários na época, chegou ao hexacampeonato gaúcho em 1945.
Era um time praticamente imbatível. Na final de 1945, o Internacional conquistou o hexacampeonato estadual, após vencer o Pelotas por 3 a 1, no estádio da Timbaúva, em Porto Alegre, com público aproximado de 8.500 pessoas. O jogo decisivo do memorável hexacampeonato ocorreu no dia 18 de novembro de 1945. Ou seja, o dia 18 de novembro de 2010 marca o aniversário de 65 anos do maior título da época, tempos em que o memorável esquadrão colorado começou a mudar a história do futebol gaúcho. Após estes títulos, o Rolo Compressor venceu ainda os campeonatos estaduais de 1947 e 1948, fechando oito títulos estaduais durante toda a década de 1940.
A escalação clássica do Rolo Compressor era formada por: Ivo Wink; Alfeu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Vilalba, Rui e Carlitos. O Rolo Compressor colorado foi, para muitos cronistas esportivos e torcedores, o melhor time já formado na história do futebol gaúcho. Era um time que aliava, como poucos, força, disciplina e técnica apuradíssima.
Dos atletas acima citados, Nena era o último remanescente da formação colorada dos anos 40, mas faleceu aos 87 anos de idade. Sua morte, ocorrida na madrugada de 17 de novembro de 2010, aconteceu exatamente um dia antes do aniversário de 65 anos da conquista do hexacampeonato de 1945. Nena foi um dos jogadores mais importantes da época e foi o primeiro jogador do Inter convocado para uma Copa do Mundo pela seleção brasileira. Nena foi reserva no mundial e acabou sendo vicecampeão da Copa do Mundo de 1950.
Assim, fica exposta esta singela homenagem ao eterno zagueiro Nena, grande jogador da história colorada, bem como para todos os atletas, dirigentes e torcedores que fizeram parte dessa bela página da história do Internacional e do futebol gaúcho.
18 de novembro de 2010: aniversário de 65 anos do hexacampeonato gaúcho obtido pelo Internacional. Um time memorável. Um time que fez história!
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