1 de abril de 2009

RESPEITO AO ETERNO ÍDOLO DA CAMISA 8




Por Luciano Bonfoco Patussi
01º de abril de 2009



Dunga, o atual treinador da seleção brasileira de futebol, é um vencedor no futebol e na vida. Com a carreira de jogador iniciada nos anos da década de 1980 no seu time de coração, o Internacional, Dunga saiu de Ijuí – sua terra natal, “rodou o mundo” jogando em grandes times e sendo o capitão da seleção brasileira no título da Copa do Mundo de 1994. Fazia vinte e quatro anos que o time brasileiro não vencia um mundial. Pois Dunga, junto a Taffarel, Romário e outros grandes jogadores, e sob o comando de Carlos Alberto Parreira, venceu as críticas de praticamente toda imprensa e de parte da torcida. Dizem que o Romário ganhou a Copa do Mundo sozinho. Romário foi diferenciado. Foi decisivo. Mas ninguém ganha campeonato sozinho. Era só colocar o “baixinho” para jogar na seleção da Grécia naquele mundial e ver o resultado. Romário estava “voando” em campo e era, de fato, o melhor jogador do mundo. Mas a seleção era unida e era um grande time. Por isso venceu. Chegou ao topo, onde grandes times do Brasil, como o de 1982, por exemplo, não chegou. Isso pode não fazer o time de 1994 melhor que o de 1982. Mas foi mais vencedor. Isso é um fato.

Por qual motivo toda essa introdução ao assunto: é que parte do povo brasileiro costuma não respeitar seus ídolos. Há críticas duras, que muitas vezes não ficam somente no âmbito profissional, como deveria ser. Quem assumiu a tarefa de comandar a seleção brasileira, caso de Dunga, deve estar plenamente preparado para receber – e também rebater – críticas, mas sempre de forma educada e transparente. Sempre aproveitando e buscando melhorar. Mas algumas críticas são incabíveis.

Dunga é inexperiente no cargo de treinador? Sim, até pode ser. Mas em minha modesta opinião, até o momento, em grandes jogos contra grandes seleções, o Brasil atuou bem sob o comando de Dunga. A exceção foi nos Jogos Olímpicos, mas nesta competição nem o time comandado pelo “experiente e vencedor” Vanderlei Luxemburgo, anos atrás, teve sucesso. Em jogos contra times mais modestos, a seleção tem feito atuações deprimentes e não é de hoje: quem lembra de derrotas como a que ocorreu contra a seleção de Honduras, por exemplo? O comandante era Felipão – que em minha opinião está no grupo dos principais treinadores do futebol mundial.

A experiência se adquire. E a seleção talvez não seja o melhor local para se adquirir experiência. São afirmações verdadeiras. Mas no caso de Dunga, existe alguém neste país que conheça melhor o ambiente de trabalho, cobranças e críticas da seleção brasileira? Existe alguém com mais conhecimento neste ambiente do que o atual técnico do Brasil, que vestiu a camisa da seleção em inúmeras ocasiões, por diversos anos e em todas as categorias? Existe alguém melhor que este cidadão gaúcho que, enquanto jogador, ajudou a seleção a trazer a primeira medalha olímpica para o Brasil? Existe alguém melhor que este atleta vencedor, que após ser mundialmente “execrado” com a derrota na Copa de 1990, deu a volta por cima, assumiu a braçadeira de capitão do time e devolveu ao povo brasileiro uma conquista que lhe fugia há vinte e quatro anos? E no final da carreira de jogador, Dunga voltou às suas origens: assinou contrato com o Internacional em 1999. Após um ano medíocre de toda a equipe, da qual Dunga acabou até no banco de reservas em alguns jogos, o time colorado precisava vencer o Palmeiras, na época o atual campeão da Copa Libertadores, para seguir na primeira divisão do futebol brasileiro. Ao final de uma épica e difícil disputa, quem marcou o “gol da salvação” do Internacional? Ele mesmo: Dunga. Assim, encerrou uma vitoriosa carreira. A última imagem é a que fica.

Pois é. Após tudo isso, afirmo para todos: Eu também preferia o Felipão treinando o Brasil, por motivo já citado dois parágrafos acima. Felipão está no grupo dos principais treinadores do futebol mundial. Mas ele não vai querer a seleção. Não neste momento. Para quê ele faria isso? Felipão já calou a imprensa nacional levando o Grêmio a grandes conquistas na década de 1990. Felipão calou parte da imprensa paulista e cativou a torcida palmeirense com o título da Copa Libertadores em 1999. Felipão foi um treinador vencedor por onde passou: seja em clubes pequenos, médios, grandes. Seja na seleção brasileira ou portuguesa. Por qual motivo Felipão aceitaria um cargo de treinador da seleção brasileira neste momento? Para seus críticos tentarem – em caso de derrota no mundial – apagar da memória do povo brasileiro a imagem do Brasil campeão mundial em 2002, sob seu comando? Negativo. Felipão faz bem em não retornar ao comando da seleção. E mesmo que um dia volte, não é este o momento mais propício. Mas isso é apenas uma particular opinião e respeito questionamentos contrários.

Apaixonado por futebol que sou, respeito Dunga. Também o critico em algumas decisões táticas ou de convocação – afinal de contas, hoje ele é treinador da seleção brasileira, que nada mais é do que pentacampeã mundial de futebol. Isso é normal. Mas o respeito deve sempre imperar, por tudo o que este cidadão já fez no futebol brasileiro.

Quero deixar registrado neste momento meu apoio ao trabalho realizado pelo atual técnico da seleção brasileira e por toda sua comissão técnica. E quero afirmar que confio neste trabalho, acreditando que a seleção brasileira está no caminho certo para fazer um bonito papel na Copa do Mundo da África do Sul em 2010. Mas este apoio, como já disse, é questão de opinião. Cada um tem a sua e expõe seus argumentos da forma como acha mais conveniente.

Alguns vão questionar: “Vai fazer um bonito papel no mundial como? De que forma? Amarelando contra times pequenos? Jogando uma bola quadrada como tem jogado? Convocando errado?”. O grupo quem forma é o treinador e este grupo é que nos dará as respostas em meados de 2010.

Ao Dunga e a seleção brasileira, força! Muita força!

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