19 de abril de 2009

OBRIGADO A TODOS VOCÊS. MUITO OBRIGADO!

Por Luciano Bonfoco Patussi
19 de abril de 2009
www.supremaciacolorada.com
lbpatussi@yahoo.com.br

Quando o relógio marcava aproximadamente dezessete horas da tarde histórica de 19 de abril de 2009, olhei para os lados. Estava cercado de gente de vermelho e branco. Todos se olhavam. Sorrisos de uns. Rosto fechado de outros. As expressões foram as mais diversas. Quando “a ficha caiu”, percebi. Estava na arquibancada superior do Gigante da Beira-Rio. Logo acima da Torcida Organizada Camisa 12, olhava para baixo. Irmãos colorados boquiabertos. Eu lia seus lábios, lá de cima. “Não acredito”. “O que é isso?”. “Que está acontecendo?”. Ao meu lado, as mesmas expressões e fisionomias. As mesmas frases. Tive lampejos em minha memória, na qual fechei os olhos e revi oito gols empilhados em cima de uma equipe de camisa verde tempos atrás. Nem tanto tempo assim. Eu acabara, minutos antes e junto a outros milhares de mortais humanos que vivem e respiram Inter doze meses por ano, de vivenciar outra situação impar. Vibrávamos de emoção em sete gols marcados em quarenta e cinco minutos. Não vivi outras épocas, mas lembrei do que já li sobre o Rolo Compressor. O time hexa-campeão gaúcho dos anos da década de 1940 veio à mente. D’Alessandro, Taison, Nilmar, Guiñazú, Magrão e Kleber. Lindas tabelas no presente. Lances geniais. Eram eles naquele momento, ao vivo, assim como anos atrás foram Abigail, Ávila, Rui, Tesourinha, Adãozinho e Carlitos. A empolgação era do tamanho do Gigante da Beira-Rio.

Após essa lembrança, no intervalo da partida, no lindo e majestoso telão do imponente estádio colorado, lances do primeiro título gaúcho, conquistado pelo Internacional em 1927. E na seqüência, a imagem do eterno capitão Fernandão erguendo a Copa Libertadores da América e o Mundial Interclubes em 2006. A emoção de ver em vídeo a primeira de dezenas de títulos regionais que fazem do Inter o maior campeão gaúcho da história, aliado à memória do time que me fez vibrar em 2006, causou emoção. Isso, sendo agregado à memória do Rolo Compressor e mais o que presenciamos ao vivo na decisão de 2009, me levou às lágrimas. Tudo isso ao final do primeiro tempo. Isso porque quem vive o Internacional sabe que vestir a camisa vermelha todos os dias é maior do que qualquer coisa que se possa imaginar.

Só temos, todos, a agradecer ao Inter como um todo – funcionários, atletas, comissão técnica e competente diretoria – por ele existir e fazer de nós os torcedores mais felizes, orgulhos e empolgados do mundo. Felizes pelo momento e orgulhosos por nossa história e presente. Empolgados pelo futuro promissor que se aproxima. E aos colorados que lerem este simples texto, escrito de coração, só tenho a agradecer também. Agradecer por todos vocês fazerem parte da minha torcida e, por conseqüência, do clube mais maravilhoso do universo.

Obrigado Inter. Obrigado colorados, coloradas, senhores, senhoras, jovens e crianças. Obrigado a todos vocês que fazem questão de mostrar para o mundo inteiro o que é ser Internacional. E no gramado, nossos jogadores se encarregam de encarnar nosso espírito e se doam em campo, respeitam a camisa vermelha e trazem à torcida alegres emoções.

Internacional, bi-campeão gaúcho em 2009. Pela trigésima nona vez, o Inter vence o campeonato regional. Está alargada uma das duas vantagens históricas que me orgulham desde o berço. Um desses orgulhos é ter nascido tri-campeão do Brasil. O outro, é ser o maior campeão de nosso querido e amado Rio Grande. Vendo este Inter de 2008 e 2009 jogar no campeonato gaúcho, é possível relembrar esquadrões que por aqui fizeram história. E cada vez fica mais fácil entender o motivo de, desde décadas passadas, o “Colorado das Glórias” ser aclamado como “O Papai é o Maior”.

6 de abril de 2009

QUATRO DÉCADAS DE VIDA NA BEIRA DO RIO

Por Luciano Bonfoco Patussi
06 de Abril de 2009
lbpatussi@yahoo.com.br
www.supremaciacolorada.com

Caro leitor, gostaria de lhe propor o seguinte: vamos viajar juntos no tempo por alguns parágrafos e recordar fatos que fazem a grandeza do dia de hoje? Então vamos lá. Primeiramente tomamos um táxi e chegamos na Avenida Beira-Rio. O silêncio impera nesta noite escura e o vento um tanto gelado que sopra da beira do rio, faz esta madrugada parecer inverno por uns instantes. Descemos do veículo. Eu propus o passeio no tempo, portanto faço ao motorista o pagamento. Ele vai embora, mas a sensação é de que ele queria ir junto conosco. Ele leva consigo, colado no painel do seu carro – um gol vermelho, uma foto antiga e em cores tão vivas quanto as cores do espetáculo que o pôr-do-sol do Rio Guaíba proporciona todos os dias, ao entardecer, aos porto-alegrenses. Na foto, um estádio de futebol visto de cima, lotado de pessoas. Abaixo da foto a descrição “Lembranças de 6 de abril de 1969”.

Já no pátio do estádio, você leitor e eu, caminhamos alguns metros vagarosamente e nos deparamos, boquiabertos, com uma nave espacial. Da espaçonave construída com incontáveis metros cúbicos de concreto e movida a amor de milhões de corações rubros espalhados pelo mundo afora, surge uma forte luz que ofusca nossa visão. Essa luz logo toma a forma de uma densa névoa. Poderiam ser os sinalizadores da torcida colorada saudando a entrada de seus ídolos eternos em campo. E em um piscar de olhos, nos deparamos, você e eu, juntos dentro dessa nave.

E lá dentro, ainda é possível ouvir a torcida colorada cantando mais uma vitória em Gre-Nal. Uma vitória importante e histórica, que elimina do campeonato gaúcho o mais tradicional adversário do Internacional. Eu imaginava que a torcida, neste horário, já tivesse ido embora. E na verdade já foi. Mas o Gigante da Beira-Rio tem vida própria. A alma colorada está sempre presente dentro do estádio. E em mais um piscar de olhos, uma nova névoa paira sobre as arquibancadas. Essa é mais densa ainda. Vemos o rosto de defensores argentinos fecharem com um ar fúnebre e desesperador. A rede balançou em um momento mágico onde cantávamos juntos um “nós viemos aqui só pra ver o gol do Nilmar”.

Caminhamos um pouco nas arquibancadas e vemos um tumulto. Desespero. Injustiça. O árbitro da partida está expulsando um jogador colorado. Pois neste momento, abraçados, recordamos. Afinal de contas, “não podemos esquecer o gol do Tinga marcado em uma noite de alegria, naquele 16 de agosto”. Então neste momento você aponta para o centro do gramado. Lhe chama a atenção Mahicon Librelato. Ele está sentado no campo de jogo. De camisa vermelha, ele chora copiosamente e diz que quer ficar no Inter, mesmo em caso de queda para a série B do campeonato nacional. Derramamos lágrimas junto a ele. Mas ele nos ajudou longe da nossa casa e hoje olha por nós logo acima da nossa sacada, a marquise da "Maior e Melhor Torcida do Rio Grande".

Em questão de segundos, agora sou eu quem chamo sua atenção e aponto para a outra goleira. Nela, a tensão era do tamanho do planeta naquele lance decisivo e único. Celso cobrou aquela falta como jamais ele poderia pensar que conseguiria. Vemos Dunga sendo abraçado por todos. A torcida é uma loucura. O Gigante da Beira-Rio ferve. E não há tempo sequer para respirar, pois neste exato momento, Enciso descola um passe preciso para Fabiano desferir um potente chute. Até hoje visualizo a bola do jogo, o Danrlei e o Cacalo juntos, abraçados em puro desgosto dentro daquela goleira do “Uh, Fabiano”, balançando a rede e o torcedor colorado.

Eis que surge um momento de dramaticidade. Eu não vi, mas você me mostrou algo que se destaca no campo. Cadê a marca do pênalti da goleira que fica próxima ao torcedor adversário que visita nosso estádio? A marca da cal, aproximadamente um quilo de grama e terra, mais a bola do jogo, estão neste momento juntas, dentro da goleira. Célio Silva está rodeado por jogadores que marcaram época. Junto à ele, Nilson. O goleador acaba de trazer a torcida mais alegres emoções. Um gol atrás do outro e o Gre-Nal do século poderia ser chamado de Gre-Nal do milênio, ou algo deste gênero.

Neste exato momento bate-nos uma tradicional “bobeira”, pois já está tarde. Mas um “Inter, Inter, Inter” entoado pela alma colorada acaba por nos acordar para uma nova recordação. Então vemos Geraldão fazer nossa alegria com gols decisivos em tempos difíceis. Fui ao bar rapidamente buscar uma cerveja e perdi o golaço marcado por Falcão, dando números finais à última partida disputada na década de 1970 pelo maior campeão brasileiro daquela época.

Mas voltei da copa em tempo de ver Dario ajudando a estraçalhar nosso mais tradicional adversário, nos fazendo vibrar com o octa-campeonato gaúcho. Como que em um passe de mágica, vemos Valdomiro com maestria dar números finais a uma partida que decidiu que a taça do campeonato brasileiro de 1976 ficaria com o melhor time do mundo daquela época.

Sinto neste momento a sensação de que está amanhecendo. Raios de sol cobrem o nosso pensamento. Mas aos poucos eles vão desaparecendo, um por um. Fica somente um facho, que é visto, tal qual um cometa, por volta dos dez minutos do segundo tempo do jogo que Figueroa marcou de cabeça o gol que escreveu seu nome na história.

É quase hora de ir embora. Antes podemos vibrar juntos com Claudiomiro, que fez as almas da arquibancada viva do Beira-Rio explodirem de emoção pela primeira vez na história. Faz quarenta anos. Está tarde. É hora de pegarmos o táxi de volta para a nossa segunda casa, isso porque a primeira casa de todos nós está em festa hoje. Haja o que houver, o Beira-Rio estará sempre pronto para nos receber, a qualquer hora e a qualquer dia. Seja para torcer pelo time. Seja para ir ao treino. Ou seja para viajar no tempo como hoje fizemos, você leitor e eu. Foi bom ter estado contigo, caro leitor, nesta espaçonave do tempo e das glórias.

Gigante da Beira-Rio. Quarenta anos de história. Seis de abril de 1969. Uma data que mudou para sempre a história do futebol gaúcho! Parabéns para todos os colorados, pois nossa casa está de aniversário. E ela está linda, aconchegante e cada vez mais renovada. Podemos nela vislumbrar novos sonhos a cada novo dia e, como diz o ditado, "o bom filho a casa torna". Quero dizer, no próximo jogo, todos ao quarentão Gigante da Beira-Rio. Volte para sua casa! Ela está sempre a nossa espera para nos trazer alegres emoções. E ela gosta disso, porque somos nós torcedores quem damos vida própria à ela. Nós e a nossa história.

5 de abril de 2009

MASSACRA ELES, INTER! MASSACRA!

Por Luciano Bonfoco Patussi
05 de abril de 2009
lbpatussi@yahoo.com.br

Todo torcedor de futebol do Rio Grande do Sul, em sã consciência – independentemente da cor do seu coração ser tingida em vermelha ou azul, sabe da máxima: “Gre-Nal é Gre-Nal”. E essa afirmação, apesar de parecer algo muito vago, é a mais pura verdade. Quem vive no meio desta paixão, sabe: cada Gre-Nal tem sua história.

Quando onze representantes de uma nação que se diz imortal, vestidos de três cores, perfilam-se, no sagrado tapete verde da luta, ao lado de onze atletas que se dizem do povo, vestidos de vermelho, inicia uma guerra – que era para ser no bom sentido sempre, independentemente de alguns seres levarem isso para o lado irracional da violência. Essa batalha tem prazo de término após o apito inicial do julgador: noventa minutos. Ou mais. Talvez dure para a eternidade!

E como um bom representante do Clube do Povo, tenho apenas um pedido para fazer aos jogadores do hoje centenário Internacional: massacra eles, Colorado das glórias! Massacra!

Mas gostaria de me fazer entender:

Não quero um massacre de gols! Quero um massacre de raça, doação e coração!

Falando sobre a história mais recente, todos devem saber: nunca foi fácil para o Internacional dos anos da década de 1970 derrotar seu rival azul. Da mesma forma, jamais foi fácil para o Grêmio, nas décadas seguintes, derrotar seu oponente rubro. E na década atual, vale o mesmo para as dificuldades que o Internacional sempre tem ao se defrontar com seu maior e eterno rival.

Goleadas em Gre-Nal não existem! São raridades! São momentos únicos e que, diga-se de passagem, desde que me conheço por gente – modéstia à parte e acompanho futebol há quase vinte anos, jamais vi o Internacional sofrer. A exceção foi um 4x2 em favor dos azuis, placar que, para mim, jamais será goleada, embora muitos cronistas e torcedores tenham a idéia de que o placar citado possa ser enquadrado como um massacre. Mas respeito todas as opiniões.

Mas, voltando ao pedido especial que quero fazer para meu time, em nome da nação que envolve milhões de seguidores do time do povo vermelho: Inter, massacra eles! Massacra! Mas o massacre que te peço não é com uma chuva de gols. É lógico que eu vou ter uma das maiores emoções de minha vida se isso ocorresse. Então, se quiseres fazer desta forma, não ficarei nem um pouco triste contigo, Inter! Mas não é esse tipo de massacre que quero.

Inter, quero que você encarne no clássico cem anos de uma vitoriosa história, como vocês atletas tem feito ultimamente em clássicos. É disso que o povo gosta, Inter! Se amanhã os atletas da nação de três cores, que é um clube que respeito muito, estiverem em uma tarde inspirada, motivada e diferenciada, que vocês do Inter estejam mais! Se os jogadores do Grêmio “cuspirem sangue” no gramado da beira do rio, que vocês do Inter cuspam “dois sangues”. Se os guerreiros tricolores “comerem a grama” no jogo de logo mais, que vocês representantes da guarda colorada então “pastem duas, três ou quatro vezes”. E que isso se transforme em gols e emoção.

Inter, se tu fizeres tudo mais do que o Grêmio, amanhã, podes ter certeza: sairás aplaudido de campo por nós torcedores apaixonados por ti, independentemente do objetivo principal ser alcançado ou não. Isso será um reconhecimento nosso para com tua luta por nós. Se tu fizeres tudo isso, Inter, poderás perder em um lance. Mas perderás de cabeça erguida. Inter, tu poderás empatar e a decisão ficará para a dramática decisão por cobranças de penalidades máximas. Mas se fizeres tudo isso, também será aplaudido. Mas Inter, podes ter certeza, se tu fizeres amanhã tudo o que te pedirmos, e ganhares deles – de novo – tu terás entrado para a história: será nossa primeira grande alegria nesses novos cem anos que engatinham e que prometem, à todos, muitas alegrias. Segues, por favor, trazendo sempre à torcida alegres emoções! Confiamos em você, Inter!

Cinco de Abril. Campeonato gaúcho de 2009. Beira-Rio. Internacional. Grêmio. Inter, faz tudo a mais do que o Grêmio fizer, te sacrificas em campo, faças por merecer – e és capaz disso – e trazes essa gloriosa vitória para nós, apaixonados torcedores de tua camisa rubra, gloriosa e centenária!

3 de abril de 2009

NÃO SERÁ MAIS UM SIMPLES AMANHECER

Por Luciano Bonfoco Patussi
03 de abril de 2009
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Sexta-feira, dia três de abril de 2009. Caro leitor, gostaria que você soubesse de uma coisa, independentemente do lugar do planeta onde você possa estar neste momento: você está, na verdade, no Brasil. Mais precisamente, no Rio Grande do Sul. Transfira seu pensamento para Porto Alegre. Sua alma viajará no tempo por mais de cem anos e, vitoriosa como poucos, chegará ao Bairro Menino Deus. Quando abrires os olhos, verás que estarás presente em uma das cadeiras vermelhas que estão enfileiradas sobre cada degrau da arquibancada do gigante de concreto erguido pelo povo na beira do rio.

É noite. O brilho do luar reflete sobre as águas calmas do Rio Guaíba. Este brilho se transfere magicamente para dentro do Gigante da Beira-Rio e é possível vislumbrá-lo no olhar de cada alma colorada que vaga pelo estádio nesta noite, esperando ansiosamente pelo amanhecer. Um novo dia lhes espera. A Alvorada Colorada. Neste momento, é possível ouvir o “colorado, colorado, nada vai nos separar”, entoado por todos os que lá estão nesta noite. Tesourinha. Henrique Poppe e seus irmãos. Carlitos. Dallegrave. Abigail. Adãozinho. Gérson. Tantos e tantos outros. Estão todos eles, você e eu, juntos neste momento, fazendo a tradicional “ola” e puxando um “somos todos teus seguidores, para sempre vou te amar”. Alguns deles são mais otimistas quanto ao amanhecer que se aproxima. Outros acham que irá demorar um século este novo momento da história. Não será mais um simples amanhecer. Se você continuar neste instante, de alma, na arquibancada superior, dê um passo até o corredor. Olhe para baixo. Atrás do gol do placar eletrônico, será possível ver, entre tantas almas, abraçando sua flâmula junto ao lado esquerdo do peito, Mahicon Librelato. Ele está derramando lágrimas, desta vez de alegria, junto a centenas de seguidores do “Clube do Povo”. E você está junto. Ele está unido a uma corrente positiva junto a você e com cada irmão colorado que acompanha o time pela eternidade, de um plano superior, bem provavelmente acima da marquise da “Maior Torcida do Rio Grande”.

O tempo passou. O amanhã surgiu. Correram os anos. Lentamente. Décadas passaram. Um século. Uma linda história foi escrita por gente movida a amor e sonho. Estes sentimentos se transformaram em realidade. Todos atualmente presenciam a realidade que foi possível ser alcançada. E tudo foi movido a dificuldade e sonho. Enfim, a realização. E parece que foi ontem. A luz do sol do amanhecer de quatro de abril de 2009 vem surgindo e trazendo à todos alegres emoções. É motivo de festa o passado alvirrubro e neste exato momento, onde você estiver, se chegou até aqui, será possível ouvir explosões. Foguetório. E vai lembrar de gols históricos. Títulos. Momentos de dificuldade, alegria e emoção virão à tona. Gritos e cânticos. Será possível vislumbrar, já com o sol nascendo ao lado oposto do tradicional pôr-do-sol do rio Guaíba, uma passeata. Uma marcha. São centenas, milhares de seres humanos, todos irmãos, vestidos de vermelho, caminhando em direção ao epicentro de uma paixão que existe há cem anos e que somente algo sobrenatural seria capaz de tentar explicar o que significa para cada um que veste o vermelho e o branco desde o início de sua existência.

Todos nós nascemos há dez ou vinte anos. Trinta, quarenta ou cinqüenta. Quem sabe oitenta ou noventa anos. E quem nasceu a mais de cem anos, na verdade, passou a viver somente desde 1909. Assim como você e eu. Assim como todos nós. Isso está gravado no coração de cada torcedor colorado. Já pararam para pensar que até este momento a palavra-chave que dá nome à instituição conhecida como “Clube do Povo do Rio Grande do Sul” sequer foi citada nas linhas que acima foram esboçadas? E precisa? Não é preciso. E sabem o porquê disso? É porque você, que vive intensamente a “glória do desporto nacional” a cada dia de sua vida, é o Internacional em pessoa. Vermelho e branco. De corpo, alma e coração. E isso por si só dispensa qualquer apresentação. Você, assim como eu, completa cem anos neste sagrado quatro de abril de 2009. Parabéns, torcedor colorado! Você é o Internacional e o Inter é você! E juntos, é possível seguir mais cem anos sonhando, passando por cima de todas as dificuldades e realizando. Conquistando façanhas no Brasil, na América, no Planeta Terra e onde mais houver onze camisas vermelhas perfiladas e dispostas a lutar por você. E por todos nós!

1 de abril de 2009

RESPEITO AO ETERNO ÍDOLO DA CAMISA 8




Por Luciano Bonfoco Patussi
01º de abril de 2009



Dunga, o atual treinador da seleção brasileira de futebol, é um vencedor no futebol e na vida. Com a carreira de jogador iniciada nos anos da década de 1980 no seu time de coração, o Internacional, Dunga saiu de Ijuí – sua terra natal, “rodou o mundo” jogando em grandes times e sendo o capitão da seleção brasileira no título da Copa do Mundo de 1994. Fazia vinte e quatro anos que o time brasileiro não vencia um mundial. Pois Dunga, junto a Taffarel, Romário e outros grandes jogadores, e sob o comando de Carlos Alberto Parreira, venceu as críticas de praticamente toda imprensa e de parte da torcida. Dizem que o Romário ganhou a Copa do Mundo sozinho. Romário foi diferenciado. Foi decisivo. Mas ninguém ganha campeonato sozinho. Era só colocar o “baixinho” para jogar na seleção da Grécia naquele mundial e ver o resultado. Romário estava “voando” em campo e era, de fato, o melhor jogador do mundo. Mas a seleção era unida e era um grande time. Por isso venceu. Chegou ao topo, onde grandes times do Brasil, como o de 1982, por exemplo, não chegou. Isso pode não fazer o time de 1994 melhor que o de 1982. Mas foi mais vencedor. Isso é um fato.

Por qual motivo toda essa introdução ao assunto: é que parte do povo brasileiro costuma não respeitar seus ídolos. Há críticas duras, que muitas vezes não ficam somente no âmbito profissional, como deveria ser. Quem assumiu a tarefa de comandar a seleção brasileira, caso de Dunga, deve estar plenamente preparado para receber – e também rebater – críticas, mas sempre de forma educada e transparente. Sempre aproveitando e buscando melhorar. Mas algumas críticas são incabíveis.

Dunga é inexperiente no cargo de treinador? Sim, até pode ser. Mas em minha modesta opinião, até o momento, em grandes jogos contra grandes seleções, o Brasil atuou bem sob o comando de Dunga. A exceção foi nos Jogos Olímpicos, mas nesta competição nem o time comandado pelo “experiente e vencedor” Vanderlei Luxemburgo, anos atrás, teve sucesso. Em jogos contra times mais modestos, a seleção tem feito atuações deprimentes e não é de hoje: quem lembra de derrotas como a que ocorreu contra a seleção de Honduras, por exemplo? O comandante era Felipão – que em minha opinião está no grupo dos principais treinadores do futebol mundial.

A experiência se adquire. E a seleção talvez não seja o melhor local para se adquirir experiência. São afirmações verdadeiras. Mas no caso de Dunga, existe alguém neste país que conheça melhor o ambiente de trabalho, cobranças e críticas da seleção brasileira? Existe alguém com mais conhecimento neste ambiente do que o atual técnico do Brasil, que vestiu a camisa da seleção em inúmeras ocasiões, por diversos anos e em todas as categorias? Existe alguém melhor que este cidadão gaúcho que, enquanto jogador, ajudou a seleção a trazer a primeira medalha olímpica para o Brasil? Existe alguém melhor que este atleta vencedor, que após ser mundialmente “execrado” com a derrota na Copa de 1990, deu a volta por cima, assumiu a braçadeira de capitão do time e devolveu ao povo brasileiro uma conquista que lhe fugia há vinte e quatro anos? E no final da carreira de jogador, Dunga voltou às suas origens: assinou contrato com o Internacional em 1999. Após um ano medíocre de toda a equipe, da qual Dunga acabou até no banco de reservas em alguns jogos, o time colorado precisava vencer o Palmeiras, na época o atual campeão da Copa Libertadores, para seguir na primeira divisão do futebol brasileiro. Ao final de uma épica e difícil disputa, quem marcou o “gol da salvação” do Internacional? Ele mesmo: Dunga. Assim, encerrou uma vitoriosa carreira. A última imagem é a que fica.

Pois é. Após tudo isso, afirmo para todos: Eu também preferia o Felipão treinando o Brasil, por motivo já citado dois parágrafos acima. Felipão está no grupo dos principais treinadores do futebol mundial. Mas ele não vai querer a seleção. Não neste momento. Para quê ele faria isso? Felipão já calou a imprensa nacional levando o Grêmio a grandes conquistas na década de 1990. Felipão calou parte da imprensa paulista e cativou a torcida palmeirense com o título da Copa Libertadores em 1999. Felipão foi um treinador vencedor por onde passou: seja em clubes pequenos, médios, grandes. Seja na seleção brasileira ou portuguesa. Por qual motivo Felipão aceitaria um cargo de treinador da seleção brasileira neste momento? Para seus críticos tentarem – em caso de derrota no mundial – apagar da memória do povo brasileiro a imagem do Brasil campeão mundial em 2002, sob seu comando? Negativo. Felipão faz bem em não retornar ao comando da seleção. E mesmo que um dia volte, não é este o momento mais propício. Mas isso é apenas uma particular opinião e respeito questionamentos contrários.

Apaixonado por futebol que sou, respeito Dunga. Também o critico em algumas decisões táticas ou de convocação – afinal de contas, hoje ele é treinador da seleção brasileira, que nada mais é do que pentacampeã mundial de futebol. Isso é normal. Mas o respeito deve sempre imperar, por tudo o que este cidadão já fez no futebol brasileiro.

Quero deixar registrado neste momento meu apoio ao trabalho realizado pelo atual técnico da seleção brasileira e por toda sua comissão técnica. E quero afirmar que confio neste trabalho, acreditando que a seleção brasileira está no caminho certo para fazer um bonito papel na Copa do Mundo da África do Sul em 2010. Mas este apoio, como já disse, é questão de opinião. Cada um tem a sua e expõe seus argumentos da forma como acha mais conveniente.

Alguns vão questionar: “Vai fazer um bonito papel no mundial como? De que forma? Amarelando contra times pequenos? Jogando uma bola quadrada como tem jogado? Convocando errado?”. O grupo quem forma é o treinador e este grupo é que nos dará as respostas em meados de 2010.

Ao Dunga e a seleção brasileira, força! Muita força!