12 de setembro de 2009

A GRANDE CHANCE DA VIDA DE TODOS NÓS

Por Luciano Bonfoco Patussi
12 de setembro de 2009

Há longínquos 34 anos, um grande e inesquecível time de futebol, fardado de azul e branco e representando Minas Gerais, veio à Porto Alegre buscar o título de campeão brasileiro. Era uma equipe que marcaria época no futebol nacional e mundial, capaz de trucidar adversários, marcar lindos gols, conquistar títulos memoráveis, revelar craques e fazer história, ficando nela para sempre, imortalizado na memória de cada torcedor e de cada cidadão apaixonado pelo esporte que tem a preferência nacional.

Era um domingo de sol de dezembro de 1975 quando, à beira do Rio Guaíba, no Gigante da Beira-Rio, duelaram o timaço do Cruzeiro, de Belo Horizonte, contra o tão fenomenal quanto, Internacional, de Porto Alegre - do Rio Grande e do Brasil! Na ocasião, os craques colorados, comandados por Falcão, Figueroa, Manga, Valdomiro e Cia Ltda, conquistaram o Brasil, cobrindo a nação de vermelho e branco e trazendo ao estado mais setentrional do Brasil o primeiro grande título comemorado por um clube da nossa terra.

O tempo correu. Surgiu o amanhã. Mais e mais títulos memoráveis vieram. Aqui e também no lado de lá do Bairro Menino Deus. Chegamos a 2005 e o título brasileiro passou a tomar conta do pensamento do torcedor colorado. Vivíamos campeonato brasileiro. Comíamos, bebíamos e sonhávamos campeonato brasileiro. Desde 75. Desde 76 e 79. E o sonho virou pesadelo em um apito. Em um escândalo. Um mar de amargura que todos até hoje fariam questão de esquecer, se isso fosse possível. Sentimo-nos impotentes. Derrotados por forças além das quatro linhas. O Internacional ganhou o campeonato brasileiro de 2005, mas não levou o título e o reconhecimento oficial.

Após 34 anos de uma memorável conquista colorada, o adversário glorioso de outras décadas, o Cruzeiro, volta a Porto Alegre. Ostentando o vice-campeonato da Libertadores da América de 2009, o time da Raposa enfrenta o Internacional que é, humildemente e com os pés no chão, um dos favoritos ao título nacional de 2009. Lá se vão 34 anos daquele confronto! E lá se vão 30 anos do último título! É bom relembrar tempos em que muitos de nós sequer havíamos nascido, para poder buscar no presente a realização de um sonho que escapou durante décadas e que esteve tomando conta de nossos sonhos lá pelos idos de 2005 e 2006. Sonhos realizados há 30 anos e que hoje, tomara, possamos reviver novamente!

Inter e Cruzeiro é clássico e é a primeira das próximas "15 finais" que o Inter irá disputar neste campeonato brasileiro. Cada jogo é uma decisão. A vitória no domingo será tão representativa quanto os três pontos em qualquer rodada do campeonato. Mas amanhã temos um diferencial: o torcedor colorado! O apoio ao time será fundamental. Todos os "campeões de tudo" juntos, no Beira-Rio ou em qualquer parte do Rio Grande ou do Brasil, gritando, vibrando e "ralando" junto com o time em busca de mais uma realização, farão a diferença!

Nesta semana, o volante Magrão fez uma declaração um tanto parecida com a que ouvi de Fabiano Eller, após o jogo contra o Nacional de Montevidéu, pela primeira fase da Copa Libertadores de 2006.

Naquela ocasião, após a partida contra os uruguaios, junto a um grupo de amigos, jantei na churrascaria do Parque Gigante, e para a surpresa e contentamento de todos, chegaram junto de seus familiares: Fabiano Eller, Mossoró, Léo e Rubens Cardoso. Foi tudo festa! Naquele dia, após a comida - e a bebida (nossa, não dos jogadores!), um grupo de torcedores chegou para conversar com os atletas. Um de nós comentou que aquele grupo tinha que trazer a Libertadores para nós, precisávamos de um título, estávamos sedentos por isso. Fabiano Eller sorriu e falou que seríamos campeões da Libertadores, porque o grupo era muito forte e estava unido em torno daquela conquista. Era para todos nós acreditarmos.

Nesta semana, assistindo a um programa de debates esportivos, um dos convidados era Magrão. O volante colorado, de garra reconhecida e as vezes criticado com razão - e outras tantas vezes injustamente, foi perguntado sobre o sonho da conquista do título brasileiro. Magrão disse mais ou menos isso:

"- Todos os dias nós jogadores comentamos, nos treinamentos e na concentração, sobre a possibilidade e a importância de um título dessa grandeza. Nós falamos e pensamos que este pode ser o início de um novo ciclo de vitórias, mas também não sabemos se algum dia em nossa carreira teremos a oportunidade, novamente, de fazer parte de um grupo como este do Inter, tão forte em qualidade e unido em torno de um objetivo. Por isso queremos o título brasileiro, queremos ficar marcados na história do clube com uma memorável conquista no ano do centenário."

Não foi bem com essas palavras, mas foi este o sentimento que Magrão passou para o torcedor colorado naquele momento. Essa declaração não garante título, isso é óbvio, pois existem muitos adversários - e bastante qualificados - que podem lutar por esta conquista. Mas perceber isso no grupo colorado - após um período de incertezas, onde o time parecia perder o rumo - é um primeiro passo para se chegar vivo até a última rodada, onde enfim poderemos, ou adiar o sonho novamente, ou então gritar para o mundo inteiro ouvir, que o Internacional é novamente, após muitos anos, sofrimento e devoção, campeão brasileiro de futebol! Assim como nos velhos tempos! É a grande chance da vida de todos nós: dirigentes, jogadores e torcedores! E se todos estiverem juntos, assim como nas grandes conquistas, podemos fazer a diferença!

Nenhum comentário: