Por Luciano Bonfoco Patussi
29 de Setembro de 2009
Caro leitor, imagine-se no ponto mais alto da Cordilheira dos Andes. De lá, é possível vislumbrar toda a América. Ela está em suas mãos. E como é bonita a América! O Novo Continente é o orgulho e a paixão de todos os americanos! América de Colombo! América de Che Guevara! América Latina! América do Sul! América "Independiente"! América do Boca! Do Peñarol! Do Olímpia! Do São Paulo! Porto Alegre do Rio Grande e da América! Inter da América! América vermelha! De terras andinas vieram para o Internacional muitos legados. Entre eles, o maior de todos, até hoje: Don Elias Figueroa. Há alguns anos, a torcida colorada olhava apenas para trás, imaginando repetir momentos proporcionados pelo "Capitão dos Andes", por Falcão, por Valdomiro e Cia Ltda. Pois a realidade mudou. Aos poucos. Todas as conquistas foram posteriores a muito trabalho, suor e lágrimas! E dentro de poucos instantes, o Internacional jogará no Chile, contra a "Universidad" que carrega junto com sua história o nome que entitula toda uma Nação!
Mas antes, bem antes das recentes conquistas históricas obtidas pelo Internacional - Libertadores, Mundial Interclubes, Recopa, Copa Sul Americana e outras mais - o Clube do Povo esbarrava em defesas milagrosas de Rodolfo Rodriguez. O goleiro da seleção uruguaia foi um dos maiores nomes da história do Nacional de Montevidéu, aquele grande clube que, com o comando de Victorino no ataque, enterrou os sonhos do Internacional de conquistar a América em 1980. E passamos os anos seguintes sonhando jogar a Supercopa dos Campeões da Libertadores. Ah, os anos 90! Mas para jogar aquela competição, era preciso ganhar uma Libertadores. E estava difícil chegar neste patamar!
O tempo passou e o Internacional seguia apoiado por uma imensa nação de apaixonados torcedores. Eles aplaudiam o time, mas também sabiam vaiar quando era preciso. Assim o Internacional seguia sua senda - não aquela de vitórias obtidas em épocas passadas. Um empate com o São Paulo em 1995 tirou do Inter a chance de chegar a fase de semi-final do campeonato brasileiro. Foi um empate sofrido, no Morumbi. As lágrimas que Abel Braga e Goycochea derramaram em solo paulistano simbolizavam o sentimento do torcedor do Inter naquele momento. Ainda no campeonato nacional, mas já no certame de 1996, o colorado Leandro Machado perdeu contra o rebaixado Bragantino a penalidade máxima que colocaria o time entre os oito principais times do País. O Inter seguia batendo na trave. E nem classificação para a Copa Conmebol o time do Beira-Rio conseguia, devido a tropeços como estes, citados anteriormente.
Após "Supercopas" e "Conmebois", foi criada a Copa Mercosul. Ela só tinha a participação de clubes convidados pela emissora que patrocinava o torneio. Nela figuravam o Boca Juniors, o River Plate, o Peñarol e tantos outros grandes clubes. E o Inter? Não era convidado. O Inter sempre foi grande, mas não conseguia classificações. Colecionava eliminações. Nem mesmo era convidado! Era reflexo da fase ruim e da má administração do clube. Anos depois, após a Copa Mercosul, foi criada a Copa Sul Americana. Ela é um torneio sucessor a Mercosul e que teria tudo para dar certo, não fosse o calendário "estufado" do nosso futebol. Mas aos poucos, ela vai crescer mais! A disputa paralela com um dos principais campeonatos do planeta - o campeonato brasileiro - acaba por fazer "parecer" com que a Copa Sul Americana não tem o mínimo valor. Atualmente, "almas penadas e amarguradas agonizam" aos quatro cantos do mundo: "A Copa Sul Americana não vale nada!"
Esta competição pode valer menos que o campeonato brasileiro. Menos do que a Libertadores da América. Isso é inegável. Também acho exatamente isso! Mas não se pode em momento algum discriminar um torneio que vale prestígio, faixa no peito, volta olímpica, reconhecimento internacional, dinheiro nos cofres e taça no armário. Muitos cronistas e torcedores falam na Copa Sul Americana como se ela fosse um rolo de papel inútil, rasgado, que deveria ser amassado e atirado na lata do lixo. Hoje ouvi uma frase dita na televisão, e pensei nesse "poema" o dia todo. O autor da "pérola" dizia mais ou menos o seguinte:
"- Por qual motivo o Inter vai querer ganhar essa competição que não leva a nada? Ano passado foi um consolo! Ganhar a Sul Americana, para o Inter, será como beijar a Sharon Stone duas vezes! Já beijou uma, deixa assim que tá bom, não tenta beijar de novo porque não vai conseguir. Foi um momento de fraqueza dela. Se concentra no campeonato brasileiro, que não está nada bom pro time do Beira-Rio".
Para quem assiste futebol com fervor e vê o time do seu coração vencer, mas ao mesmo tempo já conviveu com derrotas sofríveis que pareciam jamais terminar, é importantíssimo todo o torneio que se dispute. Ainda mais um torneio como a Copa Sul Americana. Os colorados estão enlouquecidos em busca do título de campeão brasileiro. Isso é quase como uma "tara" do torcedor! Particularmente, cresci lendo e ouvindo as mais incríveis histórias do time que foi tri campeão do Brasil nos anos 70! Quero ver o Inter ser campeão brasileiro! Mas também quero a América! Na atual conjuntura de erros cometidos nas vendas de jogadores importantes efetuadas pela direção do Inter em meio ao campeonato, alheio a falta de reposições a altura, eu ficaria bastante contente em ver o colorado ganhar o campeonato gaúcho e a Copa Sul Americana no ano do centenário, tendo ainda obtido classificação para a Libertadores e ainda sendo o vice campeão da Copa do Brasil. Tudo no mesmo ano! Seria um ano bom. Os erros da direção devem ser discutidos, mas não neste momento pré-jogo decisivo!
É lógico que este 2009 que não seria um ano bom para o Inter, na visão de quem achava que o Colorado era imbatível! Essa imagem criada pela imprensa - e também por parte da torcida colorada - parece condenar o restante do ano do Inter. Ainda mais depois das vendas de Nilmar e Magrão, com a "reposição a altura" dos já presentes Alecsandro e Maycon. Nada contra eles! Alecsandro e Maycon, bem como Bolívar e Danilo Silva, são profissionais e estão lutando pelo Inter e pelo seu espaço! O Inter tinha um grupo muito bom. Hoje, é um grupo bom. Segue sendo um dos melhores grupos do Brasil, mas atualmente possui mais carências do que tinha antes das vendas. Isso equilibrou a disputa dentro do país! É precisa lutar para alcançar os objetivos. Nada cairá do céu! O Inter tem um grupo que pode, ainda, ser campeão brasileiro. Mas pode também ser campeão da América! Se lutar para isso, com força e determinação, as chances serão razoavelmente boas!
Nesta quarta-feira, o Inter volta a terra de Don Elias Figueroa, para lutar contra a Universidad do Chile, em busca de uma vaga entre os oito melhores times da Copa Sul Americana de 2009. A direção do clube, que pode ter perdido as contas de tanto cometer equívocos neste ano - dependendo da avaliação de cada um - está plenamente certa em levar o grupo principal ao Chile. Jogará quem tiver as melhores condições físicas. Se buscará a vaga. E independentemente da classificação vir para o Beira-Rio - ou não - o time estará domingo de volta aos gramados do Brasil, plenamente preparado para lutar e tentar reconquistar o País, sem jamais abdicar de disputar um título continental que, anos atrás, parecia impossível de ser alcançado!
E quem diz algo como a frase sobre a Sharon Stone, é porque deve estar acostumado a "descer" ao inferno em pleno início da semana - uma "segunda" - e abraçar o "capeta", e por duas vezes!
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