21 de maio de 2007

Texto - A taça que Maradona perdeu

Após cada time cumprir a sua obrigação na fase semifinal, podemos afirmar, finalmente, que a final da Copa do Mundo Interclubes 2006, será decidida no tão esperado confronto dos europeus contra os sul-americanos. FC Barcelona e SC Internacional decidirão a Copa no domingo, 17 de dezembro de 2006.

Toda torcida colorada está sendo alvo de brincadeiras, sadias, logicamente, de torcedores rivais, que dizem que Ronaldinho Gaúcho, o melhor jogador do mundo, vai fazer três, quatro ou cinco gols na defesa colorada. Como brincadeira, é valido, faz parte do futebol, e não poderia ser diferente. Ao mesmo tempo que brincadeiras sadias são válidas, dados históricos também são, e servem como motivação para o Internacional e para os seus torcedores, em busca de mais um importante título em sua história.

Entre os anos de 1980 e 1989 o time colorado não era mais o mesmo que na década anterior encantara o mundo com um futebol de técnica apuradíssima, aliada à garra gaúcha. Apesar de não conquistar títulos do campeonato nacional nesta época, o Internacional colheu, durante esta década, os frutos da imagem que o clube adquiriu nos anos anteriores. O resultado disso foi o convite recebido pelo Inter para a realização de vários torneios, principalmente na Ásia e na Europa. Vários títulos foram conquistados.

Breve introdução: O clube mais rico do mundo, o FC Barcelona, foi fundado por Joan Gamper, em 1899. Joan Gamper, desde 1966, é homenageado pelo clube, com a realização de um torneio anual que leva seu nome. O torneio tem uma tradição de 40 anos. É disputado, portanto, há mais tempo que o campeonato brasileiro. Em 41 edições da competição, o Barcelona, anfitrião, ganhou 31 troféus. Dos 10 torneios que o Barcelona não venceu, 9 foram conquistados por outros clubes europeus.

De fora do continente europeu, o torneio teve somente um campeão até hoje. O ano era 1982. O Internacional, por tudo que representou para o futebol brasileiro e mundial anos antes, foi um dos convidados de honra do Barcelona para a disputa em solo espanhol. Convidado de honra porque, para os espanhóis, nada melhor do que, em uma verdadeira festa, promover a estréia de Diego Armando Maradona, ídolo do futebol mundial, justamente contra um dos clubes mais populares do futebol brasileiro, que até então, era o detentor do maior número de conquistas nacionais, com três títulos.

Em agosto de 1982, o Internacional entrou em campo no estádio do Barcelona, com mais de 100.000 espectadores, para enfrentar o time da casa, na estréia de Maradona. O time catalão estava certo que venceria o Inter, e disputaria a final do torneio. Após muita luta, um empate em 0 a 0 no tempo normal. Na decisão por penalidades máximas, vitória colorada por 4 a 1. O time foi aplaudido, em pé, por mais de 100.000 espanhóis que, por instantes, esqueceram da estréia de Maradona, o melhor do mundo após a era Pelé. Na decisão, o Inter venceu o Manchester City por 3 a 1, sendo, assim, o único clube, até hoje, de fora da Europa, a sagrar-se campeão da disputa. A Taça Joan Gamper pode servir de inspiração ao time do Internacional, que chega humilde, em relação ao Barcelona, para a decisão do campeonato mundial 2006.

O Inter pode derrubar o Barcelona novamente. A tradição colorada permite imaginar isso. A Taça de Ouro Joan Gamper 1982 não foi de Maradona. A Taça Mundial FIFA 2006 não será de Ronaldinho. É esperar para ver. O Inter não vai deixar. Novamente.

Texto de Luciano Bonfoco Patussi, escrito em 14 dezembro de 2006.

Um comentário:

Luciano disse...

Escrevi este texto na manhã de 14 de dezembro de 2006, minutos após o Barcelona ter triturado o América do México, garantindo, assim, presença na decisão do campeonato mundial, contra o Inter. O final da história, todos sabem!

Saudações coloradas!