13 de maio de 2016

Hexa: histórias e o futuro colorado

Por: Luciano Bonfoco Patussi
13 de maio de 2016

Faz parte de minha história valorizar todas as disputas nas quais acompanho meu time dentro de campo. Sem renegar a mesma, perante derrotas – que em determinada época, eram constantes – diga-se de passagem. Neste cenário, é notório meu contentamento e orgulho com o hexacampeonato estadual, obtido pelo Internacional, no último domingo. Fato histórico, e que repete feitos relevantes obtidos em 1945 e 1974 – sem entrar em detalhes e particularidades de cada título em sua respectiva época. Embora, institucionalmente falando, títulos não sejam motivadores de tanto orgulho para o torcedor colorado, quanto coisas mais singelas – como simplesmente o fato de vestir vermelho e mostrar para todos no entorno o significado de viver Internacional 24 horas por dia!

Eu era um garoto, criança ainda, e “cansei” de ver carreatas azuis. Era um título estadual conquistado atrás de outro, pelo rival colorado. Isso até 1991, com a conquista do 30º título estadual do Internacional, que há seis temporadas não era campeão! Feito que mereceu disco comemorativo, traçando toda a história do Internacional nos certames estaduais, obra esta que foi motivo de festa em meu coração de criança, durante toda infância e adolescência!

A conquista de um hexacampeonato, não torna um time imune a tropeços. Ainda mais, no futebol atual. O último hexacampeão estadual do futebol brasileiro, antes do Internacional, caiu de divisão no ano seguinte. E isto, não é uma corneta. É um registro histórico, que cabe sempre ressaltar. Que sirva sempre de exemplo. Até mesmo pela grandeza do rival, que se não fosse gigante, jamais seria lembrado e tripudiado, por nós, perante suas tragédias! E o contrário, amigos, tenham certeza que é verdadeiro!

Aprendi a valorizar demais as rivalidades, respeitando sempre o próximo, e esse valor foi muito enaltecido, durante um título. Em uma quinta feita de 1997, fui à escola de camisa do Inter. Como de costume, ano após ano. Nada de novo. A única novidade era o Inter campeão! Naquela manhã, não era apenas eu. Inúmeros colegas da sala de aula fardavam vermelho. Na noite anterior, o Internacional havia superado o Grêmio, na final do campeonato gaúcho. O Tricolor era o atual campeão brasileiro e também da Copa do Brasil. Lutava pelo tricampeonato estadual. Parou em um time do Inter humilde, guerreiro, organizado e muito forte.

A aula do primeiro período daquele dia nos premiou com uma aula de Biologia. O professor era Sérgio. Colorado. Em certo momento, houve uma tentativa de corneta mútua, entre colegas. E o professor, com muita elegância, relatou a importância de valorizarmos o nosso time. A nossa camisa. Aquele momento! Todavia era imprescindível sabermos que vencemos um time muito grande, de tradição, forte e competitivo em tudo o que disputava na época.

Embora eu jamais retrucasse, não era adepto a cornetas. Minha réplica, nesses casos, era simples: vestir outra camisa vermelha, mesmo na derrota! Aquela aula, em uma manhã de quinta feira, foi de sabedoria. Dias atrás eu estava pensando o quão importante foi minha presença naquele momento, junto com os demais colegas, ao ouvir o que o professor Sérgio falava. Ele já havia visto Inter campeão, Grêmio idem, Colorado na seca, Tricolor sem títulos. Futebol é momento, detalhe. Importa é torcermos por nosso time, com simplicidade. E só! Respeitando o próximo! Com cornetas, sábias e bem humoradas, mas sabendo os limites disso!

Lembrei de tudo isso em um momento que para mim é histórico. Vieram essas lembranças a mente. Tudo para relembrar como começou essa história de amor ao Clube do Povo do Rio Grande do Sul! Agora, hexacampeão gaúcho, mais uma vez!

Dito isso, cabe lembrar que a importância dessa conquista, na minha visão, é muito maior do que, simplesmente, a marca histórica. Este título simboliza inegavelmente o sucesso de uma receita que, particularmente, já comemorei em 2015: a maciça utilização de jogadores formados nas categorias de base do clube, fato que possibilita vermos no gramado uma equipe altamente identificada com a instituição e com o torcedor! O pentacampeonato de 2015 foi conquistado por uma equipe formada por oito jogadores das categorias de base iniciando a partida no time titular. O hexa teve cinco atletas formados na categoria de base iniciando o jogo, mas foi marcado pela ausência de dois expoentes do Celeiro de Ases, devido à lesão: Rodrigo Dourado e Valdívia.

Não apenas isso: no futebol, é notória a importância que o fator “confiança” tem sobre as possibilidades de resultados futuros. O hexacampeonato marca uma geração que assumiu de modo sereno e tranquilo a condição de jogar sem D’Alessandro – que em minha opinião, já não era mais necessário no grupo há tempos – embora todo histórico dentro do clube. Tudo passa. E essa geração está tendo finalmente o momento de jogar, crescer e marcar sua época – agregando ao clube condição de ter maior competitividade dentro de campo.

Analisando as condições deste time colorado, dentro do campeonato brasileiro e da Copa do Brasil – que se aproximam, concluo: estou otimista com o que pode acontecer – no longo prazo. Por todo conjunto de fatores, desde a falta do “favoritismo” – que alivia a carga sobre o time, mas também pelos adversários serem “parelhos”, tecnicamente falando. É possível este elenco fazer uma campanha competitiva nos certames nacionais. Fato que não ocorre há mais de meia década, cabe ressaltar. Basta olharmos o histórico recente, onde ano após ano, com a presença de fama e holofotes dentro de campo e no vestiário, as campanhas do Inter no campeonato brasileiro, terminavam em agosto ou setembro, quando as esperanças do torcedor restavam aniquiladas – em se falando de chance real de título.



Neste ano, a base colorada pode fazer um bom papel. E, se não houver título nacional, pelo menos o pilar, visando manutenção de um trabalho de longo prazo, existe. Cabe um voto de confiança neste elenco, que é novo em se falando de trajetória e experiência, mas que tem muito potencial para crescer enquanto equipe! Cobrança deve existir, sempre. Ainda mais que o potencial, para seguir trazendo à torcida alegres emoções, é evidente!

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