Por: Luciano Bonfoco Patussi
17 de dezembro de 2018
Lembranças de uma vida apaixonada
pelo futebol me remetem particularmente até o longínquo ano de 1992. Há pelo
menos dois anos, já despertava em mim uma paixão incomum por este esporte,
desde a Copa de 1990. Porém, 1992 foi especial, não apenas pelos títulos
sequenciais obtidos pelo Internacional na Copa do Brasil e no campeonato
estadual. Foi um ano diferente, onde comecei a ver futebol de modo único, mais
global e, ao mesmo tempo, sonhador.
Embora nada fosse tão ímpar,
quanto ver camisas vermelhas adentrando o gramado na beira do rio sob fogos de
artifício e sinalizadores, teve um acontecimento específico naquele ano, o qual
ficou em minha retina para sempre. Era a chamada da TV, para a final do Mundial
Interclubes: São Paulo e Barcelona, da Espanha! Aquilo já soava diferente. Foi
muito legal acompanhar a história daquele jogo, em uma época sofrida para o
futebol brasileiro e, em especial, pelo que viria a acontecer com o
Internacional no decorrer dos próximos anos de provação aos quais seus torcedores
foram testados diariamente e de modo insano!
Fiquei para sempre com aquele São
Paulo e Barcelona em minha mente. Possivelmente, um dos jogos de futebol mais
emocionantes que assisti na minha infância. Era uma história que não poderia
acabar por ali! Tinha que ter um final diferente! Outro roteiro. Sei lá! Não
era possível, aquele conto de futebol ter um final mágico, sem o meu time estar
em campo!
Mas meu time estava lá, em outro tempo, em outra dimensão. Eu é que ainda não sabia!
Correram os anos e o amor ao
Internacional seguia aumentando. Era uma paixão descontrolada! O futebol amador
jogado com amigos na pracinha, aos domingos de sol, era acompanhado de uma
narração ao fundo. Era o meu radinho de pilha transmitindo mais um jogo do
Inter. Era possível todos ouvirem, colorados ou não, o Inter colocando em sua
coleção, cedo ou tarde, mais uma brava luta pelo campeonato brasileiro, com uma
derrota certeira que chegava a cada nova temporada.
Em 1992, era apenas uma criança,
com seus 10 anos de idade. Aquelas memórias todas voltaram, como que em um
passe de mágica, após a mais gigante volta olímpica dada sob risos e lágrimas
de uma criança agora adulta, em uma manhã de domingo de 2006. Naquela data, quem não era
Inter, contrariado, aplaudiu!
Surgiu o amanhã, radioso
de luz! São Paulo e Barcelona, esquadrões já em 1992, em pleno 2006 eram tão fortes
e imponentes quanto em anos atrás, mas eram vencidos pelo meu time, na
superação, na qualidade, na inteligência e na humildade. Parecia um sonho de
criança, tomando forma na mais absoluta verdade, certeza e emoção: o Internacional era
campeão da Copa Libertadores da América contra o São Paulo, e de quebra vencia a
Copa do Mundo contra o Barcelona! Aquele distante 1992 tinha um significado. Eu
sabia!
Os dias 16 de agosto e 17 de
dezembro de 2006 são únicos, cada data com sua magia, que remete sempre aos
anos de devoção junto ao Clube do Povo! Jamais haverá outro sentimento igual! O
Inter sempre foi gigante, independente dos títulos. Mas naquele momento,
traumas desportivos foram rasgados e milhões de apaixonados torcedores tiveram
a certeza: valeu a pena esperar, para mostrarmos com orgulho, ao mundo inteiro,
o que é ser Internacional!