Por Luciano Bonfoco Patussi
24 de maio de 2013
Prezados leitores,
O título da matéria não
significa o desejo de vermos o Internacional acumular 21 pontos logo nas sete
primeiras rodadas do campeonato brasileiro. A ideia é utilizar este espaço para
fazer algumas ponderações que considero importantes, acerca de possíveis
mudanças que o Internacional venha a sofrer em seu ataque, já afetando o elenco
na disputa do campeonato brasileiro de 2013:
1) A temporada 2013 é atípica.
O Internacional atuará praticamente 100% do tempo fora de Porto Alegre. Isto é
um ponto considerável. É uma situação única. Diferente. Negativa;
2) Sendo uma temporada atípica,
logo é um ano de zelo financeiro. Devido ao fato de o time não jogar em seu
próprio estádio, a renda certamente diminuirá. A receita cairá drasticamente em
2013. Nesta temporada, o Internacional precisa adotar uma política de
austeridade econômica;
3) Economizar, obviamente, não
significa deixar de investir no time. A equipe precisa ser reforçada, sempre
que necessário. Desde que com claro critério de investimento;
4) A política de austeridade na
qual o clube necessita se encaixar, principalmente em 2013, não necessariamente
significa dizer que basta a realização da venda de um atleta de grande nível
para resolver todos os problemas do fluxo financeiro anual;
5) A imprensa, de um modo
global, muitas vezes noticia precocemente fatos que não se concretizam. Isso é
normal. Acontece. As fontes podem falhar, fazendo com que o canal de
comunicação “queime seu filme” e, ainda assim, consiga “formar opinião”.
Sabemos disso;
6) O Internacional é um time
que não joga em favor de seu centroavante. Isso ocorre há tempos e não é uma
crítica. Apenas uma constatação. O estilo de jogo colorado não favorece o
futebol do principal atacante da equipe. Basta verificarmos as ocorrências de
gol de Leandro Damião, a forma como ele normalmente recebe as assistências,
entre outros pontos;
7) Em média, acredito que Leandro
Damião deve receber apenas umas duas bolas de seus companheiros por jogo, em
plenas condições de marcar gols. Isso por jogo. Em média. Em alguns jogos, pode
receber três. Raramente quatro. Em outros jogos, pode receber apenas um bom
passe para ficar em condição plena de balançar a rede, como chegou a ocorrer no
gauchão de 2013;
8) Mesmo com uma equipe que,
devido ao estilo de jogo, não favorece seu melhor atacante, Leandro Damião já
possui quase 100 gols com a camisa colorada. O atacante é um talento descoberto
pelo Internacional e que ainda está a serviço do clube. Precisa ser valorizado;
9) Ainda assim, o atacante
colorado muitas vezes é criticado por opiniões que dão conta de que o melhor é
vendê-lo para o futebol europeu imediatamente. Respeito essa opinião, mas acho
que esta ideia dá voz à parte da mídia que deseja a saída de Leandro Damião, o
que favoreceria interesses listrados em
três cores, dentro de nossa região de atuação;
10) Minha opinião é de que a
venda de Leandro Damião poderia favorecer os cofres do clube, em um primeiro
instante. Entretanto, as finanças seriam muito mais favorecidas com Damião em
campo, marcando gols, atabalhoando as defesas rivais, sendo decisivo, vendendo
camisa e ganhando cada vez mais a idolatria do torcedor colorado. Os maiores afortunados
com a venda de Leandro Damião seriam os adversários do Internacional;
11) Obviamente, chegará o
momento que Leandro Damião desejará atuar em novos ares;
12) Este momento não chegou. Há
anos que Damião destaca, com sinceridade, seu desejo de permanecer no clube;
13) Há pessoas torcendo para que
a diretoria do clube aceite qualquer proposta pelo atleta;
14) Repito: “Damião no Tottenham”, ou em outro
clube qualquer, é interessante apenas para os adversários do Internacional,
secadores de plantão e alguns outros determinados setores que possuem interesse
em fazer o rival do Inter mais forte outra vez. Isso, para mim, é óbvio, embora
reconheça que posso estar equivocado;
Após 14 tópicos, gostaria de
descrever outras duas ponderações, antes de concluir o assunto proposto. Estas
opiniões não são minhas. São idéias que, se podem ser consideradas inválidas
para uma ou outra diferente realidade aplicada, com certeza valem ao menos como
reflexão, visando adaptação ao meio futebolístico em que vivemos:
15) Em uma pesquisa da Pluri
Consultoria, o campeonato brasileiro era considerado o sexto certame nacional mais
valorizado do mundo em 2012. Isso analisando o valor de mercado dos atletas dos
clubes. O brasileirão caiu para o oitavo posto em 2013, perdendo posições para
os campeonatos Turco e Russo dentro deste critério de avaliação. Segundo a
entidade pesquisadora:
“[...] A queda do Brasileirão vai contra o senso comum, que aponta para um
maior nível de competitividade de nossos clubes no mercado internacional. Sem
capacidade de investimentos em direitos econômicos, e com redução no número de
craques revelados, boa parte de nossos clubes tem optado por se desfazer de
jovens talentos (justamente os mais valorizados), e repatriar (ou importar)
veteranos. Em resumo, estamos trocando ativos de valor (jovens talentos) por
aumento dos gastos correntes (altos salários de veteranos com baixo valor de
mercado). No longo prazo, um péssimo negócio. Ao menos estamos conseguindo vender
mais caro hoje que no passado recente [...]”;
16) Em uma das passagens de “A
bola não entra por acaso”, livro de Ferran Soriano, vice-presidente do
Barcelona entre 2003 e 2008, o autor demonstra diversas vivências e episódios
que apoiaram a transformação do clube catalão na potência de futebol tecnicamente
bem jogado e de economia plenamente rentável que vemos atualmente:
“[...] Existe outra maneira de construir talento. Consiste em desenvolvê-lo.
Trata-se de recrutar meninos com potencial de crescimento futebolístico,
formá-los e treiná-los nas equipes inferiores. Neste caso, o custo é menor, e a
experiência demonstra que a porcentagem de êxito é muito mais alta. Uma das
primeiras análises que fizemos ao começar a administrar o clube em 2003 foi
calcular, com base nos dados dos últimos dez anos, quanto havia custado em
média cada jogador das divisões inferiores que tinha chegado à equipe
principal, somando todos os custos de formação de todas as equipes e
categorias, dividindo pelo número de jogadores que haviam chegado à equipe
principal: 2 milhões de euros por jogador. Um excelente negócio. [...]”;
Seguindo no campo das
hipóteses e especulações, até porque vivo fora do ambiente interno do
Internacional, o que pode limitar minha visão, há outros cinco pontos que gostaria de
destacar:
17) Luis Fabiano, experiente
atacante do São Paulo, é um jogador tecnicamente muito bom. Isso é provado.
Fato;
18) Uma suposta venda de Leandro Damião jamais
será tecnicamente suprida, de maneira plena, com os atletas que atualmente
poderiam vestir a camisa colorada em seu lugar, dentro da atual realidade do
clube. Luis Fabiano é um dos que mais próximo chegaria. Entretanto, alguns
pontos me preocupam;
19) Com base em tudo o que vimos
nos tópicos anteriores, Luis Fabiano poderia ser um reforço de bom nível, desde
que se comprometesse com os objetivos do clube e, principalmente, apenas se
fosse contratado sem custos, assinando seu contrato apenas pelo salário;
20) Pagar multa rescisória para
contratar Luis Fabiano neste momento seria um negócio arriscado, isso para não dizer
péssimo. Diante de todo o histórico acima apresentado, sou contrário ao clube
pagar para ter Luis Fabiano no elenco. Quem agradeceria esta negociação, mais
uma vez, seria o São Paulo.
O Tricolor do Morumbi não afirma
categoricamente, mas aparenta que a vontade é vender Luis Fabiano, assim como
conseguiu fazer talentosamente com Dagoberto. Não estou dizendo que Luis
Fabiano seria improdutivo no Internacional. Poderia ser muito útil, pois tem
talento. Entretanto, a negociação só seria boa, para o Internacional, se fosse
conduzida em outra situação, sem a existência do ônus dos custos pela rescisão.
21) Caso Luis Fabiano venha a
ser contratado com pagamento de multa rescisória: ou o atleta surpreenderia
positivamente nesta altura de sua carreira, repetindo tudo o que de melhor que
já produziu nos gramados, estando tecnicamente e fisicamente muito bem, fazendo
o time superar a ausência de Leandro Damião com a marcação de muitos gols e a
idolatria do torcedor, compensando plenamente o custo da aquisição;
Ou então Luis Fabiano
jogaria apenas razoavelmente bem, às vezes ficando apagado e omisso do jogo, o
que não serviria para substituir Leandro Damião em hipótese alguma, ainda mais
com o custo do pagamento da rescisão de contrato com o São Paulo. O que é mais
provável?
- 20% que dê plenamente certo;
- 40% que seja um útil arroz
com feijão, mas com custo de camarão;
- 40% que o clube tentará
revendê-lo, possivelmente para o Cruzeiro, após se arrepender da negociação.
Isso é apenas minha opinião.
O jogador que um dia vier a
substituir Leandro Damião, precisará fazer muito mais do que a expectativa nele
depositada, para superar dentro da hierarquia histórica do clube, tudo o que Damião,
maior camisa 9 revelado pelo Internacional nas últimas décadas, já fez e ainda
faz pelo seu time. Tudo resumido em um detalhado pensamento descrito em 21 tópicos que, tomara, representem a pontuação obtida pelo clube nas primeiras rodadas do certame nacional!
Saudações esportivas para
todos os leitores!