30 de agosto de 2007

AGRADECIMENTO - Ceará Grande do Sul

Ele é conhecido pelo nome da sua terra natal. De origem humilde, era um dos milhares de futebolistas brasileiros em busca de realização profissional. Com passagens por Portuguesa Santista, Santa Cruz-PE e Botafogo-SP, chegou ao Coritiba em 2003, onde brilhou sua estrela. Foi campeão paranaense. O primeiro título como profissional. Já no São Caetano, em 2004, conquistou o título paulista.

Então, com 25 anos de idade, surgiu a oportunidade de atuar em um grande clube brasileiro. O Internacional o contratou. Com dificuldades, ele trabalhou. Havia chegado em um clube que tinha muita qualidade para a posição. Élder Granja era o titular. Mas ele lutou. Exemplo profissional. Chegou em 2005 como uma aposta para a posição. Com seu futebol eficaz, conquistou a confiança dos companheiros, da diretoria e da torcida. Aos poucos, passou de um simples reserva mediano para uma das boas opções do treinador.

Já em 2006, na lesão de Élder, ele assumiu a camisa número 2. Muitos achavam que a substituição seria temporária. Foi uma substituição para a eternidade. A camisa 2 não será mais a mesma. Jamais. Na estréia do Inter na Libertadores 2006, um empate. Gol dele. Durante toda a competição, ajudou a fechar o lado direito da defesa. Era um monstro na defesa, junto com Índio, Eller e Edinho. Destruidor. Na decisão do título, mais uma vez ele apareceu. Ou melhor, quem apareceu foi o grupo. Mas o grupo vencedor é feito por individualidades. Cada um com sua característica. No plantel, ele era o amigo para o qual todos olhavam, quando estavam em uma situação difícil, e se animavam. Sabiam que aquele cara era um vitorioso e que deviam nele se espelhar para superar dificuldades.

No final do ano, marcou o melhor jogador do planeta na decisão da Copa do Mundo. Marcou como ninguém. Lealmente. Com eficácia. Seria como alguém entrar para a história por anular Pelé. Ou Maradona. Em menos de dois anos, deixou a camisa 13 vice-campeã brasileira para assumir a camisa 2 campeã mundial. Ele é um vencedor. Seu nome: Marcos Venâncio de Albuquerque. Ou simplesmente, Ceará.

Ceará Grande do Sul. Agradecimento eterno da torcida colorada. Sucesso em sua profissão e em sua vida. Muita saúde. E lembre-se: As portas do Beira-Rio estarão sempre abertas a profissionais gabaritados e vencedores. Isto é, a camisa 2 vermelha está esperando seu retorno em 2010, talvez, como campeão mundial de futebol com a seleção brasileira.

Força Ceará. Muita saúde, sucesso, títulos e felicidade em sua nova casa.

16 de agosto de 2007

16 de Agosto – Angústia, alívio e emoção

Hoje é 16 de Agosto de 2007. Duas horas da manhã. Há exato um ano, eu estava acordado. O time do meu coração tinha uma decisão de Libertadores e eu, como colorado, não poderia dormir. Não conseguiria, por mais sono que estivesse sentindo. Era necessário compartilhar meu sentimento com outros apaixonados torcedores, em debates na Internet. Precisava ler notícias, pois talvez encontrasse no website do São Paulo Futebol Clube ou da Conmebol alguma informação importante pré-decisão. É, nós torcedores viramos detetives, olheiros. Era como uma vigília em busca do troféu. Toda informação era importante. O sentimento era de que se eu descobrisse naquela noite qual seria a escalação do São Paulo, estaria ajudando o Inter. Até parece. Mas enfim, assim é o torcedor.

Após outra noite em claro, como vinha ocorrendo antes de cada jogo do Inter na Libertadores 2006, chegava o grande momento. Nada poderia dar errado. Beira-Rio, cinqüenta e tantos mil colorados. Inter e São Paulo. Decisão. Bastava o empate. Era só não perder. Passavam-se vinte e poucos minutos do segundo tempo e o gol de Tinga expressou os sentimentos de emoção, alívio e angústia. Revolta. Tudo isso em questão de dez ou quinze segundos. A expulsão do meio-campista colorado, após marcar o segundo gol colorado, contra um apenas do São Paulo, deu início aos vinte e tantos minutos mais longos da história do Inter. O que parecia tão simples, passou a ter contornos de um pesadelo que poderia se tornar realidade.

Tensão. Medo. Ataque do São Paulo. Chute errado. A zaga afasta. Novo ataque. São Paulo vem com força. Clemer orienta a defesa. Sai Sóbis. Entra Ediglê. Abel Braga aos gritos. Ataca o São Paulo. Clemer faz milagre. O Inter não consegue prender a bola no ataque. Manda-se o São Paulo. Só faltam seis minutos. Gol do São Paulo. Silêncio. A tensão vira pânico. Desespero. Vem à memória o Nacional de 1980. O Olímpia de 1989. Ataca o São Paulo. De novo o São Paulo. O tricolor do Morumbi comanda as ações. A zaga afasta. Volta o São Paulo. Só faltam dois minutos. Clemer de novo. Milagre.

Em uma bola dividida, é dado um balão pela defesa do Inter. A bola sobe e antes mesmo de cruzar a linha de fundo, em escanteio ou tiro de meta – nem lembro, o árbitro apita o final do jogo. As lágrimas, tantas outras vezes de tristeza, agora eram de alegria. Em 16 de Agosto de 2006, eu fui campeão da América. Há exato um ano, a emoção tomava conta da torcida. Enquanto isso, o vermelho tomava conta da América. Parabéns a todos nós, apaixonados torcedores. Parabéns Inter, há um ano, campeão da Libertadores.

Luciano Bonfoco Patussi – 16 de Agosto de 2007
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